Célio Pezza: # Crônica nº 380: ‘Lúcifer’
“Todo ano, durante o sábado da Vigília Pascal, existe uma cerimônia presidida pelo papa no Vaticano, onde é cantado o canto litúrgico Exsultet, que exalta a figura de Lúcifer como sendo o astro da manhã, aquele que traz a luz para a Terra.”
Primeiramente é importante entendermos que Lúcifer nada tem a ver com a ideia do demônio cristão. Existe muita confusão entre Satanás, Diabo e Lúcifer, mas um não tem nada a ver com o outro. Satanás seria o adversário, um ser hostil; o Diabo seria o acusador ou caluniador e Lúcifer seria o Portador da Luz, ligado ao mito grego de Prometeu, o Titan que roubou o fogo sagrado dos deuses do Olimpo para dar aos homens. Ele está associado a conceitos de liberdade, livre arbítrio, conhecimento e evolução.
Algumas das lendas contam que ele teria sido o criador dos seres humanos, e por isso ele tomou tal atitude a favor da humanidade. Por causa desse roubo, ele foi castigado pelos deuses e condenado a ficar acorrentado no monte Cáucaso durante 30.000 anos, onde todo dia vinha uma águia para comer seu fígado. No dia seguinte ele se recuperava, para que a águia voltasse a comê-lo novamente. No final, ele foi libertado de seu sofrimento, pois o centauro Quíron, também imortal, deixou-se acorrentar em seu lugar. Devido a esse ato bondoso, os deuses concederam a morte ao centauro.
Todo ano, durante o sábado da Vigília Pascal, existe uma cerimônia presidida pelo papa no Vaticano, onde é cantado o canto litúrgico Exsultet, que exalta a figura de Lúcifer como sendo o astro da manhã, aquele que traz a luz para a Terra. Também o Vaticano tem no Monte Graham, no Arizona-EUA, um dos melhores observatórios astronômicos do mundo, comandado pelos jesuítas, onde seu maior telescópio é carinhosamente chamado de Lúcifer pelos próprios jesuítas.
Quando assistimos à cerimônia de acender a tocha olímpica no início e apagá-la no final dos jogos olímpicos, poucos sabem do significado oculto dessa tocha. Ela representa o mito de Prometeu, a capacidade do Homem se superar e se aproximar dos deuses.
A Estátua da Liberdade com uma tocha na mão é também um grande símbolo dessa filosofia. As procissões com tochas e velas também representam o mito de Prometeu e Lúcifer. Enfim, o importante é deixar claro que Lúcifer não é um demônio. Ao trazer a Luz para a humanidade, da mesma forma que Prometeu trouxe o fogo sagrado, permitiu aos seres humanos a ascensão para a divindade por meio do próprio homem, através da Liberdade, Conhecimento e Vontade própria.
Célio Pezza – escritor@celiopezza.com
Junho, 2018
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024