As apresentações acontecem nos dias 14 de Fevereiro às 19h no Teatro de Contêiner e nos dias 21 de Fevereiro às 19h e 12 de Março às 17h na Oficina Cultural Oswald de Andrade – Sala Cineclube
Durante a pandemia, os criadores, atores e diretores Erica Montanheiro e Eric Lenate idealizaram e conceberam duas peças-filmes, uma para o público infantil (e todas as idades) e outra para o público adulto. Essas obras serão exibidas no Teatro de Contêiner e na Oficina Cultural Oswald de Andrade – Sala Cineclube.
A partir de uma reconstrução dramatúrgica livremente inspirada no texto de Shakespeare, ENSAIO PARA O FIM (uma peça-filme para novos tempos) tem roteiro de Erica Montanheiro e Eric Lenate, direção de Erica Montanheiro e Julia Rufino e elenco composto por Gabi Costa, Mariá Guedes, Diego Lima, Geraldo Mário, Erica Montanheiro e Eric Lenate. As apresentações acontecem nos dias 14 de Fevereiro às 19h no Teatro de Contêiner e nos dias 21 de Fevereiro às 19h e 12 de Março às 17h na Oficina Cultural Oswald de Andrade – Sala Cineclube.
Escrita por Erica Montanheiro, De como uma certa Rainha tirana governava o Reino-dos-sem-cabeças – uma farsa nonsense para qualquer idade em versão peça-filme – é destinada para crianças, mas não apenas a elas. A direção é de Eric Lenate e o elenco é composto por Luciana Ramanzini, Diego Lima, Geraldo Mário, Erica Montanheiro e Eric Lenate. As apresentações acontecem nos dias 19 de fevereiro, às 15h e dia 12 de Março às 15h na Oficina Cultural Oswald de Andrade – Sala Cineclube.
De como uma certa Rainha tirana governava o Reino-dos-sem-cabeças – uma farsa nonsense para qualquer idade em versão peça-filme
Sinopse
A população do Reino-das-Cabeças-Pensantes é acometida por uma epidemia e os cidadãos e cidadãs passam a perder suas cabeças – que descolam do pescoço e saem quicando pelo Reino. A Rainha do Reino tenta investigar as causas da epidemia, sem sucesso. Porém, durante o levantamento do número de pessoas atingidas, ela percebe que as mulheres são muito mais atingidas pela doença do que os homens. Diante desta injustiça, sua cabeça precisa operar certas modificações em seu olhar para o mundo. Ela decide, então, procurar ajuda e vai visitar uma mulher misteriosa que poderá salvar o Reino.
Sobre a peça-filme, por Erica Montanheiro
Em 2008, realizando uma residência artística na França, me deparei com a história cruel e trágica da brilhante artista e escultora Camille Claudel. As frases dela em suas cartas escritas para a família não saíam de mim: “por que estou aqui?”. Esse era o questionamento constante de Camille, internada compulsoriamente em um asilo para doentes mentais. O que havia de tão errado com a cabeça daquela mulher que, para a família, com o aval do Estado, era tão fundamental encarcerá-la?
Enquanto a minha angústia ia se transmutando em texto teatral (Inventário, finalizado em 2014 e montado em 2019), fui percebendo que para além do grito contra a sociedade machista, a mesma que enclausurou Camille por 30 anos, era preciso operar alguns mecanismos que trouxessem reflexão através do humor e da ironia. Era preciso expor certas contradições pra fazer a cabeça do espectador tirar suas próprias conclusões.
Assim surgiu a personagem da Rainha do Reino-dos-sem-cabeças. Uma rainha um tanto tirana e, por isso, com condições de expor todo o julgamento do patriarcado acerca de mulheres que se recusam a “agradar”. A Rainha faz parte de uma peça que acontece dentro da peça Inventário e tem um destino tão trágico quanto o de Camille, porém ainda mais sanguinolento.
Depois de muito ouvir de parceiros de trabalho que a personagem poderia habitar outros mundos, decidi testá-la em uma narrativa para crianças. E assim nasce esta dramaturgia que eu chamo de nonsense, embora a realidade do mundo hoje pareça até mais nonsense que a peça.
