Célio Pezza – Crônica # 357 – Corrupção e Poder
Um dia deste assisti a uma palestra do mestre iogue Sadhguru Jaggi Vasudev sobre Corrupção e Poder.
Como esse tema está muito em pauta no Brasil atual, resolvi fazer uma pequena crônica sobre o assunto.
O fundamental da mensagem é que o Poder não corrompe. As pessoas são corruptas. Quando elas ganham o poder, isso se torna muito mais visível.
Se essas pessoas não têm visibilidade, você não as enxerga e a corrupção passa despercebida. Quando essas pessoas adquirem poder, a corrupção delas ganha volume e passa a ser visível.
Da mesma forma, alguém que não é corrupto, não se tornará corrupto por causa de ter mais poder.
Vamos entender o que é corrupção em sua essência: Se existe algo chamado de “eu” e algo chamado de “você”, a corrupção começa, porque o que é “eu” é mais importante do que é “você”. Quando isso é meu e isso não é meu, ela se aprofunda.
Se você se identificar apenas com seu corpo, se ficar muito apegado a ele, temos um nível de corrupção, mas é numa escala tão pequena que ninguém nota, ou todos acham natural. Depois vem a comunidade, a raça, a religião, etc.
Essencialmente corrupção significa qualquer pensamento de bem-estar, atos de bem-estar que o ser humano é capaz, quando está excluindo alguém. A questão é que essa é uma forma de corrupção socialmente aceita. Se algo acontece com sua família, com seus filhos, você irá derramar muitas lágrimas, mas quando você vê nas ruas crianças andando sem roupas e sem comida, nenhuma lágrima vem, portanto você é corrupto.
Se você se tornar muito importante, sua corrupção será reportada na mídia, pois afeta muitas pessoas; se você não tiver nenhum poder, ela passará desapercebida, pois não afeta muitas pessoas.
Em outras palavras, se a vida de seu filho corre perigo, baldes de lágrimas virão, mas se a vida dos filhos dos outros estiver em perigo, você não vai derramar uma lágrima; isso mostra que você é corrupto.
Corrupção não é sempre algo consciente; no momento em que você se identifica com o que é seu e com o que é meu, você é corrupto. Com o poder, isso se tornará mais visível. É por isso que vemos a corrupção nas pessoas que têm mais poder.
Se você fizer sua identidade com sua comunidade, você fará coisas boas para sua comunidade em detrimento de outra comunidade.
Se você se identificar com a sua nação, você fará coisas boas para sua nação, ao custo de outras nações; isso não é percebido como corrupção, mas é corrupção.
O mundo inteiro está cheio de corrupção.
Um contra o outro todo o tempo – o que é meu deve ir bem e o que é seu não me interessa – isso é corrupção.
Portanto, não é o poder que corrompe. As pessoas são corruptas e, com o poder, sua corrupção encontra mais expressão.
Existe uma árvore que produz flores e outra que produz espinhos; quanto mais poder você colocar nelas, mais uma produzirá flores e a outra, produzirá espinhos.
Para mudar, temos que consertar nossa identidade biológica e mudá-la para divina. Essa é uma escolha que todos nós temos.
Se você se identificar com o divino, você dissolve todas as suas identidades limitadas e sua identidade é uma só; nessa condição, não existiria o bem-estar de um às custas do bem-estar do outro.
Nessa situação, a corrupção deixa de existir, pois deixa de existir o “eu” e “você”.
Célio Pezza / Junho, 2017
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.