Uma Troca de Ilusões
Parece ter sido ontem que tudo acabou. Eu, sinceramente, pensei que seria para sempre, independentemente das dificuldades.
Mas não era tão simples quanto parecia, assim como não é tão simples esquecer o que passamos juntos. Por favor, facilite para que eu possa lhe esquecer! Me deixe dormir! Saia de vez!
Não quero ouvir as mesmas canções e nem quero dormir com Zolpidem. Eu não quero conviver com a dor dessa saudade teimosa que você deixou aqui.
O dia passa lentamente, e para não arriscar ter uma recaída, eu me afundo no trabalho. Outrora me afundava em seu olhar matuto. Até que mergulhei tão profundo, que não pude mais ver minha própria imagem.
Eu lutei para estar para sempre com você, mas percebi que eu estava nadando contra a maré.
Não preciso de um amor para chamar de meu, mas de um amor que me faça completamente sua, sem passar por cima da felicidade de outras pessoas, isso é algo em que sempre acreditei.
Ninguém é feliz tirando o chão de alguém.
Mas, mesmo após encontrar-me na profundidade dos seus olhos, quase afogando-me de amor, pude voltar para superfície da realidade e compreender que mesmo com o coração sangrando, eu precisava dizer adeus. Arranquei para fora do meu peito todo ego, e vi-me diante da mais difícil decisão da minha vida. Talvez a mais importante de todas: renunciar!
Um amor que não se vê por aí. Principalmente num mundo cheio regras e padrões.
Raramente conseguimos entrar no coração das pessoas se não houver em nós algo que realmente seja do interesse visual delas.
Eu vi em você muito mais do que os olhos carnais podem enxergar, eu vi uma alma cheia de luz e amor para dar. Mas vi o quanto você precisava também receber esse amor. Foi recíproco.
Após alimentar esse sentimento por tanto tempo, você me fez entender que tudo era apenas uma troca. Uma troca de ilusões! E uma vez sendo apenas uma troca, não pude mais acreditar na veracidade do amor que dizíamos sentir.
Sabe por quê?
Porque eu não o via da maneira que você tentou se mostrar. Eu renunciaria a muita coisa, se o nosso sentimento fosse livre. Livre como um pássaro que pode escolher seu ninho em qualquer lugar.
Não escolhi ser sua dor, sua saudade e nem sua decepção. Mas posso escolher não ser o motivo da dor, da saudade e da decepção de pessoas inocentes.
Ah, como foi difícil!
Mas ainda bem que posso sentir essa dor sozinha, sem afetar ninguém. Assim como acredito que você também esteja sentindo.
Vivamos esse luto, e quando finalmente essa dor passar, talvez possamos nos olhar nos olhos novamente sem nenhuma dor.
Verônica Moreira
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Verônica Kelly Moreira Coelho, natural de Caratinga/ MG, é mais conhecida no meio cultural e acadêmico como Verônica Moreira. Autora dos livros ‘Jardim das Amoreiras’ e ‘Vekinha Em… O Mistério do Coco’. Baronesa da Augustissima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente. Acadêmica Internacional e Comendadora da FEBACLA – Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências Letras e Artes e Delegada Cultural. Acadêmica Correspondente da ACL- Academia Cruzeirense de Letras. Acadêmica da ACL- Academia Caxambuense de letras. Acadêmica Internacional da AILB. Acadêmica Efetiva da ACL- Academia Caratinguense de Letras. Acadêmica Fundadora da AICLAB e Diretora de Cultura. Embaixadora da paz pela OMDDH. Editora Setorial de Eventos e colunista do Jornal Cultural ROL e colunista da Revista Internacional The Bard. Coautora de várias antologias e coorganizadora das seguintes antologias: homenagem ao Bicentenário do romancista e filosofo russo Fiódor Dostoiévski, Tributo aos Grandes Nomes da Literatura Universal e Antologia ROLiana. Instagram: @baronesa.veronicamoreira