Pedro Israel Novaes de Almeida: ‘TERROR’
A luta contra o terrorismo tem, como primeira vítima, os direitos e garantias individuais.
É dificílimo, quase impossível, aos governos, evitar crimes praticados por pessoas que compõem a paisagem, sem fardamentos. Interessa ao terror liquidar a tranquilidade e paz sociais.
Houve um tempo em que os terroristas eram regidos pelo princípio universal da sobrevivência. Hoje, explodir a si próprio, em meio à multidão, é a afirmação inconteste da virulência e radicalismo de qualquer crença ou descrença.
Crenças ou descrenças irreversivelmente enraizadas, capazes de matar por degola qualquer pessoa, de recém nascidos a idosos, operam o último estágio da selvageria humana, em que a vida alheia nada vale. O terror tem como combustível o ódio e a intolerância extrema, além de certa dose de desequilíbrio mental.
Ambientes já vitimados por atos terroristas tornam-se repletos de apreensão e desconfiança mútua, com o inevitável surgimento de preconceitos e atos de hostilidade, em regra religiosos, ideológicos ou étnicos.
O combate ao terrorismo corrói a economia dos países, pois exige contingente cada vez mais numeroso e operações cada vez mais sofisticadas e dispendiosas. Não é uma guerra franca.
A etapa mais dificultosa do combate é identificar tendências e posturas individuais, talvez identificadoras de processos de doutrinação. Ocorre que nem sempre a doutrinação apresenta sintomas externos, e a selvageria surge de repente, em pessoas aparentemente normais, até pacatas.
A sociedade, com prejuízos à qualidade de vida, vai amoldar-se ao perigo de um ato terrorista, seja praticado por um atirador solitário que invade uma escola ou por grupo organizado que implode um avião ou um centro de convivência.
As multidões que perambulam mundo afora, pouco respeitadas, fugindo da fome, ditadores e terroristas, documentam a crua realidade do mundo atual. Estamos, todos, a mercê de mentes doentias e regimes espúrios.
A mais salutar e patriótica resposta da sociedade, às ações terroristas, é prosseguir em suas rotinas e hábitos, mesmo temerosa e intimidada.
Adotadas as cautelas próprias dos organismos de segurança, a sociedade deve considerar a ação terrorista como um raio, que pode cair a qualquer tempo e lugar. O raio nunca é benvindo, e não consta que Deus seja terrorista.
Desarmar os ânimos, conter intolerâncias, aumentar o conteúdo humano das relações sociais e evitar radicalismos é um bom começo de enfrentamento do terror.
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.