Ainda hoje, o patriarcado estranha ver ideias sendo paridas pelas cabeças das mulheres, ainda hoje o patriarcado condena as mulheres que não são “agradáveis”. Ainda hoje o patriarcado define que as mulheres são inimigas e rivais. Ainda hoje o patriarcado questiona uma mulher no poder. Penso que operar mudanças na estrutura, em como as crianças das próximas gerações serão educadas, é que fará alguma diferença. Algumas cabeças, de alguns adultos, não conseguirão mais sofrer operações significativas.
Eu comecei a escrever a peça Inventário em 2012. Nela, a Rainha é destituída do poder, antes de ter sua cabeça arrancada. Há uma epidemia que assola o reino. Os habitantes do reino vão sendo contaminados e vão perdendo suas cabeças. Vários acontecimentos que estão na obra existiram na fábula, antes de existir na realidade. Será que minha cabeça fez uma previsão de fatos futuros? Quem sabe a minha cabeça, desta vez, não vai prever um final feliz, uma celebração das cabeças das mulheres, de seus pactos e forças conjuntas e da criação de novas realidades?
Erica Montanheiro. Primavera de 2020. Ano pandêmico I
Sobre a encenação, por Eric Lenate
A dramaturgia de encenação e a arquitetura cênica deste trabalho vêm sendo pensadas sob forte influência de um estudo minucioso das artes do enxadrismo. Sim, sob forte influência de todas as características que são reunidas na arte de “jogar xadrez”, sejam elas morais, sociais ou filosóficas. Entendemos o jogo de xadrez não como meramente um divertimento ocioso. Diversas e valiosas qualidades da mente, úteis no decurso da vida humana, são adquiridas e fortalecidas por meio dele, de modo a se tornarem hábitos preparados para todas as ocasiões. Pois o que é a vida senão uma espécie de xadrez? Na qual temos pontos a ganhar e competidores ou adversários a enfrentar. E na qual existe uma ampla variedade de acontecimentos bons e maus, que são, em certo grau, os efeitos da prudência ou a falta dela.
Para concluir, não conseguimos deixar de estabelecer um paralelo de inspiração para a criação da personagem da Rainha do Reino-dos-sem-cabeças. Pensamos justamente naquela que foi a cabeça mais complexa e fascinante de todo um período da história que hoje carrega seu nome: a Rainha Elizabeth I, que reinou na Inglaterra por 44 anos, 4 meses e 7 dias. Mulher que optou por nunca se casar, por não ter filhos, que foi desrespeitosamente alcunhada de “A Rainha Virgem”, que teve que travar lutas sanguinolentas com o patriarcado abusivo e desmiolado para que fossem respeitadas sua majestade e suas ideias, e que teve que operar em si mudanças de mentalidade bastante significativas para que seu Reino e os que dele dependiam prosperassem. Outra figura que serviu de inspiração foi nossa ex-presidenta Dilma Roussef. A primeira mulher a ocupar a cadeira do executivo e que foi injustamente “destronada”. Hoje não temos mais dúvidas que a misoginia e o machismo foram as bases para o golpe que retirou Dilma da presidência.
