Pedro Israel Novaes de Almeida: ‘Fim de ano’
O fim de ano, como sempre, trará consigo os votos e esperanças que há anos experimentamos.
Emagrecer, acertar a loteria, abandonar o tabagismo e conseguir agendar aquela cirurgia eletiva, pelo SUS, figuram dentre a maioria dos pedidos. A crise que experimentamos, contudo, faz parecer egoísta qualquer pedido de cunho individual.
Sofremos a chaga social do desemprego, com milhões de brasileiros que sequer conseguem uma simples oportunidade de trabalho. São pais, mães e filhos que engrossam quilométricas filas, implorando por um lugar ao sol.
Sofremos uma séria crise de insegurança, e somos, diariamente, bombardeados por relatos escabrosos de barbárie humana. Aguardar a passagem de um ônibus passou a ser atividade de risco, e conversas na vizinhança, ao ar livre, chamamento para assaltos.
A própria estabilidade do serviço público é diariamente abalada, e diversos estados já não conseguem cumprir a pontualidade no pagamento de salários. A queda de receitas faz imperiosa a diminuição do montante da despesa com pessoal.
A certeza da aposentadoria diminui a cada dia, e, cínica e demagogicamente, figuras de destaque na vida pública propalam não ser necessária a reforma da previdência. Em todo o mundo, a previdência tem sido reformada, tão mais drasticamente quanto mais adiada.
Pacientes imploram por atendimento nos estabelecimentos públicos, como se o direito à saúde e ao socorro fossem meras frescuras de algum legislador nada realista. Crianças nascem em viaturas, e operações são desmarcadas até pela falta de fios de sutura.
O país precisa voltar a crescer, gerando produtos, empregos, impostos e bem estar social. O crescimento não é produto de decreto ou mero chamamento público.
Sem segurança jurídica e confiança, poucos investem ou persistem operosos, e segue aumentada nossa crise. A desigualdade social, em épocas de crise, torna-se cada vez maior.
Triste é reconhecer que todo nosso martírio tem origem na corrupção, incompetência e posturas irresponsáveis e criminosas de mandatários, alguns ainda livres e reeleitos. Somos vítimas de nossas escolhas, e sequer podemos alegar contextos internacionais como motivos para nossa crise.
Iniciando um novo ano, resta torcer e colaborar para que os acenos de moralidade pública sejam exitosos, e continuarmos a dar um basta aos arautos do desastre, já saudosos do tempo em que manipulavam a coisa pública como se fosse própria.
Os brasileiros sedentos por mudanças já são maioria, e se algum novo tempo for vislumbrado, as minorias continuarão respeitadas, mas cada vez mais desacreditadas e incapazes de turvar soluções duradouras.
Assim como outros povos, seremos amadurecidos pelas crises. O fundo do poço, enfim próximo, fará de nós artífices de nosso próprio futuro.
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024