Dos ventos do Seringal aos ares da cidade: a celebração da memória viva de Luciane Ferreira de Morais.

Em um tempo em que as raízes são muitas vezes esquecidas na correria das cidades, Luciane Ferreira de Morais guarda, como quem preserva um tesouro, o cheiro da mata, o som do rio e a simplicidade encantadora da vida no Seringal Riachuelo, às margens do Rio Envira, no município de Feijó, Acre.
Aos 41 anos, Luciane é uma mulher que carrega dentro de si o Acre em camadas — da natureza viva que a viu nascer à inquietação urbana que a instigou a pensar, sentir e escrever.
Nascida e criada no seringal até os 12 anos, ela voltou a viver essa terra em pensamento, memória e palavra, especialmente ao longo dos estudos universitários, quando cursava Geografia e, mais tarde, o mestrado em Linguagem e Identidade na Universidade Federal do Acre.
Casada e mãe, Luciane trilhou sua carreira na área administrativa, mas foi no silêncio das lembranças e na potência da escrita que reencontrou seu verdadeiro lar.

Seus poemas e narrativas atravessam o tempo e os espaços, como pequenos barcos deslizando pelas águas do Envira, resgatando a beleza da vivência rural e transformando-a em linguagem sensível.
De um lado, ela celebra o encanto das matas, a força dos rios e os sons do Seringal.
Do outro, observa com olhar crítico as transformações da cidade — especialmente a questão ambiental, que sempre a tocou profundamente.
A destruição das florestas por interesses econômicos sem freios lhe causa dor, mas também motiva reflexões poderosas.
Suas palavras não acusam: acolhem, questionam, despertam.
Entre a calmaria da infância rural e os ruídos da cidade, Luciane constrói pontes feitas de afeto e consciência.
Seus textos são como trilhas que guiam o leitor por paisagens de memória e resistência, com uma leveza que só quem foi criança no Seringal pode oferecer.
Hoje, ela celebra não apenas o lugar de onde veio, mas também o que ele representa.
O Seringal Riachuelo não é só cenário de suas lembranças: é força que a move, raiz que a sustenta e poesia que a faz florescer — seja em Feijó, em Rio Branco ou em qualquer outro território onde sua escrita encontre abrigo.
SINOPSE
São poemas que atravessam territórios geográficos acreanos — do seringal à cidade.
De um lado, a paixão e o encantamento pela natureza.
A liberdade permeia em cada verso. Momentos nostálgicos de quando ainda era uma criança.
Mas, não se engane, eles escondem alguns sentimentos repulsivos.
Do lado outro, angústias, incertezas, revoltas e ansiedades parecem prisões em muros de tijolos e cimento.
Mas não se engane, entre os concretos há flores-do-campo.
Que esses territórios memoráveis e reflexivos te permitam acolher com leveza e viajar pelos ventos que balançam os galhos da árvore — partindo do seringal para a cidade.
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OBRA DA AUTORA

ONDE ENCONTRAR
Resenhas da colunista Lee Oliveira
- Dos galhos de uma árvore teci versos acreanos - 9 de maio de 2025
- Renascendo das cinzas - 2 de maio de 2025
- Paulo Sá - 25 de abril de 2025

Lílian Oliveira Henriques, mais conhecida no meio lítero-cultural como Lee Oliveira, é Tecnóloga em Processos Gerenciais, artesã, poetisa e bookstagram, forma de consumo do objeto livro a partir da comunidade literária da rede social Instagram. Proprietária do Instagram @o.que.li, onde escreve resenhas de livros de autores nacionais e/ou independentes, dando luz a essas obras tão importantes para Literatura Brasileira e que, às vezes, não são valorizadas. Acadêmica da FEBACLA, onde ocupa a cadeira 242, tendo por patrona Elizabeth II, entidade pela qual foi
agraciada com as seguintes medalhas: – Medalha de Mérito Acadêmico
– Medalha Mérito Mulher Virtuosa – Medalha alusiva a 10 anos da FEBACLA – Acadêmica Internacional – Medalha Tributo a Chiquinha Gonzaga
– Destaque Cultural Febacliano 2022 – Comenda Sete Maravilhas do Mundo Moderno. É coautora das antologias ‘Um brinde de Natal’ e ‘Rimas, Versos e Bardos’.