novembro 22, 2024
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As várias faces da Capoeira! 3ª parte: os grandes mestres da capoeira: Mestre Bimba

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“Segundo Capoeira (2006, p.50) Bimba era um lutador renomado e temido. Ganhou o apelido de ‘Três Pancadas’ porque, segundo se dizia, era o máximo que seus adversários aguentavam.”

 

Matérias já publicadas sobre a série ‘As várias faces da Capoeira’:

(http://www.jornalrol.com.br/luta-danca-ginga-toque-e-floreios-as-varias-faces-da-capoeira-1a-parte-origem-da-capoeira/)

(http://www.jornalrol.com.br/as-varias-faces-da-capoeira-2a-parte-luta-musica-cancoes-toques-ginga-e-floreios/)

(http://www.jornalrol.com.br/as-varias-faces-da-capoeira-3a-parte-os-grandes-mestres-da-capoeira-mestre-besouro-manganga/)

(www.jornalrol.com.br/as-varias-faces-da-capoeira-3a-parte-os-grandes-mestres-da-capoeira-mestre-cobrinha-verde/)

 

MESTRE BIMBA

1. Introdução

 Manoel dos Reis Machado (1900-1974), Mestre fundador da capoeira regional. Destacou-se pelos serviços comunitários e sociais que executou, principalmente com crianças e adolescentes. Instituiu o núcleo de documentação, com mais de 5000 títulos sobre capoeira e assuntos relacionados.

Bimba é “O grande rei negro do misterioso rito africano, símbolo de resistência afrodescendente no Brasil.”

2. Herança de Mestre Bimba

Mestre Bimba – Manoel dos Reis Machado – nasceu em Salvador em 23 de novembro de 1900, no bairro de Engenho Velho de Brotas, em Salvador, Bahia e recebeu o seu apelido devido a uma aposta feita entre a parteira e a sua mãe: a mãe dizia que seria uma menina e a parteira, convicta pelo seu conhecimento, dizia ser macho. Na hora do nascimento, surgiu a expressão: “GANHEI A APOSTA O CABRA TEM BIMBA E CACHO”! O apelido já nasceu com ele. Foi iniciado na capoeira aos doze anos de idade por um africano – Bentinho -, capitão da Cia. Baiana de Navegação, no que é hoje o bairro da Liberdade.

Sodré (1991, apud Campos 2001) refere-se ao Mestre dizendo: “foi uma das últimas grandes figuras do que se poderia chamar de ciclo heroico dos negros da Bahia”. Segundo Capoeira (2006, p.50) Bimba era um lutador renomado e temido. Ganhou o apelido de “Três Pancadas” porque, segundo se dizia, era o máximo que seus adversários aguentavam.

Bimba ainda praticante de capoeira começou a ensinar em 1918, sendo seus alunos negros e mulatos das classes populares. Mas apesar da pouca idade (18 anos), possuía alunos também de classes privilegiada, como o Desembargador Décio dos Santos SEABRA, da família do ex-governador SEABRA ; Dr. Joaquim de Araújo Lima , jornalista (Imparcial e Nova Era) e mais tarde governador de Guaporé. Para estes e outros, as aulas eram particulares nos quintais e varandas de suas casas.

Mestre Bimba era um dos capoeiristas mais conceituados de sua época, pois, era muito carismático, excelente lutador e temido por alguns, pois em inúmeros desafios e combates públicos, havia sido derrotado. Mesmo sendo um “cantador” e percussionista admirável, era discriminado por grande parte dos artistas e intelectuais de Salvador (por ter criado a Capoeira Regional), porém era muito venerado por seus alunos.

Aos 29 anos de idade, o próprio Mestre Bimba contava: “Em 1928, eu criei, completa, a Regional, que é o batuque misturado com a Angola, com mais golpes, uma verdadeira luta, boa para o físico e para a mente”. Assim nasceu a Capoeira Regional Baiana.

Na década de 1930, Getúlio Vargas tomou o poder e, procurando apoio popular para a sua política, que incluía a “retórica do corpo”, permitiu a prática (vigiada) da capoeira: somente em recintos fechados e com alvará da polícia. Mestre Bimba aproveitou a brecha e abriu à primeira “academia”, dando inicio a um novo período – o das academias – após o período de escravidão e de marginalidade (Capoeira 2006, p.51) Recebeu do inspetor técnico de Ensino Secundário profissional, o titulo de registro “que lhe requereu o Sr. Manoel dos Reis Machado, diretor do curso de Educação Física, sito à Rua Bananal, quatro.

