setembro 19, 2024
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SE FOSSE BRILHANTE, SERIA CARLOS LACERDA. COMO NÃO PASSA DE OURO DE TOLO, É REINALDO AZEVEDO.

Foto close Celso Lungaretti: ‘O ESTRIDENTE, ESPUMANTE E SELVAGEM REINALDO AZEVEDO TAMBÉM TROMBETEIA O IMPEACHMENT’.

Por Celso Lungaretti, no seu blogue.

Ele é jornalista, começou na esquerda, percebeu que não tinha consistência intelectual nem carisma para voos maiores, guinou à direita, foi endireitando cada vez mais, até que, finalmente, obteve os sonhados 15 minutos de fama e as sonhadas 30 moedas.

Fez uma opção realista: seus limitados dons eram insuficientes para destacarem-no entre os que travam o bom combate, mas bastavam para que, ao menos, se tornasse rei de um inferno (título brasileiro de um ótimo filme que Bryan Forbes dirigiu há meio século, mas o original cairia igualmente bem: King Rat), embasbacando iletrados com suas catilinárias raivosas, grosseiras e arquitendenciosas; e defender a desumanidade sempre foi e sempre será vantajo$o sob o capitalismo.

Suponho que eu nem precise dizer a quem me refiro. Se fosse brilhante, seria Carlos Lacerda. Como não passa de ouro de tolo, é Reinaldo Azevedo.

O pobre coitado exultou quando a Folha de S. Paulo lhe ofereceu a chance de defender o impeachment da presidenta Dilma Rousseff numa peleja com outro colunista, Ricardo Melo –tanto que fez questão de, ridiculamente, trombetear a grande novidade com quase uma semana de antecedência!

Na hora do vamos ver, não conseguiu bolar nada melhor do que, apostando no primarismo dos cuervos criados pela ultradireita tupiniquim (seus fãs de carteirinha), requentar a defesa que Ives Gandra Martins fez do impedimento de Dilma por negligência e/ou incompetência diante da roubalheira da Petrobrás, mesmo sem comprovação de que ela teria conscientemente favorecido a corrupção e/ou dela conscientemente tirado proveito.

O chato é que o RA havia sido reticente com relação à mesmíssima tese, quando lançada pelo citado porta-voz do Opus Dei. Mas, vale tudo, até plagiar quem pouco antes esnobara, para aparecer com destaque na Folha de S. Paulo, em mais uma vã tentativa de desmentir a avaliação verdadeiramente irrefutável da ombudsman anterior, Suzana Singer, a seu respeito (segundo ela, com mais estridência do que argumentos, mais espuma do que substância, RA trouxe para o jornal “a selvageria que impera no ambiente conflagrado da internet”).

Sua tediosa algaravia acabou apenas bisando as tediosas elucubrações direitistas baseadas na teoria do domínio do fato. Cita, p. ex., o art. 85 da Constituição Federal, pretendendo que Dilma teria cometido o crime de “atentar” contra “a probidade na administração”. Mas, uma rápida consulta a qualquer dicionário bastaria para RA constatar que tal verbo, neste sentido negativo, é sempre empregado para designar ações praticadas com um propósito intencional. Se Dilma ignorava a gatunagem petrolífera, não se pode imputar-lhe atentado.

Não decolou: só 1,9 milhão de adesões em 20 meses.

Manipulador primário, RA tenta fazer crer que o impeachment seria obrigatório no caso de Dilma, ao afirmar que “a nossa Constituição é eloquente sobre (quase) qualquer assunto”. Eloquente pode ser, mas inequívoca nem de longe é.

Juristas encontram argumentos legais para defender posições diametralmente opostas sobre (quase) qualquer assunto e, ademais, o entendimento dos tribunais muda com o transcurso do tempo.

Daí a importância geralmente dada à jurisprudência (as decisões anteriores sobre a mesma questão) –a qual, contudo, pode ser desconsiderada num dado processo, fincando nova tendência.

