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Pedro Novaes: 'Novos e Velhos'

Pedro Israel Novaes de Almeida  – NOVOS E VELHOS

O diálogo entre gerações sempre foi conturbado.

As diferenças, gritantes, principiam pela inovação tecnológica. Enquanto poucos conseguem entender e manejar algo além do radinho de pilhas e TV com tubo, as novas gerações, ainda na infância, transitam com desenvoltura por entre computadores e outros aparelhos eletrônicos.

Mecânicos, vindo de um tempo em que um araminho, bem manejado, restituía a funcionalidade do veículo, estranham a breve vida dos componentes, agora simplesmente substituídos. Até a força do aperto de peças, outrora intuitivo, passou a ser monitorada por equipamentos modernos.

Topógrafos e engenheiros, que outrora arrastavam cordas e suavam o cérebro para elucidar metragens e ângulos, agora contam com medidores eletrônicos, quase infalíveis. Lixeiros, antigamente vertedores do conteúdo de fétidas latas, hoje recolhem sacos plásticos, na maioria dos domicílios.

Médicos generalistas diagnosticavam sem o apoio de sofisticados exames, e salvavam vidas. Agora, os exames são relatados com sugestão de diagnóstico, permitindo a completa visão e entendimento das mínimas ocorrências no corpo humano.

As diferenças tecnológicas podem causar algum estranhamento, mas não opõem gerações. As desavenças, cada vez maiores, decorrem do constante atrito entre costumes, valores e tradições.

As novas gerações aceitam com naturalidade as posturas LGBTs, mas não possuem o direito de exigir, de pais e avós, semelhante complacência. Podem, no máximo, exigirem respeito humano e não agressão.

É normal que uma avó fique contrariada, ao ver a neta, de 12 anos, colocar um piercing na língua e outro no olho, ou o neto, de igual idade, tatuar no peito a imagem de algum criminoso histórico. O respeito deve ser recíproco, mas a avó tem o direito de ser eternamente indignada.

As antigas gerações aprenderam a julgar naturais o tabagismo e a ingestão rotineira de álcool, mas, com algum cinismo e acerto científico, condenam o uso de drogas. Reside nas drogas o ponto de maior discordância entre as gerações.

Gerações anteriores, em que pesem episódios naturais de selvageria humana, era mais respeitosa, especialmente no trato com servidores da educação. Em regra, bastava ter idade superior para merecer um acréscimo de respeito.

No campo das artes, alegam os antigos que as músicas de outrora possuíam belas letras, e ritmos que embalavam. Para a maioria dos antigos, as obras atuais, muitas, não vão além de estridências e cultos à libertinagem.

As novas gerações cultivam o maior respeito à natureza e às diferenças entre humanos, levando as antigas gerações a novas e saudáveis posturas. Contudo, falta-lhes o maior respeito a crenças, posturas e valores dos mais idosos.

As gerações podem conviver em paz, se pautadas por um mínimo de civilidade e respeito humano.

pedroinovaes@uol.com.br 

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

 

 

Helio Rubens
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