Pedaços de mim, pedaços de ti… Pedaços de nós!
É engano pensar que só existe saudade do que aconteceu;
Existe saudade daquilo que quase ocorreu;
Daquilo que a gente sonhou e por falta de coragem não realizou;
Do que ficou pelo caminho por falta de insistência;
Essa saudade é tão dolorida, e tem gosto indefinido!
Saudade do que não aconteceu, existe? Sim! E como existe!
Na imaginação, sinto teu cheiro, seu corpo encostando no meu, nosso suor se misturando, o peito arfando de desejo e paixão. Seus beijos quentes, ardentes e apressados, seu gosto está preso em meus lábios, como um visgo, simplesmente inesquecível!
Imaginar o que poderíamos ter vivido, os orgasmos alcançados na cumplicidade de nosso segredo.
Ah! Que paixão louca, que desejo que pega fogo a um simples pensar!
Que tesão represado por conveniências, tabus e moralidade hipócrita.
A imaginação corre solta, sonhar e desejar alguém, mesmo que em pensamento, será que é pecado? O que é o pecado, senão uma forma de prisão dos desejos secretos.
Esse desejo louco que nos consome, como fogo ardente, em uma noite de luar!
Que loucura é essa? Desejar alguém que nunca fez nada para que isso acontecesse. Talvez por carência, ou, por pura vontade de viver uma aventura!
A pessoa que é objeto do desejo proibido, não pode, e nem deve imaginar o quanto ela mexe com a gente. Isso é um segredo guardado a sete chaves em nossa mente, lugar de nossos devaneios. Somos malucos, loucos mesmos, sonhar e imaginar algo fora da caixa, ou, um ponto fora da curva.
Ah! Que desejo ardente, que calor que sobe pelo corpo e me entorpece de desejo e de tesão.
Se afastar dessa loucura, é uma decisão acertada, sofrida, porém, necessária, sair a francesa, deixando apenas o perfume no ar. É difícil dizer adeus, quando o maior desejo é de estar perto.
Afastar–se para ficar apenas como uma doce lembrança. Insistir, poderá transformar-se em um incomodo, não, não desejamos isso!
A realidade da paixão, é a impossibilidade de vive-la, talvez por isso, seja tão intensa e avassaladora.
Que saudades de você, saudade que sangra o peito, saudade do imaginário.
Saudades dos sonhos interrompidos, dos detalhes que passam despercebidos.
Ah! O amor não resolvido e não vivido.
Desistimos sem tentar! Saudades, apenas saudades do que não vivemos, do que não tivemos coragem de viver.
Quem dera nos encontrarmos novamente! Quem sabe o elo perdure, talvez, as almas se busquem no além, se atraiam de alguma maneira inexplicável.
Quem sabe! Aconteça como uma lenda, em que amores proibidos em uma vida, se realize em outra, quem sabe?
Ah! Nossos pedaços espalhados pelo universo, é assim que estamos, soltos despedaçados de corpo e alma.
Nossos corações apaixonados e separados pelo destino. Morremos um pouco em cada minuto ao pensar no que poderia ter acontecido.
Não há formula mágica para trancafiar os impulsos do coração, esse selvagem que, quando menos se espera, se rebela e sai da jaula imaginária de nossos tabus.
Os pedaços de mim, os pedaços de nós, se espalham pelo universo dos sonhos, e se deliciam com um simples imaginar de nossos corpos entrelaçados, cheios de volúpia e paixão.
Somos pedaços de sonhos não vividos, sonhos não realizados, faltou coragem, faltou ousadia. Sim! A vida nos trava como correntes nas convenções da hipocrisia da sociedade.
Que desejo! Que tesão! Imagina se pudéssemos viver tudo isso? Pena, não deu! Ficamos despedaçados. Pedaços de mim, pedaços de ti…Pedaços de nós, espalhados pelo infinito a espera de uma próxima chance de viver essa paixão!
Valentine de France Florence
valentinedefranceflorence@gmail.com
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024