novembro 22, 2024
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Obra inédita no Brasil analisa a imaginação como uma janela que se abre para a literatura, a sociedade e o espírito humano

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NORTHROP FRYE – UM CRÍTICO PARA NOSSO TEMPO

“Meu assunto é a imaginação educada, e educação é um algo que afeta toda a pessoa,
e não apenas pedaços dela. Ela não se limita a treinar a mente: é também um desenvolvimento social e moral.”

Celebrar a publicação de um livro inédito de Northrop Frye nestas bandas pode parecer exagero, visto que muitos podem se perguntar qual a importância de mais um livro de crítica literária – ou mais especificamente, sobre educação da imaginação –, em um país tão pouco afeito à leitura, e menos ainda à análise mais atenta e dedicada de obras literárias.

Mas a publicação de “A imaginação educada” é necessária justamente por abrir uma porta para o que podemos chamar de uma recuperação do sentido maior da escrita e, por conseguinte, da Arte.

Acostumados que estamos a críticos e criticismos que transitam dentro de um escopo limitado e, muitas vezes, apequenado ideologicamente, faltam-nos autores que tenham a ousadia de enxergar para além de construtos socioeconômicos, análises desconstrucionistas, psicologismos variados etc. Por mais que tais críticos encontrem novos significados em suas obras, terminam por criar feudos intelectuais sem buscar um diálogo comum, e por viciar leitores, outros críticos, autores e, portanto, a própria literatura, colocando assim a criação literária em uma camisa de força dogmática.

Afinal, eles, os críticos, “apenas aprenderam dessa maneira”

E se há um crítico literário que nos vem ensinar uma nova maneira de ler e compreender a literatura, esse crítico é justamente o canadense Herman Northrop Frye. Frye nasceu em 14 de Julho de 1912 em Sherbrooke, Quebec, e foi criado em Moncton. Em 1929 vai para Toronto, onde se matricula na faculdade de Victoria e, à exceção de dois anos em que estudou na faculdade de Merton em Oxford, permanece ligado à faculdade durante toda a sua vida.

É lá que inicia seus estudos, que nos 30 anos seguintes trarão à tona trabalhos excepcionais de crítica literária, educação, linguagem, etc.

Originalmente, “A imaginação educada” foi elaborada como um programa radiofônico, transmitido por todo o Canadá. Dividido em seis palestras – ou capítulos – o programa conta com meditações de Frye, de forma simples e direta, sobre aspectos que considera essenciais para sua visão. Portanto, temos aqui um Frye livre de pesos acadêmicos, com toda liberdade que o tom coloquial permite. Mas não se deixem enganar, pois apesar da leveza, Frye ainda assim nos entrega profundas meditações sobre a importância da imaginação diante de um mundo desiludido e preso a um niilismo crônico.

Mais do que apenas uma simples lista de obras canônicas, obrigatórias, a serem lidas de forma metódica e estéril, o que Frye oferece é uma visão ampla de um programa de ensino que busca expandir o horizonte intelectual dos alunos. Somente a imaginação pode salvaguardar a nossa herança cultural, e mais: fazer a ponte com outras culturas e visões de mundo, necessárias para uma compreensão maior de nossa humanidade.

Sem esta educação, estamos fadados ao fracasso imaginativo, que leva ao fracasso social. É interessante – e desolador – perceber quão próximo estamos da triste visão que Frye apresenta em sua última palestra, justamente aquela que trata sobre o fracasso de nossas pretensões.

Na última palestra, Frye retoma a história da Torre de Babel como o mito utopista e, pior, organizador de uma mente corrompida pela incapacidade imaginativa. A confusão de línguas em Babel é uma perda de identidade para Frye, bem como um fracasso da imaginação.

Para Frye a imaginação funciona como intermediária entre os sentidos e o intelecto, fornece a base da vida social e comunitária, sem a qual uma civilização está fadada a ruir.

“A imaginação educada” nos livra dos clichês, sensibiliza nosso moralismo e faz com que a literatura seja mais do que apenas um jogo de palavras vazias, usadas apenas para um deleite esteticista e vazio de sentido.

Como dito acima, mais do que apenas um programa dogmático de leituras, Frye propõe todo um modelo de educação, baseado em alguns princípios básicos, cuja forma mais clara e mais bem exposta encontramos em Robert D. Denham.

Com a publicação deste pequeno livro em nosso país, podemos resgatar um sentido maior para a literatura e para a educação, que vá além da mera construção de “agentes sociais ativos” e da celebração de esteticismos ocos, e o mais importante: revelar uma visão mais rica, profunda e essencial da cultura literária.

Ficha Técnica:
Número de Páginas: 136
Editora: VIDE Editorial
ISBN: 97885 95070 066
Preço promocional: R$29,90 para venda antecipada exclusiva: http://bunkerdodio.com.br/wordpress/

Helio Rubens
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