Peripécias de um cérebro hiperativo
Quando me sentei para escrever essa crônica, eu estava totalmente sem inspiração. Na verdade, acho que nem era exatamente isso. O que acontecia é que meu cérebro estava hipermovimentado, as ideias circulando, eram muitas.
Era madrugada, e eu já estava horas na cama. Meu corpo cansado desejava dormir; os músculos e nervos tensos pelos movimentos e estresses do dia a dia precisavam relaxar. Só que o cérebro, esse ser à parte, parecia ter vontade própria e impedia todo o resto do corpo de dormir. Indivíduo inconveniente!
Era um tal de ‘virar para cá e para lá’; levantar para beber água; por consequência, para ir ao banheiro; uma peregrinação entre os cômodos da casa e entre sites buscando ainda mais informações. Algo incontrolável. Já notei até certos fatos bem interessantes: que 5:30h, por exemplo, é o horário mais frio da madrugada. Pelo menos para mim.
Em noites assim, ouço o galo cantar, e pasmem! Ele não canta somente ao raiar da aurora. O que tem perto da minha casa também canta as 2:00h, 3:00h; na verdade, não tem hora certa. A passarada sim, começa a aparecer com o clarear do dia.
Ouço também barulho em outro cômodo: meu filho adolescente na quarentena, com os jogos no smartphone. Espirros, nariz escorrendo: ele tem rinite alérgica; busca o papel higiênico no banheiro, o gato mia pedindo ração. Às vezes trocamos umas poucas ideias, o outro filho se incomoda pedindo silêncio, já que acorda cedo para trabalhar. E a culpa é todinha do meu cérebro.
Ao fechar meus olhos, as letras dançam num vai e vem desenfreado; os temas aparecem como flashes; frases que sou obrigada a anotar, porque o cérebro não sossega enquanto não realizo a sua vontade. Cores também. Muitas cores. E antes que alguém pense mal de mim: não uso drogas!
Pior mesmo é quando ele cisma com aquele assunto. Quer ler sobre aquilo, ouvir sobre aquilo, vídeos, pensamentos a mil, a noite se vai, o dia amanhece. Escrevo colunas para jornais, e ele é quem decide a hora. Aí já viu! Eu lá, prisioneira cativa do meu cérebro, no meio da madrugada, desenvolvendo assuntos e enviando textos. Indivíduo sem noção!
Eu quero dormir, por favor! Mas ele não. Minha mãe me passou receitinhas caseiras: chazinho de cidreira, leite quente; mas tudo isso para o meu cérebro não passa de água com açúcar.
Claudia Lundgren
tiaclaudia05@gmail.com
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024