P. ex., a jurisprudência brasileira sobre refúgio humanitário era toda no sentido de que, quando o ministro da Justiça o concedesse, qualquer processo de extradição seria sustado. No entanto, os ministros Gilmar Mendes e Cezar Peluso conseguiram convencer o Supremo Tribunal Federal a anular a decisão de Tarso Genro no Caso Battisti, praticamente esvaziando a Lei de refúgio.

NÃO BASTA O PRESIDENTE SER DESASTROSO, É PRECISO EXIBIR SUAS DIGITAIS EM ILEGALIDADES.

Noves fora, o que decidiu a parada foi a voz das ruas.

O impeachment do ex-presidente Fernando Collor, único até hoje, foi aprovado pelo Congresso, mas o Supremo Tribunal Federal depois concluiu pela inexistência de provas aceitáveis (legalmente obtidas) de que ele houvesse incidido em corrupção passiva, bem como de comprovação de que ele tivesse antecipado, omitido ou retardado algum ato funcional em virtude de vantagem recebida.

Ou seja,  consagrou-se, ainda que a posteriori, o entendimento de que para anular-se uma escolha tão importante dos eleitores não basta um presidente da República ser desastroso, é preciso exibir suas digitais em  graves ilegalidades cometidas no seu governo.

Noves fora, o fator decisivo no impedimento de Collor foi a voz das ruas, o sentimento amplamente majoritário de que ele era mesmo corrupto e precisava mesmo ser afastado; justificativas legais foram produzidas, atenderam às necessidades daquele momento e não subsistiram quando deixaram de ser necessárias.

Como inexiste tal sentimento a respeito de Dilma, o mais provável é que a direita, por meio de seus estridentesespumantes e selvagens abre-alas, esteja apenas lançando balões de ensaio e tentando fazer o povo acostumar-se à ideia do impeachment. A tentativa pra valer ocorrerá adiante, quando  o fruto estiver maduro para ser colhido.

O que Dilma tem verdadeiramente a temer, portanto, é um aumento acentuado de sua rejeição à medida que a recessão se aprofunde e o escândalo da Petrobrás produza mais estragos. Se a voz das ruas chegar a execrá-la tanto quanto execrou Collor, acabarão aparecendo os acontecimentos e/ou argumentos que justifiquem sua derrubada do poder. É simples assim.

Como evitar tal desfecho?

Cumprir as promessas de campanha, deixando de fazer o que prometeu não fazer, seria um bom começo.

Afastar Joaquim Levy, Katia Abreu, Gilberto Kassab, George Hilton e outros ministros sinistros, idem.

Ou, o tiro na mosca, resgatar o ideário do Manifesto de Fundação do PT, principalmente o compromisso de, ao lado do povo, lutar pelo advento de “uma sociedade igualitária, onde não haja explorados nem exploradores”.

Pois aí voltaria a esperança e os melhores seres humanos teriam motivos de primeira grandeza para defender o governo atual, ao invés de estarem apenas tentando evitar um mal maior.

ENREDOS DA BEIJA-FLOR TAMBÉM EXALTAVAM A DITADURA DE MÉDICI
Por Celso Lungaretti, no seu blogue.
Beija-Flor favoreceu propaganda de Figueiredo e Médici

Não é de hoje que a escola Beija-Flor usa seus desfiles para exaltar ditaduras, como acaba de fazer no carnaval 2015, a soldo do tirano sinistro da Guiné Equatorial.

Conforme reportagem de outubro de 2013 do jornal Globo (vide íntegra aqui), para a qual o companheiro Ivan Seixas gentilmente chamou minha atenção, foi apoiando o regime de 1964 que os irmãos Aniz e Nelson Abraão David estabeleceram seu domínio sobre o município fluminense de Niilópolis no início da década de 1970, anexando territórios de pequenos bicheiros e passando a controlar a Beija-Flor (Nelson assumiu-lhe a presidência em 1972).

