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O ROL continua crescendo em qualidade: no time de colunistas, Andreia Cristina de Souza!

Classificada em 1º lugar no 1º Concurso Literário de Crônicas ASPAMS 2018, a professora  e pedagoga Andreia Cristina de Souza é a mais nova colunista do ROL 

Andreia Cristina de Souza foi uma das concorrentes do 1º Concurso de Crônicas, promovido pela ASPAMS – Associação dos Professores da Rede Municipal de Sorocaba, classificando-se em 1º lugar (http://www.jornalrol.com.br/baile-de-mascaras-e-homenagem-aos-professores-marcam-o-final-do-1o-concurso-literario-de-cronicas-aspams-2018/).

Andreia Cristina, ao falar um pouco de si, diz que sempre se dedicou aos estudos, do ensino fundamental no SESI ao magistério na OSE, onde começou a escrever algumas poesias, formando-se com muito orgulho e vivendo  excelentes anos em sua vida. Após a formatura, começou a trabalhar no comércio como vendedora e operadora de telemarketing; fez alguns cursos na área da saúde, no entanto,  não se sentia feliz, porque não era o que queria. Trabalhou como eventual do estado e em cidades como Iperó, Piedade e Votorantim por alguns anos.

É pedagoga desde 2010 e efetiva na rede municipal de Sorocaba desde 2011, onde trabalhou no Projeto Oficina do Saber e recuperação paralela, desde então. Em 2012, ingressou na EM ‘Tereza Ciambelli Gianini’, no bairro Nova Sorocaba,  onde está, atualmente.

É pós-graduada em práticas de alfabetização e letramento pela UFSJ, arte e educação pela Facespi e, até junho de 2019, concluirá educação empreendedora, também pela UFSJ.  

Afirma gostar muito do que faz e, se hoje é essa pessoa do bem, agradece a Deus primeiramente, à sua família, que está sempre ao seu lado e à filha Isabelly, a quem ama tanto, sendo a razão do seu viver.

Como primeira colaboração, Andreia Cristina apresenta a crônica “Os livros de Paulo’:

 

Os livros de Paulo

Chamava-se Paulo, morador de rua, destino de muitos, desejo de poucos. Tinha por volta de 25 anos na época, era alto, esbelto, tinha olhos amendoados, cabelos castanhos e encaracolados e nenhum sinal de barba ou bigode.

Sempre muito respeitoso, cumprimentava as pessoas sempre com um bom dia, boa tarde ou boa noite, mas nunca acompanhado de um sorriso.

Não foi concedida a ele sorte nesta vida, mas, mesmo assim, nunca pedia nada. Jamais era encontrado em semáforos ou pelas ruas do bairro, mendigando. Trazia consigo sempre um livro, e eram muitos, pois sempre que me encontrava me ofertava um de título diferente. Suas palavras eram sempre as mesmas: “__ Senhorita, sei que você gosta muito de ler, então, trouxe este livro para a senhorita.”

Senhorita, esta era a maneira com a qual se dirigia a mim. Não sei, até hoje, se sabia meu nome ou como descobriu meu gosto pela leitura. Seu respeito por mim era tanto que evitava olhar para meus olhos e, quando conversávamos, sempre desviava o olhar. Eu agradecia-o sempre pela lembrança, e minha mãe o agraciava com um pedaço de bolo, café ou outras coisas que tivesse na geladeira.

Ele era culto. Conversava com as pessoas sobre assuntos diversos, fossem eles futebol, política, arte… e nunca deixou de interagir com as pessoas.

Tantas vezes encontrei-o passando de um canto a outro do bairro. Via-o apertar as campainhas de algumas casas, mas não pedia nada. Dizia somente: “__ Trouxe isso para você! Espero que goste…”

As pessoas sempre devolviam o agrado ofertado por ele, muitas vezes, com um alimento, roupas ou calçados. No entanto, a vida de Paulo não era fácil. Vez ou outra aparecia com o rosto e corpo machucados. As marcas em sua face eram de um sofrimento que transpassava para alma. Seus olhos eram tristes e demonstravam seu descontentamento pela vida que agora vivia.

Sua verdadeira origem ninguém nunca soube, pois era perceptível que não gostava de falar a respeito, embora perguntássemos em várias oportunidades. Por seu jeito de se portar, não parecia ser de origem humilde.

Os livros que Paulo me presenteava eu li, um a um, com muito carinho. Curiosa, procurei saber se outras pessoas também recebiam livros dele, mas todas as respostas foram negativas. Eu era a única!

Não sei por qual motivo fui a escolhida por ele, mas sinto-me lisonjeada, pois até hoje a leitura faz parte de minha vida, e ele foi um dos responsáveis por isso!

Nesses últimos dez anos nunca mais ouvi comentário algum sobre ele. Se voltou para sua família, se é que tinha uma, ou teve um fim triste, comum aos moradores de rua.

Eu prefiro acreditar que ele está por aí, distribuindo seus livros e incentivando outras pessoas à leitura, assim como fez comigo. Deixo nessas linhas meus sinceros agradecimentos a essa pessoa que, embora distante, sempre fará parte de minha trajetória… um homem chamado Paulo….

Sergio Diniz da Costa
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