novembro 22, 2024
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A agonia do capitalismo e os desvarios do Trump devem fazer ressurgir a contestação em larga escala

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Celso Lungaretti: ‘UM NOVO 1968 PODE ESTAR COMEÇANDO’

 

O protesto dos estudantes contra a palestra ultradireitista…

Esta notícia é atual:.

O campus da Universidade da Califórnia em Berkeley foi fechado nesta quarta-feira (1) em meio a um protesto violento contra uma palestra do editor do site de extrema-direita Breitbart, Milo Yiannopoulos.

A polícia ordenou que os manifestantes da universidade se dispersassem e, de acordo com a rede de TV americana CNN, pelo menos um incêndio foi iniciado pelos manifestantes.

Este trecho de um ótimo artigo da revista Cult, assinado por Sean Purdy (professor do departamento de História da USP), nos mostra o papel histórico que tal universidade desempenhou na década de 1960:                                                                                          .

A primeira grande mobilização do movimento estudantil nos Estados Unidos aconteceu na Universidade da Califórnia em Berkeley em 1964-1965 sobre o direito dos estudantes de organizar atividades políticas no campus, já que, nos anos 1950, os administradores dessa renomada universidade pública haviam banido tais atividades.

No outono de 1964, estudantes abertamente organizaram atos no campus em solidariedade ao movimento negro para desafiar as proibições. O aluno Jack Weinberg foi preso pela polícia e uma manifestação espontânea de 3 mil estudantes cercou o carro da polícia, proibindo-o de partir por 32 horas. Por dois meses, estudantes continuaram organizando grandes atos e manifestações sob a bandeira do Movimento pela Livre Expressão. Em dezembro, alunos ocuparam o principal prédio da administração da universidade. A polícia entrou e mais de 700 alunos foram presos.

…veio na sequência das manifestações de repúdio a Trump. 

Em janeiro, a universidade suspendeu os líderes da ocupação, provocando uma greve estudantil e manifestações amplas que efetivamente fecharam a universidade. Logo depois, a administração da universidade cedeu e atividades políticas foram permitidas no campus.

O Movimento pela Livre Expressão obteve uma vitória importante, inspirando a organização estudantil no país inteiro. Com a aceleração da guerra no Vietnã, a SDS e outras organizações montaram campanhas nacionais contra a guerra e contra o serviço militar obrigatório.

Estamos passando por momento semelhante, com uma difusa insatisfação entre os jovens dos EUA e Europa, cientes de que a crise econômica colocará enormes obstáculos no seu caminho para a inserção profissional e sucesso nas futuras carreiras. 

Os avanços autoritários pipocam em várias nações e a recém-iniciada presidência de Donald Trump vai na contramão de quase tudo que é belo, digno e justo na face da Terra, ameaçando tanger a humanidade para uma nova Idade Média ou mesmo para o extermínio (em função de seus desvarios ambientais).

Não é utópico trabalharmos com a hipótese de que os EUA novamente se dividirão entre uma embotada e intolerante parcela reacionária e uma ampla frente comum de pessoas esclarecidas e idealistas, dispostas a deter a marcha para a insensatez trumpiana. 

Trump poderá bisar o papel da Guerra do Vietnã: o de aberração contra a qual os melhores se unem.

Sendo que, desta vez, a correlação de forças não será maioria silenciosa x minoria estridente, mas, provavelmente, meio a meio (não esqueçamos que a o apresentador de reality show só ganhou permissão para tocar o terror graças ao estapafúrdio sistema eleitoral estadunidense, pois foi sua hilária adversária quem obteve maior quantidade de votos).

E, com os rigores que se abatem sobre a Europa, tudo leva a crer que uma escalada de protestos estudantis e outras manifestações de inconformismo contra as políticas de Trump repercutirá instantaneamente no velho continente, alavancando o ressurgimento, em larga escala, da contestação jovem.

Um novo 1968 não só é possível, como pode já estar começando.

Helio Rubens
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