RAÇÃO HUMANA
A crise brasileira vem criando condições para que expectativas de mercado, há tempos intuídas, tornem-se reais.
O mercado de comidas prontas, industrializadas ou não, pode ofertar alimentos a custos menores que os arcados pela produção isolada, em cada domicílio. A economia permitida pela aquisição de maiores quantidades, a versatilidade dos cardápios e a maior eficiência da mão de obra garantem aos consumidores os benefícios da produção em escala.
Idosos, solteiros e casais sem filhos já descobriram o conforto da aquisição de comidas congeladas, contando com cardápios diariamente selecionados. Médicos recomendam, a idosos solitários, a ida diária a estabelecimentos comerciais, evitando o isolamento social que tende a pontuar tal estrato.
É crescente o vai e vem de motos, entregando marmitas prontas, com pagamento semanal ou mensal. Restaurantes oferecem opções de pratos feitos e comida a quilo, além das tradicionais “quentinhas”.
Houve uma generalizada diminuição dos preços, pela menor demanda gerada pela crise. Pizzas e custos de entrega começam a espelhar a nova realidade.
A oferta de alimentos prontos, a custos menores, tem como base a utilização de ingredientes da época, capitaneados pela sagrada combinação de linguiça, carne de panela e frango, além de massas. A maioria dos produtores de comidas prontas opera na informalidade, obrigando consumidores a relações de confiança pessoal.
A crise vem modificando os hábitos das famílias. Outrora, e até hoje, é comum a pregação: “Dai pão a quem tem fome e fome de justiça a quem tem pão”, no início das refeições.
A tradicional sopa, costumeiramente servida na janta, persiste em muitas residências, aproveitando ingredientes que, isoladamente, pouco brilhavam. Dentre os povos pobres, o Brasil é o que menos aproveita as virtudes das sopas.
Alimentos prontos facilitam a acesso a dietas especiais, só não servindo para substituir churrascos, cujo maior mérito é o ambiente ao redor das churrasqueiras. A utilização de alimentos prontos aumenta a responsabilidade pelo conteúdo do café da manhã, além do fornecimento de frutas e outros componentes, indisponíveis nas marmitas e congelados.
Aos poucos, a humanidade segue racionalizando procedimentos e impondo realidades ao mercado, disponibilizando maior tempo a atividades profissionais, cada vez mais necessárias.
Embora ainda envolta em preconceitos os mais diversos, a ração humana começa a despontar como alternativa válida e segura, perfeitamente balanceada e higiênica. Ainda chegaremos lá !
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.