Filosofia: Árvore da Sabedoria?
Abordar a Filosofia como uma “ciência” estruturada, sistematizada, sincrónica ou diacronicamente considerada, nos dias de hoje, é uma tarefa praticamente impossível. Ao longo dos séculos e dos milénios, a “mãe de todas as ciências”, o “refúgio da sabedoria” ou quaisquer outros qualificativos que se lhe queira aplicar, têm vindo a ser atribuídos à Filosofia, para o bem e para o mal: analisada, estruturada, debatida, rejeitada, aplaudida.
Contudo, o seu estatuto não pode deixar de ser altamente valorizado, num mundo cada vez mais a globalizado: que resvala para as tecnocracias desumanas; para o materialismo insensível aos dramas da Humanidade; e pelo desrespeito aos mais elementares Direitos Humanos, enfim, à “preguiça” em pensar.
Nesta fase da vida etária, cívica, literário-cultural e de “escritor”, do autor deste trabalho, cumpre, como eternamente aprendiz de filósofo, lançar um grito de “revolta pacífica”. Tem sido preocupante a situação para a qual os detratores dos valores humanos quiseram levar a Filosofia, negando-lhe o estatuto de disciplina do conhecimento humano.
Procuraram esvaziá-la dos seus conteúdos mais nobres e vitais para a sociedade humana, assim como desviá-la dos seus objetivos primordiais que, afinal, fundamentam, categoricamente, os mais importantes e imprescindíveis valores humanos, plasmados nos documentos internacionais, sobre a problemática dos direitos do homem e do cidadão. Questões como:
- a) Filosofia, enquanto “ciência do pensamento estratégico” sobre a situação do homem, nas suas mais profundas interrogações: Quem somos? O que queremos? Para onde vamos?
- b) Educação, como caminho a percorrer, ao longo desta vida terrena, principal meio para o homem se perspectivar, numa dimensão superior, enquanto SER dos seres naturais, concebido à imagem e semelhança do seu Criador?
- c) Direitos Humanos, como valores inquestionáveis, delimitadores de toda a praxis humana, na vertente relacional do Homem para com o seu semelhante, mas também do Homem para com a natureza animada, inanimada e divina?
- d) E a Ciência, o que nos pode dizer acerca da situação do Homem, face aos inúmeros, complexos e velhos problemas que afligem a humanidade? A positividade científica, como deve ela colocar-se ao serviço do bem, da virtude, da paz?
A cumplicidade e solidariedade que devem existir entre a Filosofia, a Ciência e a Educação para os Direitos Humanos, serão, portanto, nesta breve reflexão, o assunto que se tentará desenvolver de uma forma muito singela, recorrendo, naturalmente, a algumas ilustres personalidades da área filosófica e a uma outra obra, ou a uma outra teoria.
Confessadamente, e desde já, será difícil sustentar uma apologia incondicional do acumular de teorias, sem a passagem à prática das que possam, efetivamente, contribuir para a melhor formação do homem, e da sua qualidade de vida.
Por isso, entende-se que o filósofo deve ser mais interventivo na vida concreta, real, quotidiana das pessoas, atuando no terreno, saindo um pouco mais das universidades e das bibliotecas. A partir de uma abertura descomplexada, o filósofo terá, certamente, uma nova importância e o estatuto da Filosofia será, seguramente, valorizado como é da mais elementar justiça.
Para alguém se atrever a uma tentativa de definição de Filosofia, terá, no mínimo, de reunir várias qualidades/condições: sabedoria, experiência, maturidade e humildade. Reconheçamos que não congregamos todas aquelas faculdades (ou qualidades), todavia, não deixaremos, como sempre temos feito, ao longo da vida, de recorrer às personagens que julgamos poderem dar satisfação a tão antiga, quanto profunda interrogação: O que é, afinal, a Filosofia?
Nós não sabemos, mas, defendemos que se trata de um saber prudente, também crítico, cada vez mais necessário e insubstituível para a resolução dos problemas, e dos conflitos que atormentam a humanidade. Sabe a pouco esta ideia, mas não somos capazes de outra mais esclarecedora e convincente.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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