Pedro Israel Novaes de Almeida – ‘FIM DE LINHA‘
Nossa tumultuada e quase ilusória democracia atravessa seu momento mais crítico.
Presidentes, ministros, senadores e deputados, da atual ou passadas gestões, às centenas, figuram em lista oficial para serem investigados, por crimes que vão de corrupção a formação de quadrilha, passando por lavagem de dinheiro e inidoneidade de informações prestadas à justiça eleitoral, dentre outras.
Assaltos ao erário e desvergonha no desempenho dos mandatos, desde 1.500, figuraram como ingredientes naturais de nossa anedótica história, transcritos ao senso popular como inevitáveis ocorrências, amenizadas pelo tão repetido refrão “rouba mas faz”.
A corrupção brasileira de há muito deixou de ser uma apropriação de parcela de coisa coletiva, para ser a apropriação da coisa inteira. Os crimes de outrora geravam comodidades e algumas riquezas, mas os atuais geram fortunas e impérios, cruzando fronteiras e internacionalizando recursos financeiros.
A busca criminosa pelo recurso público tornou-se insaciável, sempre instrumentada pelo poderio associado a cada cargo ou função. São marginais em traje de gala, com discursos maravilhosos e, quase sempre, acreditados.
A corrupção sempre teve, como vítimas, as necessidades mais prementes da população, sucateando o ensino, a saúde, a educação e a segurança públicas. Em pleno século 21, a maioria dos brasileiros ainda vive em ambiente de insalubridade.
A crise, instalada pela conjunção de corrupção e ineficiência, chegou a ponto de frustrar o próprio recebimento de salários, por funcionários públicos de diversos estados da federação. O país está, literalmente, falido.
A esperança começa a surgir, nas ações certeiras da polícia, justiça e promotoria, todos funcionários públicos, além de setores da imprensa. Minoritários, políticos honestos continuam a clamar no deserto, com as biografias abaladas pela enxurrada de escândalos que diariamente surgem, tratando de seus pares.
Ocorre que os corruptos persistem poderosos, e não ficarão inertes, enquanto aguardam condenações, na lenta caminhada pelos meandros e trucagem jurídicas. A saída, nada honrosa, é legislar pela própria absolvição, ou penas diminutas, na absoluta indisposição para uma renúncia coletiva, esta sim, honrosa.
Por séculos, nosso desavergonhados demoliram instituições e fulminaram qualquer conteúdo partidário, mas restaram brasileiros, funcionários públicos ou não, capazes de combater o desmonte de nossa democracia.
A população deve, sob pena de habitar o inferno, abandonar sua imbecil tendência para dividir-se em militâncias de partidos vazios e figuras desacreditadas, para ladear os heróis que perseguem e tentam aprisionar os vermes que geraram e sustentam tamanha insensatez de políticos.
A Lava Jato não pode ser enfraquecida, e nosso judiciário deve operar com mais celeridade.
O tempo labuta em favor dos corruptos. Convém encurtá-lo.
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.