Os repórteres Chico Otávio e Aloy Jupiara mostraram a complementaridade entre sambas-enredos e a propaganda ditatorial, destacando que tal prestação de serviços tornou os dois bicheiros palatáveis aos autoproclamados guardiães da moralidade:

São dessa época os enredos ufanistas, pró-regime militar, que marcaram a história da escola: Educação para o desenvolvimento (de 1973, cujo samba citava: ‘uni-duni-tê, olha o A-B-C, graças ao Mobral, todos aprendem a ler’), Brasil ano 2000 (de 1974, que associa otimismo e progresso) e O grande decênio (de 1975, sobre os dez anos do regime). Assumir a escola permitiu à família sedimentar a relação com o regime e fortalecer o poder no município, como instrumento de influência política. (…) O círculo de amizades, que envolvia autoridades militares e pessoas da alta sociedade, aliado às vitórias no carnaval, deu a Aniz uma visibilidade que ajudou a blindar seus negócios na contravenção.

Outra reportagem da mesma série (vide íntegra aqui) esmiuça a “aliança que mudaria o perfil do crime organizado no Brasil: a de agentes da ditadura com a contravenção”, cujo símbolo mais notório é o capitão Aílton Guimarães, torturador da 1ª Companhia de Polícia do Exército da Vila Militar (RJ) que caiu em desgraça na caserna por ter-se envolvido com contrabandistas e foi iniciar nova carreira no submundo de Niterói:

Pelo menos dez agentes, entre militares e civis, atuaram na máfia da jogatina ou colaboraram com ela, chegando a ocupar cargos na hierarquia do bicho, principalmente a partir do desmonte gradual do aparelho repressivo no governo Geisel…

Esvaziados pelo processo de distensão política ou excluídos por envolvimento em crimes comuns, agentes da repressão encontraram abrigo na máfia do jogo do bicho quando a guerra suja perdia a força na metade dos anos 1970. O coronel Freddie Perdigão Pereira, os capitães Ronald José Motta Baptista de Leão e Luiz Fernandes de Brito, o sargento Ariedisse Barbosa Torres, o cabo Marco Antônio Povoleri, os delegados Luiz Cláudio de Azeredo Vianna, Mauro Magalhães e Cláudio Guerra, e o detetive Fernando Gargaglione, além do Capitão Guimarães, todos com folha de serviços prestados à ditadura, são citados (…) como integrantes desse pelotão arregimentado pelo bicho.

Vale ressaltar que, além da PE da Vila Militar, também o DOI-Codi/RJ e a Casa da Morte de Petrópolis serviram como “incubadoras de capangas da contravenção”, no dizer do Globo:

Aniz Abraão David, o bicheiro que é patrono da Beija-Flor.

Na Casa, p. ex., atuou o então comissário e depois delegado da Polícia Civil Luiz Cláudio, codinome na repressão “Laurindo”, mais tarde braço-direito de Anísio. O sargento Torres, (…) da equipe de interrogadores do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido em 1971, é outro que migrou do DOI à contravenção. Ele se tornou segurança de Anísio e chefe de barracão da escola de samba Beija-Flor.

Daí a conclusão da cientista política Maria Celina d’Araújo:

Montou-se com a ajuda desses operadores da repressão e da tortura a quase inexpugnável rede mafiosa do jogo do bicho e empresas de arapongas. A Liga das Escolas de Samba é patrocinada e dirigida por contraventores. Ironicamente, no carnaval, nenhum político ou governante posa ao lado de seus organizadores, embora a Liesa seja financiada com dinheiro público.

Para os interessados em mais informações, recomendo a leitura do meu artigo de 2007 sobre o capitão Guimarães, Ex-torturador é chefão da máfia do bingo (vide aqui), bem como do restante da ótima série do jornal Globo:

  • Tropa de Aniz Abraão David contou com torturador da Casa da Morte (vide aqui)
  • Família Abraão Diniz teve informante ligado à polícia do Exército (vide aqui)
  • Torturador do DOI-codi chefiava barracão da Beija-Flor (vide aqui)
  • Nos porões da contravenção: ‘Irmãos’ na guerra do jogo (vide aqui)
ADM
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