Bimba, ao decorrer dos anos e de sua experiência foi moldando a capoeira de ataque e defesa usada por desordeiros e pessoas de classes mais humildes, numa luta com método de ensino próprio, tornando-a um verdadeiro curso de Educação Física e criando rituais como: Batizado, Formatura e Especialização, seguindo padrões sociais e acadêmicos, pela própria nomenclatura.

Nos anos seguintes, Bimba teve grande sucesso. Em 1949, foi a São Paulo com seus alunos e realizou uma série de lutas com lutadores de outras modalidades. Em 1953, fez uma apresentação para Getúlio Vargas e recebeu o abraço do presidente, que afirmou que “a capoeira é o único esporte verdadeiramente nacional”.

 Antes de ir para Goiânia, Bimba formou sua última turma, uma formatura muito comentada chamada ‘formatura do adeus’, depois deste evento ele deixou a Bahia dizendo ‘Não voltarei, mas aqui, nunca fui lembrado pelos poderes públicos; se não gozar nada em Goiânia, vou gozar do cemitério. ‘ Depois que ele se foi veio a Salvador apenas duas vezes e dizendo que estava tudo bem, mas dona Nair nos disse ‘ele foi enganado. Não volta porque é orgulhoso’. Em 05 de fevereiro de 1974 um ano depois que deixou a Bahia, morria o mestre Bimba e foi enterrado em Goiânia. Transladar os restos mortais de Goiânia para Salvador foi difícil, os seus alunos achavam que o lugar dele era Bahia “ídolo não se pertence, pertence ao seu Público”

Bimba obteve grande luta contra as autoridades, porém não uma luta de carne ou sangue, mas de dignidade e respeito à capoeira e aos capoeiristas, sendo assim nos deixou de herança:

A sobrevivência da Capoeira; A liberdade da Capoeira; A profissionalização da Capoeira; A metodologia da Capoeira; O respeito da sociedade pela a capoeira;

Além disso, Mestre Bimba também conseguiu que ficasse evidente, através de sua própria vida, o desrespeito e o descaso das autoridades pela nossa cultura.

 

REGRAS DA CAPOEIRA REGIONAL DO MESTRE BIMBA
Um sistema de ensino com rigor pedagógico: método de ensino, lições, avaliações, turma de alunos, aulas e rodas em dias e horários definidos, livros de matrícula, controle de mensalidade, apostilas. Na Academia havia um quadro contendo um regulamento com nove itens, envolvendo aspectos técnicos e disciplinares:

1. Deixe de fumar. Proibido fumar durante os treinos.

2. Deixe de beber. O uso do álcool prejudica o metabolismo muscular.

3. Evite demonstrar aos seus amigos de fora da “roda” de capoeira seus progressos. Lembre-se de que a surpresa é a melhor aliada numa luta.

4. Evite conversa durante o treino. Voce esta pagando o tempo que esta na academia, e observando os outros lutadores, aprenderá mais.

5. Procure gingar sempre.

6. Pratique diariamente os exercicios fundamentais.

7. Não tenha medo de se aproximar do oponente. Quanto mais proximo se mantiver, melhor aprendera.

8. Conserve o corpo relaxado.

9. Melhor apanhar na roda do que na rua. Quem foi aluno de Mestre Bimba, lembra-se do rigor no cumprimento dos horarios.

TOQUES DA CAPOEIRA REGIONAL
São Bento Grande:
Um Jogo forte, rápido mais para violênçia que para exibicionismo,mas sem perder a malícia.

Banguela:
É um toque usado para jogo calmo e sem contato físico, usando assim o máximo de movimentação possível. Mestre Bimba tocava quando o jogo estava muito violento.

Iuna:

É um toque para formado acima, é onde o Capoeirista demonstra sua técnica no jogo da Capoeira “jogo de mestre”.

Idalina:

Toque para um jogo combinado jogo alto e solto ou cintura desprezada “Balões e quedas”.

