Pedro Israel Novaes de Almeida – NOEL CANSADO
Papai Noel deve estar tomando alguns calmantes, como parte dos preparativos para mais uma vinda à terra.
Já conversou com as renas, pedindo que não se importem com o fato de serem chamadas de “veadinhos”. O bom velhinho sabe, há séculos, que o ambiente por aqui só faz piorar, ano após ano.
Com certeza será chamado de comunista, escravizador, ou direitista a serviço de interesses escusos do grande capital. Alguns dirão que os presentes não foram objeto de licitação, e alguma verba deve ter sido desviada, no céu.
O bom velhinho continua direcionando os presentes segundo o sexo de nascimento das crianças, mas entende e respeita a diversidade. Jamais vai aderir à tese, tão em voga, de que todos nascemos assexuados, e só experimentando todas as alternativas ocorrerá a tão esperada opção.
Os presídios, no natal de 2017, estarão lotados, com pessoas que juram haver cometido crimes sem violência . Alegam que só se entregaram aos prazeres e confortos do Caixa 2.
Todos, sem exceção, pediram para serem julgados por algum ministro benevolente, que persiga o esvaziamento dos presídios, colocando em liberdade criminosos engravatados. Alguns, mais realistas, pedem para cumprir a pena no sofrimento das mansões, portando tornezeleiras invisíveis.
Papai Noel não vai cruzar os céus da Coréia do Norte, para evitar que seja atingido pelo foguetório do presidente endeusado. Por lá, os presentes estão proibidos, e quem ousar pedi-los comete crime contra o regime. Da Venezuela, recebeu a garantia de livre trânsito, desde que cole, no trenó, a imagem do companheiro Chavez.
Muitos prefeitos imploraram para que o bom velhinho traga algum presente que ocupe, em tempo integral, as viúvas da administração passada. Inconformadas com os resultados das urnas, tentam boicotar os eleitos e, dizem, até forjar falsos testemunhos que ensejem a cassação política ou judicial de mandatos.
Outros prefeitos pedem que o bom velhinho, no retorno, leve junto alguns vereadores e profissionais de imprensa, formados ou não em jornalismo. Funcionários comissionados pedem a extinção dos horários de serviço, e fiquem livres da enfadonha e constrangedora análise de necessidade do cargo.
Produtores rurais fizeram o mais singelo dos pedidos: o respeito à propriedade e estruturas produtivas, que não foram roubadas. Temem que turbas adentrem os imóveis, com os discursos de sempre, e de lá não sejam logo retiradas.
Por todo o país, Noel receberá pedidos de atendimento nas estruturas de saúde, e até o regular recebimento de salários acabou sendo uma dádiva de natal. Idosos e quase idosos imploraram para que a aposentadoria ocorra ainda em vida.
Cientistas sociais garantem que o bom velhinho dificilmente retornará à terra, após o natal de 2017. Passou séculos recebendo pedidos singelos, e agora recebe clamores desesperados e até violentos, como a extinção dos corruptos, coniventes, propagandistas e até protetores de bandidos.
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.