Eric Lenate, Primavera de 2020. Ano pandêmico I
FICHA TÉCNICA
Concepção e idealização: ERICA MONTANHEIRO e ERIC LENATE
Elenco: LUCIANA RAMANZINI, DIEGO LIMA, GERALDO MÁRIO, ERICA MONTANHEIRO e ERIC LENATE
Texto: ERICA MONTANHEIRO
Direção: ERIC LENATE
Direção De Fotografia: JULIA RUFINO
Arquitetura cênica, adereços e trilha sonora: ERIC LENATE
Figurinos e projeto gráfico: KLEBER MONTANHEIRO
Iluminação: GABRIELE SOUZA
Ilustrações Arte gráfica: VITOR GRIZZO
Visagismo: LOUISE HELÈNE
Assistência de direção: ANA ELISA MATTOS, VÍTOR JULIAN e GUILHERME CONRADO
Assistente de figurino: MARCOS VALADÃO
Montagem e Colorização: JULIA RUFINO
Edição de Som e Mixagem: CAUÊ BRAVIM
Captação de som direto: ERIC VERÍSSIMO
Assistente de iluminação: DIEGO F. F. SOARES
Cenotécnicos: EVAS CARRETERO e RAFAEL BOESI
Assistência cenotécnica: SÉRGIO MESSIAS
Direção de produção: SELENE MARINHO
Produção executiva: MARCELA HORTA
Assistente de produção: DANIELLE ZIPPERER
Foto: LEEKYUNG KIM
Produção catering: AUGUSTO VIEIRA
Administração: ERICA MONTANHEIRO E MATEUS MONTEIRO
Assessoria de Imprensa e mídias sociais: Pombo Correio
Consultoria de Biossegurança: Global Risk Solutions
Realização: LOLITA & LA GRANGE PRODUÇÕES ARTÍSTICAS
Em parceria com SM ARTE & CULTURA
Agradecimentos: Alexandre Galindo, Alícia Peres, CIA da Revista, Oficina Cultural Oswald de Andrade, Teatro de Contêiner Mugunzá
Músicas
Chiquinha Gonzaga
“A Dama de Ouros”
“Atraente”
“Bijou”
“Plangente”
“Bionne”
“Lua Branca”
“O Corte na Roça”
“Ó Abre Alas”
ENSAIO PARA O FIM
(uma peça-filme para novos tempos)
Sinopse
Em um país qualquer, em um tempo qualquer, uma guerra biológica toma conta do país. Vozes, delírios e sonhos premonitórios tomam conta das cabeças e corpos dessas personagens em um tempo dominado pelo horror. O general Macbeth e sua parceira de combate Banquo retornam da guerra. Malcom, a filha do Rei Duncan, retorna de uma viagem ao exterior pronta para a reconstrução da terra arrasada. Lady Macbeth, enquanto aguarda o retorno de seu companheiro, a partir do conhecimento destas vozes que prevêem uma possibilidade de futuro, ela mergulha em um delírio obsceno de grandeza que vai corromper as estruturas de poder. Porém, esse é o início de uma queda vertiginosa de um mundo que precisa morrer.
Reconstrução dramatúrgica e encenação, por Erica Montanheiro
Ensaio para o fim nasce pra evocar o fim de um tempo. O velho mundo branco agoniza. O patriarcado agoniza. A heteronormatividade agoniza. O capitalismo agoniza. Estamos enxergando as paredes ruírem mas os novos tempos tardam a se instalar. Estamos em uma espécie de “ensaio” que, em breve, precisa ceder lugar à cena completa. A frase de Gramsci “O velho mundo agoniza, um novo mundo tarda a nascer, e nesse claro-escuro, é que surgem os monstros” parece o mais fiel retrato do momento que atravessamos. Nosso atual governo nada mais é que um estrebucho birrento e mimado do mundo masculino cisgênero branco heterossexual. É o som dos estertores.
Com essa frase martelando e sempre pensando no feminismo interseccional, buscando construir novas bases com outras mulheres, olhei para a peça Macbeth para a reescritura desse roteiro. Olhei também para dentro de mim e pra minhas parceiras de outros trabalhos que estariam comigo neste. O que nós mulheres precisamos romper dentro de nós para ajudar essa nova cena nascer? Com quem fechamos nossos pactos? De que lado da trincheira escolhemos estar? Eu sempre acho que a salvação para novos tempos é o pacto entre as mulheres.
Na proposta do roteiro de “Ensaio para o fim”, a partir de uma reconstrução dramatúrgica livremente inspirada no texto de Shakespeare, busco deslocar o protagonismo do casal Macbeth, tornando-os personagens que movimentam a trama. Desde sempre, na história da dramaturgia ocidental, a ação dos vilões sempre movimenta o encadeamento da história.
Não se trata de uma história de bruxas e feiticeiras malignas poluindo a mente de um homem nobre e honrado. São figuras que se deixam corroer por seu próprio delírio obsceno de grandeza e poder a qualquer custo e que, depois de arderem de prazer nefasto, são consumidos pela acidez tormentosa da culpa e do remorso. Enquanto as personagens Malcolm e Banquo, apesar de suas contradições, buscam se colocar no mundo de forma honesta e digna, Lady Macbeth e Macbeth se apresentam como dois seres diminutos complementares um ao outro, pareados em sua baixa estatura moral e em seus tormentos delirantes; parceiros inseparáveis nos prazeres imediatos e nas iniciativas torpes. O que Lady Macbeth sustenta no patriarcado que não quer abrir mão?
