A presidenta Dilma Rousseff, em meio à semana mais azíaga de seus dois governos, conseguiu dar outro tiro no pé: compareceu a um evento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, em Eldorado do Sul, apenas para levar merecidos puxões de orelha de João Pedro Stedile, principal porta-voz do MST, e responder-lhe pifiamente, decepcionando mais uma vez aqueles que a elegeram.
Como se não bastassem a goleada que sofreu nas ruas no último domingo (15), a queda de sua popularidade a percentuais nunca dantes vistos neste país num início de governo, o começo da debandada daqueles que tradicionalmente abandonam os barcos quando estão afundando e as novas evidências surgidas de que o programa Mais Médicos torna o Brasil cúmplice de um país que viola os direitos humanos e trabalhistas dos seus doutores, Dilma teve de ouvir, na lata, o que grande parte dos petistas estão pensando do seu segundo mandato, mas poucos têm coragem de dizer.
Eis trechos do desabafo do Stedile:
“Nenhum ministro deve se sentir superior ao povo. Porque fomos nós que elegemos a presidenta e apenas demos um mandato para ela escolher os ministros. Então, os ministros da senhora têm de ser mais humildes, como disseram na televisão. Ser mais humilde não é para ir pro Céu. É para ouvir o povo, as nossas organizações, para saber onde tem problema.
“Se o orçamento tem problemas, por que é que o seu Levy não vem discutir conosco? Porque temos propostas. Não basta querer acertar o Orçamento da União apenas cortando o gasto social. Quem tem que pagar a conta não são os trabalhadores, são os ricos e os milionários [Bravíssimo!!!].
“Não dá para continuar assim, [ao escolher ministros] não olhe para partidos, que entram lá para fazer sua ‘cotinha’ medíocre.
“Queremos um novo modelo agrícola, que se baseie na produção de alimentos saudáveis para evitar que continue a proliferação do câncer. O agronegócio é um exportador de veneno! [Bravíssimo!!!]“.
Já as falas da Dilma, sem nenhum jogo de cintura para sair dessas saias justas, foram na linha daquele mais do mesmo que só faz aumentar a sua rejeição, pois sinaliza que ela vai insistir no estelionato eleitoral. Continuará marchando na contramão das promessas que fez em campanha, numa aposta insensata no grande capital como sustentáculo do seu mandato, ao invés escorar-se nos explorados:
“A concepção do movimento é uma, de um governo é outra [Uma pergunta singela: se soubéssemos que era assim que a coisa acabaria, teríamos ralado tanto para colocar o PT no governo?]. O governo olha para o país e vê vários setores, não vê só a agricultura familiar. Olhamos o país e vemos também o agronegócio [Tem a cara da Kátia Abreu, aquela que agora é amiga da Dilma desde criancinha…], vemos todas as reivindicações… Entre a crítica ser democrática e a gente aceitar a crítica tem uma pequena distância [Pequena?! A mim, mais me parece um fosso…].
“Agora nós não temos como continuar absorvendo tudo [refere-se aos impactos da crise internacional, a qual, por sinal, já terminou lá fora. É uma admissão da Dilma, de que cometeu erros crassos no primeiro governo?]. Não estamos pedindo para ninguém assumir toda a responsabilidade. Não estamos acabando com as políticas sociais, estamos ajustando um pouco [Um pouco?! A mim, mais me parece um garrote vil sendo apertado…].
“Esse momento de dificuldade é passageiro e conjuntural. Nós juntos, aprovando o ajuste, saímos disso no curto prazo [E o diploma de otário, quando será entregue aos que engolirem esta patranha? O ajuste inevitavelmente nos imporá rigores acentuados durante 2015 inteiro, provavelmente em 2016 também e talvez nos anos seguintes. Isto lá é curto prazo?!]”.
Resumo da opereta: se nas ruas o Fora, Dilma! ganhou (no número de cidadãos presentes às respectivas manifestantes) por 10×1 do Fica, Dilma!, a proporção se manteve no embate com o Stedile. Ele foi convincente nas críticas e ela, persistente no distanciamento de suas bases. Um desastre em termos de comunicação, como da hábito.
Quanto mais precisa dos explorados para salvar sua cabeça, mais Dilma os aliena e tenta convencer os exploradores de que seguirá à risca o desumano receituário neoliberal. A rainha Maria Antonieta não faria melhor.
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros, Editor-Geral do Jornal Cultural ROL e um dos editores do Internet Jornal. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA. Membro Fundador das seguintes entidades: Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA; Academia Hispano-Brasileña de Ciências, Letras e Artes – AHBLA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola – NALLA e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 7 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Dr. h. c. em Literatura, Dr. h.c. em Comunicação Social, Defensor Perpétuo do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro e Honorável Mestre da Literatura Brasileira; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela Academia de Letras de São Pedro da Aldeia e Associação Literária de Tarrafal de Santiago, Embaixador Cultural | Brasil África – Adido Cultural Internacional