Um vírus resgatando o passado?
Recentemente, recebi um e-meio* da amiga, poetisa e colunista do Jornal Cultural ROL Elza Francisco, com o seguinte teor:
“Oi, Sergio, boa tarde!
Espero que você esteja bem, apesar do momento difícil. Estou aqui presa na quarentena, que parece será eterna.
Viajei para o Sul, visita aos meus netos e meu filho. Voltei no dia 18, passando por SP. Fiquei muito preocupada, mesmo tomando todos os cuidados. Penso que não fui picada pelo bichinho destruidor.
Estou com o Guto, meu filho do meio, o artista plástico, que veio para ficar comigo nesse período difícil. Ele mora em Ubatuba e lá a situação está muito grave. Muitos turistas estrangeiros passam por ali. Agora… temos mar e não temos praia. Tudo mudou muito de repente. Nada será igual…
Espero que seja um mundo melhor a nos aguardar.
Envio texto para o ROL.
Grande abraço. Gratidão sempre. Fique com Deus.”
Elza Francisco
Como resposta, fiz as seguintes colocações:
Bom dia, Elza!
Como todo mundo aqui também estamos confinados.
Esta pandemia parece que tem por objetivo unir os membros das famílias, numa tentativa de resgatar o passado sem TV e internet.
Todavia, nem forno a lenha temos mais para nos reunirmos em torno dele.
A tecnologia, cada dia mais avançada, nos tornou prisioneiros de nós mesmos. Desta forma, dentro de casa continuamos a navegar pela internet, ou pelo WhatsApp em particular. Ou seja, a nossa família, regra geral, é um grupo de pessoas que, reunidas, estão cada vez mais individualistas, mergulhadas em comunicações virtuais.
Curiosamente, o mundo se globalizou e diminuiu a distância das fronteiras nacionais e internacionais, mas a proximidade física e o inter-relacionamento cada vez mais ficam distantes, virtuais.
Por ironia, a palavra ‘virtual’ vem do Latim ‘virtus’, significando ‘virtude’ que é qualidade do que se conforma com o considerado correto e desejável. Sendo assim, os aficionados por ficção científica bem podem imaginar que o individualismo já está sendo e, consolidadamente, será o estado natural dos seres humanos daqui pra frente.
Entretanto, contra essa visão desesperadora temos de lembrar o famoso discurso de Charles Chaplin, no final do filme ‘O Grande Ditador’, quando afirma: “Vós nãos sois máquinas! Homens é que sois. E com o amor da humanidade em vossa alma”.
Portanto, minha querida amiga e poetisa, continue poetizando; continue aspergindo versos no terreno cada vez mais estéril das relações humanas.
A poesia é o melhor antivírus contra a pandemia da insensibilidade!
Um mega abraço de luz!
Sergio
* No Jornal Cultural ROL, de acordo com o nosso Manual de Redação e Estilo, aportuguesamos algumas palavras da língua inglesa, como, por exemplo, e-meio (e-mail) saite (site), relise (release) e eslaide (slide).
Sergio Diniz da Costa
Jornalculturalrol2@gmail.com
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024