Francisco Evandro de Oliveira:
‘Análise da música Explode Coração’
A composição musical “Explode Coração”, letra e música do cantor e compositor Gonzaguinha, que também foi gravada pela cantora Maria Betânia, a qual foi lançada no ano de 1979, em análise mais direta, reflete um confronto entre um sentimento avassalador de amor existente e a necessidade de explanar esse amor escondido no mais profundo do seu ser.
O autor vê se aproximar o momento de jorrar e explanar para todos o amor sofrido e sentido por alguém que não enxerga esse belo sentimento.
A pressão é forte e ele não suporta mais não ser visto e sentido seu imenso amor. Não deseja mais segurar e seu coração explode de emoção sentida e seu amor emerge com todas as suas forças e desejos de amar e ser amado.
Entretanto, a música também ao meu ver, reflete, sem sombra de dúvida, momentos tristes do autor aliado ao imenso amor, possivelmente platônico dedicado a alguém que não o enxerga e que o deixa amargurado, melancólico, triste e delambido por causa desse amor impossível, mas ele é forte e ao explodir seu amor para todos é uma maneira de tentar vencer as adversidades do momento desse seu profundo amor.
Em sentido bem mais amplo, a música pode ter sua letra analisada de forma subjetiva, e percebe-se que é um grito de liberdade da sociedade que já não suportava e não aguentava mais a opressão da ditadura e o amor oprimido representava o povo brasileiro e seu desejo de liberdade e a anistia, geral, ampla e irrestrita que o governo concedeu no citado período que a música foi lançada.
É, sem sombras de dúvidas, o ‘explode coração’, é a voz do povo que se faz ouvir em busca da liberdade, após tantas prisões, torturas e assassinatos.
Vejo e sinto nessa belíssima composição uma forma mais que sutil do poeta Gonzaguinha falar para o povo brasileiro sobre a conjuntura política reinante em sua época, sem explicitar diretamente a situação.
Somente quem analisou com olhar mais escorreito é que pode perceber essa comparação entre a música ‘Explode Coração’ e o grito de liberdade com a chegada da anistia.
Foi assim que eu analisei, e sei que, porventura, poderá haver outras análises.
Francisco Evandro Farucki
Contatos com o autor
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