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Coluna Sergio Diniz da Costa no jornal da APEVO

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 Coluna Sergio Diniz da Costa no jornal da APEVO 

outubro de 2017 

LITERATURA, ARTES & CURIOSIDADES

 

GERALD THOMAS E A ÓPERA SECA

 

Gerald Thomas Sievers (Rio de Janeiro, 1º de julho de 1954), mais conhecido como Gerald Thomas, é um autor e diretor de teatro brasileiro com carreira internacional. Seus trabalhos se dividem entre o Brasil, a Inglaterra, a Alemanha e os Estados Unidos.

Formado em filosofia, aprofundou a sua vida teatral no La MaMa de Nova Iorque, adaptando e dirigindo peças dramáticas e a prosa de Samuel Beckett. Trabalhou com Julian Beck e o Living Theatre, inicialmente em Paris, adaptando novas ficções do autor, entre elas, All Strange Away e That Time com o próprio Julian Beck como ator, em sua única atuação como ator fora do Living.

 

Com polêmicas adaptações em palcos brasileiros, dirigiu atores importantes como Fernanda Montenegro, Antonio Fagundes, Rubens Corrêa, Sérgio Britto, Tônia Carrero, Marco Nanini e Ítalo Rossi.

A “Enciclopédia Itaú Cultural” descreve o início da carreira de Gerald Thomas (…) em Londres. No La MaMa, espaço dedicado a encenações experimentais de todo o mundo produz três espetáculos consecutivos, com textos de Samuel Beckett. Desde o seu primeiro projeto, objetiva uma encenação na qual a identificação emocional fosse suprimida, dedicando-se “a mostrar o pensamento como processo, e o processo como tempo e espaço da cena”. Encenador polêmico, criador de uma estética que elabora de forma particular os recursos teatrais. Gerald Thomas renova e questiona a cena brasileira nas décadas de 1980 e 1990.

Suas peças já foram apresentadas em vários países, em teatros como o Lincoln Center em Nova Iorque, o Teatro Estatal de Munique, o Wiener Festwochen de Viena e eventos como o Festival de Taormina. Nos 15 países em que já se apresentou, suas produções foram, muitas vezes, transmitidas em redes nacionais de TV.

Nos anos 1980, além de Samuel Beckett, Gerald Thomas trabalhou com o autor alemão Heiner Müller, encenando suas obras nos Estados Unidos e no Brasil. Também nessa época começa uma feliz parceria com o compositor americano Philip Glass.

A Companhia Ópera Seca. Em 1985, Thomas idealiza e dá forma à sua Companhia Ópera Seca, em São Paulo. Com a Companhia, Thomas escreveu e dirigiu grandes sucessos, entre eles: Eletra com Creta, A Trilogia Kafka, Carmem Com Filtro, Mattogrosso, The Flash and Crash Days, A Trilogia da B.E.S.T.A., M.O.R.T.E

Em 2009, Thomas escreveu um manifesto declarando seu “adeus para o teatro”. No entanto, em 2010, radicado em Londres, fundou a Cia. London Dry Opera. “Throats”, escrito e dirigido por ele, teve sua temporada Teatro Pleasance em Islington de 18 de fevereiro a 27 de março de 2011. Segundo Thomas, o espetáculo era uma tentativa de exteriorizar o que sentiu testemunhando os ataques de 11 de setembro de 2001, quando ajudou no socorro às vítimas no World Trade Center.

Desgostoso com esse trabalho, por acreditar não ter corrido riscos e ter se plagiado, Thomas reformulou totalmente a peça, dando origem a “Gargólios”, que estreou em São Paulo em julho de 2011. Segundo o autor, “Fiz cenas que nem eu entendo direito por que estão lá, mas que têm o som da verdade”.

Em 2010 ressurge em Londres com a sua London Dry Opera Company, apresentando “Throats” (de sua autoria) no Pleasance Theatre no Norte de Londres.

Em 2011, com a mesma London Dry Opera, encena “Gargolios” – que faz viagens mundo afora.

Em 2012 – 2013, Thomas publica livros como “Nada Prova Nada” (editora Record) e seu livro de desenhos e pinturas “Arranhando a Superficie” (editora Cobogó) e, finalmente volta aos palcos brasileiros com Ney Latorraca, Edi Botelho e a atriz portuguesa Maria de Lima em “Entredentes” (de sua autoria) no Sesc Consolação em São Paulo.

Prêmios.  Prêmio Molière, Prêmio Mambembe

Trabalhos

Entre tantas peças de Gerald Thomas, destacam-se: “Entredentes“, em 10 de abril de 2014, no SESC Consolação – Teatro Anchieta, em São Paulo, retomando sua parceria com Ney Latorraca, Edi Botelho e Maria de Lima. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o espetáculo marca um renascimento do autor e diretor. “Entredentes” tem trilha do próprio autor e também de Philip Glass.

 Terra em Trânsito, com Fabiana Gugli como uma diva que alimenta um ganso para fazer foie gras.

 Asfaltaram o Beijo, homenagem a Samuel Beckett, em que Gerald foi ator de um espetáculo inteiro pela primeira vez.

 Um Circo de Rins e Fígados (2005), comédia política com Marco Nanini, foi o maior sucesso da carreira do diretor. Desde a sua estreia, em 30 de abril, a peça foi vista por mais de 80 mil pessoas em todo o Brasil e na Argentina.

 Tristão e Isolda (2003), no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, ópera escrita por Richard Wagner, sob encomenda do imperador Dom Pedro II, posteriormente paga por um industrial brasileiro que vivia em Dresden. Porém, como o teatro só ficou pronto em 1908, a ópera estreou em Dresden e em Munique, em meados do século XIX). A montagem foi marcada pelo incidente ocorrido na estreia, em que a manifestação de nudismo de Gerald Thomas não agradou alguns setores da plateia.

Deus ex machina (2001), uma versão brasileira de peça dinamarquesa que Thomas escreveu e dirigiu para a Dr. Dante Aveny Company, “Chief Butterknife”, em 1996. Com sua companhia brasileira, a peça assumiu um significado totalmente diferente, especialmente depois dos ataques de 11 de Setembro de 2001, que Thomas viu de seu apartamento em Williamsburg, tendo mais tarde participado do resgate no Ground Zero, durante 21 dias.

 

Um mega abraço e até a próxima edição!

Sergio Diniz da Costa – sergiodiniz.costa2014@gmail.com

 

 

 

 

 

Sergio Diniz da Costa
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