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Rafael Venancio: 'O manto azul da Sacerdotisa'

Rafael Verancio

O manto azul da Sacerdotisa

Vestida como um manto azul, temos ela.

Na cabeça, o símbolo das três luas; claramente, uma referência à deusa grega dos caminhos: Hécate. Hécate é uma daquelas deusas que você não vê na mitologia grega, que não fica popularizada nas séries da Netflix e nem nos filmes da Disney. Ela, em seu próprio tempo, foi ‘esquecida’ em detrimento aos Olimpianos; ela e todos os filhos e filhas de Nix que ficavam à sombra da luz da família vencedora da Titanomachia.

Quem buscava Hécate? Aquele que queria ter escolhas ao caminhar…

Em seu entorno, dois pilares em preto e branco: yin e yang; cores da sabedoria oriental dos naturalistas chineses, muito antes mesmo do Taoísmo e do Zen-Budismo; a energia do masculino e do feminino; da ação e da intuição; da força e da persuasão; da resistência e da receptividade. O yin e yang, para os chineses, abraça os cinco elementos da vida: água, terra, fogo, metal e madeira.

Quem buscava o yin e yang? Aquele que queria ter equilíbrio ao caminhar…

Nos pilares, temos duas letras,: b e j. Segundo uma leitura esotérica da Torá (o Pentateuco para os cristãos), essas duas letras estavam entalhadas nos pilares de entrada do Templo de Salomão. Seu significado é controverso: seriam as iniciais de Boaz e Jachin, figuras menores na Taná (Antigo Testamento); para alguns, seriam o acrônimo de uma montagem de uma frase a partir do significado do nome dos dois. Boaz significa ‘poder’, ‘força’. Jachin pode se configurar como ‘estabelecer’. Assim, B e J, os pilares do Templo de Salomão, significariam “estabelecido na força de D’us”. Força essa que, em Salomão, estava transmutada em plena Sabedoria.

Quem buscava o templo de Salomão? Aquele que queria ter sapiência ao caminhar…

No seu manto, há romãs bordadas; as mesmas romãs que fizeram Koré se libertar em Perséfone: de deusa da vegetação, subjugada por sua mãe Deméter, para Rainha do Submundo ao lado de Hades. Representa a força feminina interior, transcendente, que conecta a todos para além do princípio masculino da criação vinda do mundo físico. ‘Criar’ não é apenas ‘ação’; também é ‘intuição’, ‘inspiração’. Criar não é apenas florescer, mas transcender e a ambiguidade de Koré e Perséfone demonstra isso.

Quem buscava Perséfone? Aquele que queria ter libertação ao caminhar…

Tudo isso está na carta do segundo Arcano Maior do Tarot: a Sacerdotisa.

Muitos apenas traduzem essa carta como uma posição de Sabedoria ou de segredos ocultados;  no entanto, deveriam ler o próprio Arthur E. Waite, criador do baralho de tarô mais famoso, dizer que ela, na verdade, é Shekinah, a pura energia feminina da criação segundo a Cabala judaica. Quando tal carta aparece na nossa vida, é um convite. Um convite para sair do físico e transcender.

Mas devo dizer que o manto azul dela, mais que lembranças judaico-cristãs ocidentais, me faz lembrar das águas de Saraswati, aquela que tudo criou pela intuição e pela arte, enquanto Brahma, sua “metade” masculina, criou pela ação do pensamento. Deve ser por isso que, toda vez que vejo essa carta, sinto que é um convite a navegar.

Afinal, quem buscava Saraswati? Aquele que queria ter fluidez ao caminhar…

 

Rafael Venancio

rdovenancio@gmail.com

 

Sergio Diniz da Costa
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