É preciso que a branquitude tenha a decência de se olhar por dentro e tenha a coragem de romper o pacto narcísico para que os novos tempos possam se instalar em definitivo.
Erica Montanheiro, primavera 2021. Ano pandêmico II.
Ficha técnica:
Concepção e idealização: ERICA MONTANHEIRO e ERIC LENATE
Elenco: GABI COSTA, MARIÁ GUEDES, DIEGO LIMA, GERALDO MÁRIO, ERICA MONTANHEIRO e ERIC LENATE
Participações: EVAS CARRETERO, MAGALI FLORES E VITOR JULIAN
Roteiro (a partir da obra Macbeth, de Shakespeare): ERICA MONTANHEIRO E ERIC LENATE
Direção: ERICA MONTANHEIRO E JULIA RUFINO
Direção de Arte: KLEBER MONTANHEIRO
Direção de set e assistência de direção: ANA ELISA MATTOS
Trilha Sonora: MARCO FRANÇA
Figurinos e projeto gráfico: KLEBER MONTANHEIRO
Direção de Fotografia | Câmera: JULIA RUFINO
Iluminação: GABRIELE SOUZA
Visagismo: LOUISE HELÈNE
Assistência de direção: VÍTOR JULIAN E GUILHERME CONRADO
Assistente de direção de arte e figurino: MARCOS VALADÃO
Montagem e Colorização: JULIA RUFINO
Edição de Som e Mixagem: DANIELE DANTAS
Captação de som direto: ERIC VERÍSSIMO
Assistente de iluminação: DIEGO F. F. SOARES
Cenotécnicos: EVAS CARRETERO E RAFAEL BOESI
Assistência cenotécnica: SÉRGIO MESSIAS
Direção de produção: SELENE MARINHO
Produção executiva: MARCELA HORTA
Assistente de produção: DANIELLE ZIPPERER
Produção catering: AUGUSTO VIEIRA
Assessoria de Imprensa e Mídias Sociais: Pombo Correio
Fotos: LEEKYUNG KIM
Consultoria de Biossegurança: Global Risk Solutions
Administração: ERICA MONTANHEIRO E MATEUS MONTEIRO
Realização: LOLITA & LA GRANGE PRODUÇÕES ARTÍSTICAS
Em parceria com SM ARTE & CULTURA
Agradecimentos: Alexandre Galindo, Alexandre Gonzalez, Alícia Peres, Camilla Flores, CIA da Revista, Cidy Campos, Gustavo Marques, Oficina Cultural Oswald de Andrade, Rodrigo Florentino, Teatro de Contêiner Mugunzá e Valdir Rivaben
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Verônica Kelly Moreira Coelho, natural de Caratinga/ MG, é mais conhecida no meio cultural e acadêmico como Verônica Moreira. Autora dos livros ‘Jardim das Amoreiras’ e ‘Vekinha Em… O Mistério do Coco’. Baronesa da Augustissima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente. Acadêmica Internacional e Comendadora da FEBACLA – Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências Letras e Artes e Delegada Cultural. Acadêmica Correspondente da ACL- Academia Cruzeirense de Letras. Acadêmica da ACL- Academia Caxambuense de letras. Acadêmica Internacional da AILB. Acadêmica Efetiva da ACL- Academia Caratinguense de Letras. Acadêmica Fundadora da AICLAB e Diretora de Cultura. Embaixadora da paz pela OMDDH. Editora Setorial de Eventos e colunista do Jornal Cultural ROL e colunista da Revista Internacional The Bard. Coautora de várias antologias e coorganizadora das seguintes antologias: homenagem ao Bicentenário do romancista e filosofo russo Fiódor Dostoiévski, Tributo aos Grandes Nomes da Literatura Universal e Antologia ROLiana. Instagram: @baronesa.veronicamoreira