Caique Ferraz, de 15 anos, é afilhado do escritor e, desde os 10 anos de idade, ilustrador dos livros do padrinho
Conforme você me pediu para responder, aqui vou eu…
1) O que é a Literatura para você?
É a possibilidade de materializar a imaginação e a criatividade em palavras. Pela linguagem escrita, a Literatura se eterniza. Mas, a tradição oral também participa da eternidade literária à medida que as histórias, “causos”, costumes, crenças e tradições são passados de geração à geração.
2) Qual é o papel da Literatura na formação da criança?
Literatura e criança têm uma relação fortíssima, seja pela criatividade e pela imaginação, seja pelo desejo de concretizar os sonhos, as esperanças, as ideias e os ideais. Mesmo em crianças pequeninas tudo isso já existe, ainda que elas não tenham plena consciência do que sentem, vivem e convivem. Então, se há esse vínculo fortíssimo entre Literatura – imaginação – criatividade e criança, e há, oferecer à formação dos pequenos a riqueza literária de tantos povos pelo mundo em diversos períodos históricos é mais do que uma necessidade. Digo que é uma vitalidade (necessidade da vida), porque a criança transforma-se em verdadeira produtora e promotora da vida humana pela linguagem escrita.
3) Você acha que a Literatura desperta o gosto pela leitura?
Tenho certeza absoluta dessa pergunta transformada em afirmação. Atualmente, desenvolvo Caravanas Literárias por escolas públicas municipais e estaduais, desde a creche até o ensino médio. Quando apresento o projeto “O escritor em todos os cantos” digo que a Caravana Literária tem por objetivo: incentivar, apoiar e valorizar a escrita e a leitura pela Literatura. Comigo foi assim que aconteceu: graças à Literatura desenvolvi o gosto pela escrita, pela leitura e por estudar.
4) Onde conheceu a Literatura?
Antes de entrar para a escola. Via revistas, para adultos mesmo, e embora não soubesse ler, observava os desenhos. Assim, inventava histórias, criava enredos e brincava muito! Mas na escola, tudo aquilo foi potencializado, isto é, aumentado. O acesso aos livros, às histórias e à possibilidade de escrever o que inventava me transformou. Descobri a Literatura e me senti descoberto por Ela. Os desenhos animados na minha infância também me ajudaram a conhecer a Literatura e, particularmente, o Sítio do Pica-pau Amarelo, de Monteiro Lobato.
5) Como despertar o gosto pela leitura?
Ter acesso a livros! Mais do que mostrar para a criança e para o adolescente, é preciso demonstrar: ler e escrever. Se a pessoa não tem em sua casa modelos a seguir, ela vai em busca de outros modelos em outros lugares. Também é necessário escrever. Quem lê, deve escrever, ainda que seja o que sentiu do que leu. Leitor e escritor estão tão unidos que não podem ser separados. Quando digo de escritor, não quero dizer que a pessoa deva ter livros publicados, obrigatoriamente. Até pode acontecer, mas importa é escrever as próprias impressões e sentimentos daquilo que leu. Para nadar é preciso nadar, tomando todos os cuidados, é claro! Para ler é preciso ler e escrever. Um bom exercício que desenvolve o gosto pela leitura é este: depois de ler o texto, fazer a reescrita com as próprias palavras: leio e reescrevo a partir de mim, do meu jeito, com as minhas palavras, com aquilo que já sei e vivi. Podem aparecer pérolas e se descobrir como alguém que também escreve como o(a) autor(a) daquele livro. Comigo deu certo!
6) O que você mais gosta na Literatura?
De aventura e romance. Gosto de finais felizes, de imaginação, magia e muita criatividade! Gosto de palavras criadas, ambientes inusitados e diferentes. Tenho dificuldade com o terror por causa do nojo que me causa. Mas estou pensando em escrever a respeito a partir de uma outra visão, daquilo que dá tudo errado. Em breve deve sair alguma coisa nessa linha.
7) Como leitor, filósofo, pedagogo, supervisor de ensino e como escritor de livros, a Literatura te ajudou de alguma forma com teus livros ou vida pessoal?
Em Angatuba, minha terra natal, as pessoas dizem: “por demais”. Então, é assim que respondo: ajudou POR DEMAIS! Faço questão de dizer que a Filosofia foi e é a minha primeira paixão. Mas, quando fui para a universidade continuar estudos, senti que eu precisava me adequar ao que se exigia lá. Fiquei com aquele sentimento de estar “preso”. A Pedagogia, que é outra área de minha formação e que muito me atrai, abriu-me muitas portas, mas a rotina e os horários são extensos e me cansam! A Teologia, que também é área de minha formação e que me abriu a mente para outras compreensões a respeito das relações entre a criatura e o Criador, também me segurou através dos dogmas das instituições religiosas. O que quero dizer com isso? Foi na Literatura que me encontrei, não só por gostar e por tudo o que Ela me oferece, mas porque, Nela, posso unir todas as outras áreas de minha formação. Então, respondo: a Literatura me ajuda muito na vida profissional, na vida pessoal e na vida de relações com as pessoas, especialmente, com crianças e jovens. Em relação aos livros, sim, a Literatura me possibilita total liberdade para escrever!
8) Tem algum livro que deseja recomendar? Pode até mesmo ser seus livros.
Quero recomendar para leitura, os livros:
- “O Carvalho”, de Jorge Facury.
- “Onde moram os tatus”, de Ivan Camargo.
- “Entre o sereno e os teares”, de Carlos Carvalho Cavalheiro.
- “O Pastor”, de Frederick Forsyth.
De minha autoria, recomendo:
– “Entr&Nós 1: crianças brasileiras com filósofos gregos da antiguidade”.
– “As luzes de Laura”.
– “O padre que comia alface”.
– “Catulino Capilé”.
– “Votorantim: Cascata Branca em Cachos de Água Doce”.
– “Deuses na Taverna”.
– “Porque não fui padre!”.
9) Que gênero narrativo você mais usa?
Uso mais os gêneros narrativos: Crônica e Conto.
10) Tem algum recado para quem gosta da Literatura ou para se interessarem?
Tenho sim! Para gostar ou para quem já gosta, escreva a própria história. Faça uma autobiografia. Falar de sim, mesmo sem apresentar às pessoas, ao menos, num primeiro momento, é uma ótima forma de se aproximar da Literatura, de divulgá-La e de se valorizar graças a Ela.
Literatura vem da palavra latina litterae (pronúncia: lítere), que quer dizer: letras, então, desejo à turma toda que a vida seja, sempre, cheia de boas letras, começando por aquelas que retratam as próprias experiências e depois, que retratem muitas outras vidas e experiências, repletas de imaginação e criatividade. É o que desejo a todos!
(Obs: podemos agendar uma conversa com a sua turma, na escola. Que tal?)
ÉLCIO MÁRIO PINTO – elcioescritor@gmail.com
25/08/2018
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024