novembro 22, 2024
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Celso Lungaretti: 'Um censor é um censor é um censor, pouco importando se ele acredita ser de direita ou de esquerda'

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Celso Lungaretti

celso lungaretti

Os saudosos da santa inquisição e os patrulheiros cricris são apenas duas faces da mesma moeda: a vil censura!

 

Vale a pena dar uns pitacos sobre a coluna desta semana do cronista, cientista político e escritor português João Pereira Coutinho,  publicada pela Folha de S. Paulo (acessem-na aqui).

Ele aborda duas mazelas brasileiras. Uma é o que ele chamou de literalismo, provavelmente acreditando que a avalanche de processos movidos em todo o país pelos zumbis que obedecem cegamente aos pastores fé mercantilizada se devesse a uma indignação autêntica com este gracejo do escritor J. P. Cuenca, parafraseando Jean Meslier: 

O brasileiro só será livre quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último pastor da Igreja Universal.

Trata-se uma prática odiosa, é claro, mas Coutinho erra ao levar a sério os proponentes de tais ações, cuja esmagadora maioria jamais tomaria dela conhecimento por si própria nem teria a mínima noção do que a frase significa, se não viesse ilustrada por figurinhas… 
 
Não é a primeira vez que tais zumbis são levados a fazerem brotar denúncias como cogumelos, sem sequer a originalidade de utilizarem arrazoados diferentes entre si. 
 
Recebem o pacote fechado e apenas cumprem a ordem daqueles que são donos de suas vontades.
Aliás, o Judiciário já conta com uma ferramenta para evitar que a vítima de tal chantagem seja obrigada a ir defender-se em todo o território nacional: o incidente de resolução de demandas repetitivas, que permite unificá-los e julgá-los todos de uma vez só.
 
Bem mais séria é a campanha de difamação do escritor que ensinava os jovens a pensarem, estimulando-lhes o desenvolvimento de um espírito crítico desde a meninice.
  
Se há algo de que me orgulho é ter sempre identificado desde cedo os ovos de serpente e haver feito tudo que podia para esmagá-los antes que eclodissem.
 

Além dos superlativos méritos intelectuais, Monteiro Lobato tem de ser respeitado pela firmeza com que enfrentou a ditadura varguista na vida real, sendo perseguido como escritor e preso como cidadão por haver honrado suas convicções. 

 
Ou seja, era bem diferente dos que tentaram imputar-lhe racismo, esses caçadores de holofotes que passam a vida inteira escarafunchando em arquivos empoeirados, na esperança de encontrarem algum ouro de tolo que sirva para, mediante óbvias forçações de barra, ser acrescentado a esse index montado pelas hordas de fanáticos iletrados e que e só é acreditado nas redes insociáveis…

 

 

 

Sergio Diniz da Costa
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