Cavalaria:

Este toque era usado no tempo em que a Capoeira ainda era proibida, era usado para avisar que a Polícia estava se apróximando.

Amazonas:
É uma criação do mestre Bimba, dificílimo de acompanhar, tal a riqueza de rítmos a sutileza das variações melódicas, poucos Capoeiristas conseguiam obedecer aos seus comandos.

Santa Maria:
Toque simples, porém rápido, permite jogo solto e alto com floreio.

Na Roda de Mestre Bimba se usava um berimbau e dois pandeiros.

INSTRUMENTOS
O negro escravo disfarçava os seus exercicios físicos de agilidade valendo-se da musica. Eram chulas acompanhadas de palmas ritmadas cantadas por todos partcipantes bem como assistentes. Foi assim que a musica foi incorporada na Capoeira.

A roda oficial da Brasil Capoeira usamos 3 Berimbaus (gunga, médio, viola), 2 pandeiro e 1 atabaque. Os berimbaus ficam no centro do ritmo, ladeados pelos pandeiros e atabaque.

Os instrumentos utilizados na Capoeira, tem como procedencia, as mais diversas. Os mais utilizados hoje em dia são:

Berimbau

Origem africano. Um arco de madeira especifica, ligado pelas duas pontas por um fio de aço 20 (de pneu de automovel), pois o fio de arame rompe muito rápido e não dão som desejado.
Numa das pontas ha uma cabaça (Cucurbita Lagenaria, Linneu) que não deve ser usada de modo algum verde, quanto mais seca melhor. E a parte inferior, dois furos, por onde deve passar um cordão para liga-lo ao arco de madeira e fio de aço.

Toma-se o dobrão (moeda antiga, pedra ou arruela), uma baqueta (vareta de 25 a 30cm), um caxixi e o instrumento esta pronto para ser tocado.
Como o tocador faz movimentos aproximando-o e afastando-o da barriga, vem a designação de berimbau de barriga. No Brasil ele é conhecido por: berimbau, urucungo, orucungo, oricungo, uricungo, rucungo, berimbau de barriga, gobo, marimbau, bucumbumba, gunga, macungo, matungo e rucumbo. Em Cuba é chamado de sambi, pandigurao, gorokikamo e burumbumba.

Os berimbaus classificam-se quanto ao som que emitem em:
Viola – Som agudo
Médio – Som médio
Gunga – Som grave

Pandeiro

No Brasil, o pandeiro entrou por via portuguesa (origem provavel é hindu). O negro aproveitou o pandeiro para utiliza-lo em seus folguedos. O pandeiro fez parte da primeira procissão que se realizou no Brasil, em 13 de junho de 1549 na Bahia (Corpus Christi).

Atabaque

De origem arabe, este instrumento de percussão foi introduzido no Brasil, também pelos portugueses, apesar do mesmo já ser conhecido pelos africanos.

 

Caxixi

O caxixi é um pequeno chocalho feito de palha trançada com base de cabaça, cortada em forma circular e a parte superior reta, terminando com uma alça da mesma palha, para se apoiar os dedos durante o toque. No interior do caxixi sementes secas ou pequenos grãos, que ao se sacudir dão som característico.

CANTOS
Quadra
Foi muito utilizada pelo Mestre Bimba, ela identifica a Capoeira Regional, é cantada no toque mais ràpido. A quadra, como o proprio nome diz, é cantada em 4 versos, feitos de forma rimada, com um fecho sobre o tema abordado. Na quadra não se joga. Termina sempre com o canto da saudação.

Corrido ou Chula
Cantada de forma breve com resposta imediata do coral.

 

Fontes de pesquisa:

CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: pequeno Manual do Jogador. 8ªed.- Rio de Janeiro: Record, 2006.

CAMPOS, Hélio. Capoeira na Universidade: uma trajetória de resistência. – Salvador: SCT, EDUFBA, 2001.

http://www.efdeportes.com/efd133/mestre-bimba-o-fundador-e-rei-da-capoeira-regional.htm

http://www.brasilcapoeira.com/sites_p/historia-3_p.htm

http://br.geocities.com/cccssa2000/sejabemvindo/bimba.html acessado em 08/05/2009, 14:30.

http://www.filhosdebimbasp.com.br, acessado em 08/05/2009, 14:35.

Sergio Diniz da Costa
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