Um dos primeiros espetáculos pensados para a internet, ‘Onde estão as mãos esta noite’ estreia sábado, dia 12, na programação digital do Palco Casa Grande
“Encontro de teatro e internet que produz fagulhas” – Patrick Pessoa, em O Globo, sobre “Onde estão as mãos esta noite”
“O texto assinado pela jovem Juliana Leite impressiona por sua aguda sensibilidade” – Tânia Brandão
“A sensação de proximidade dos espectadores em relação à atriz promovida pela câmera permite a observação de um trabalho detalhista, minucioso, própria a salas de porte reduzido” – Daniel Schenker
Um dos primeiros espetáculos pensados para a internet, “Onde estão as mãos esta noite” estreia sábado, dia 12, na programação digital do Palco Casa Grande. O solo escrito por Juliana Leite foi integralmente concebido durante o período de quarentena, mas é também fruto de um grupo de trabalho conduzido pelo diretor Moacir Chaves com o objetivo de investigar a dramaturgia e a atuação a partir da sonoridade e do corpo conforme vistos por Samuel Beckett. O enquadramento parcial da câmera, por vezes “cortando” o corpo da personagem, é assumido na cena como uma janela ineficiente: aquela que permite ver algo, uma parte de alguém e de seus gestos, mas nunca seu todo. Essa característica parece dizer respeito também ao nosso próprio tempo e à matéria em si da cena: o isolamento, um assunto para o qual, por enquanto, só podemos olhar do ângulo de dentro, o mesmo da incompreensão.
Ao longo da apresentação, acompanhamos uma mulher (interpretada por Karen Coelho) na sala de casa, local que é o centro de seu isolamento social durante a quarentena. Desse espaço que deveria representar apenas segurança e pertencimento, ela narra suas atividades cotidianas agora atravessadas pelo silêncio, pela solidão e pela saudade do que está “do lado de fora”. Desejosa de dias reestabelecidos e de um reencontro com os sonhos, ela reflete sobre qual tipo de cura estaríamos buscando. Qual saúde precisaríamos recuperar, afinal, para sair de fato livres às ruas?
Ela recupera o contato humano pela saudade, pela memória, pelas perguntas que nos remediam e acendem: como serão os primeiros abraços quando estivermos livres de novo?; onde poremos as mãos para nos sentirmos seguros?; de quais remédios nós, tremendamente humanos, seguiremos precisando?
Sem margear cura alguma para as dores imediatas do mundo, “Onde estão as mãos esta noite” pousa no absoluto presente, naquilo que continua ao alcance: o poder da fabulação do mundo. A família, os amigos, os vizinhos de uma mulher em quarentena, personagens tão imaginados quanto uma plateia no mundo digital, confirmam apenas que seguimos provisoriamente vivos e parte indissociável de um todo.
O espetáculo faz temporada até o dia 2 de outubro: nas duas primeiras semanas aos sábados (20h) e aos domingos (18h); e, posteriormente, quintas e sextas (20h). R$ 25,00.
Ficha técnica
Direção: Moacir Chaves
Atuação: Karen Coelho
Dramaturgia: Juliana Leite
Direção de arte: Luiz Wachelke
Curadoria e Realização: Teatro Casa Grande e Lúdico Produções Artísticas
Pedro Paulo Rangel e o “Sermão da Quarta-Feira de Cinza” muda de datas
Com esta estreia, o solo estrelado por Pedro Paulo Rangel entra em suas últimas semanas e passa a fazer temporada quintas e sextas, sempre às 20h. Na versão online para o “Sermão da Quarta-Feira de Cinza”, o ator interpreta trechos do texto de Padre Antônio Vieira e compartilha com o público suas lembranças das temporadas de sucesso da montagem dirigida (também) por Moacir Chaves em 1994. Na época, Pedro Paulo Rangel foi contemplado com os principais prêmios de teatro da temporada: ganhou os Prêmios Shell, Mambembe e Molière na categoria Melhor Ator.
Ao revisitar o Sermão, o ator discorrerá sobre a impermanência do ser humano, interpretando o pregador que tenta convencer a plateia de que “somos pó e ao pó um dia retornaremos” – ponto central do primeiro dos três Sermões da Quarta-Feira de Cinza. “Sempre me emociono com a sutileza, o alcance, a contemporaneidade de suas palavras, sobre a finitude e a vaidade humanas”, diz Pedro Paulo Rangel.
O jesuíta português Antônio Vieira foi um dos mais importantes autores da literatura barroca e escreveu cerca de 200 sermões, sendo o Sermão da Quarta-Feira de Cinza, do final do século XVII, um dos mais famosos. O texto aborda a fragilidade e a insignificância do ser humano, convidando a uma reflexão sobre a única certeza do homem: a de que um dia morrerá.
O espetáculo conquistou as plateias e a crítica do Rio de Janeiro e São Paulo, além de mais de uma dezena de outras cidades. Também representou o Brasil em Portugal, no Festival de Almada; fez duas temporadas em Lisboa e excursionou por outras cidades daquele país à convite da Cena Lusófona. No Uruguai, o ator apresentou o espetáculo em espanhol, na VIII Muestra Internacional de Teatro de Montevidéu numa versão de José Sanchis Sinisterra.
Após as apresentações online, que seguem até o dia 18 de setembro, o ator conversa com o público: sempre quintas e sextas, 20h. R$ 25,00.
Ficha Técnica
Texto: Padre Antônio Vieira
Direção e Interpretação: Pedro Paulo Rangel
Direção de Produção: Lúdico Produções Artísticas
Curadoria e Realização: Teatro Casa Grande e Lúdico Produções Artísticas
Série de debates segue na programação
Na próxima segunda, dia 14, o tema do projeto Teatro Casa Grande Debate será “Desafios à Educação Brasileira”, com a participação de Lia Faria, professora da faculdade de Educação da UERJ; do deputado estadual Waldeck Carneiro e de Eric Plaisance, professor emérito da Sorbonne. A mediação fica por conta de Malvina Tuttman, ex-reitora da UNIRIO. Transmissão pelo Youtube e Facebook, às 19h.
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024