Pedro Israel Novaes de Almeida – ‘TRÃNSITO DIFÍCIL’
As cidades brasileiras, em sua maioria, não foram planejadas para o número crescente de veículos que suportam.
As dificuldades em transitar tornam-se agravadas, quando da tentativa de encontrar vagas públicas para estacionar. Nas regiões centrais da zona urbana, o trafego predominante resulta de tentativas frustradas de estacionamento.
Interior afora, os deslocamentos em veículos são, em sua maioria, desnecessários, para destinos próximos, a poucos quarteirões. A população caminha cada vez menos.
Buscando diminuir o tempo de ocupação de cada vaga, foram criadas as Zonas Azuis. Como tais zonas resultaram em boas receitas, muitos municípios estão aumentando-lhes a abrangência, para regiões onde estacionar ainda não é problema.
As carroças estão sendo progressivamente proibidas, e as bicicletas ainda são de restrita utilização. Algumas cidades oficializaram a modalidade do táxi-lotação, a preços módicos e percurso pré-determinado, verdadeiro ônibus em miniatura.
Econômicas, ágeis e de fácil aquisição, as motos se multiplicam, enlouquecendo o trânsito pela contumaz desobediência às leis do trânsito e frequente afronta a pedestres. Existem cidades onde o uso de capacetes, imposição legal, ainda é pouco praticado.
Nas grandes cidades, é proibido o trânsito de moto-táxis, e enorme a utilização dos veículos para a entrega de mercadorias e correspondências. Por todo o país, transitam motos com dois ou mais ocupantes.
Motos com dois ocupantes são intensamente utilizadas no cometimento de crimes, a ponto de um grande número de estudiosos sugerir sua proibição.
Na verdade, o carona das motos desafia e desacredita todas as recomendações de segurança no trânsito. Parece piada, mas uma criança, para ocupar uma vaga no banco traseiro de um carro, deve atender a exigências de uma cadeirinha especial, e nenhuma exigência é feita, quando ocupam a traseira de uma moto, verdadeira roleta russa.
O cidadão, circulando em carro qualquer, deve obrigatoriamente utilizar o cinto de segurança, mas pode transitar em ônibus urbano, em pé e sem qualquer cinto ou aparato do gênero.
Os transportes públicos ainda são incômodos e poucos. Ônibus sempre lotados, outrora sinalizadores de linha rentável, hoje sinalizam grave omissão da autoridade pública.
A abolição das vistorias, quando do licenciamento anual, faz crescer o número de veículos que transitam sem condições de segurança para tanto.
Os pedestres, agravando o trânsito, continuam atravessando as ruas de modo transversal. Iniciam a travessia em uma esquina e terminam em outra, 80 ou 100 metros à frente. Alguns sequer andam, mas desfilam, e todos julgam que a faixa indica preferência, mesmo quando o sinal está aberto para os veículos.
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.