“Junto dessa despedida – entre amigos, parentes ou desconhecidos – também inventou-se a expressão: ‘amo de paixão’. O estranho é que fala-se assim referindo-se a uma pessoa do mesmo modo que se diz de uma sobremesa, de um gato, de um passeio ou da lanterna do celular quando a energia elétrica falha.”
Depois de muito pensar, decidi escrever a partir do riso, afinal, não se trata de uma zombaria, até porque, é preciso respeitar as opções que as pessoas criam e fazem, ainda que sejam, do meu ou do seu ponto de vista, absurdas.
Falando nisso, eu me lembrei que em tempos de completa correria para todas as pessoas por toda e qualquer coisa, inventou-se o: “tchau, tchau”. Por quê? Ora, porque um só tchau deve ser pouco e quem usa a expressão quer destacar, então, enfatiza duas vezes.
Quem dera fosse só isso!
Junto dessa despedida – entre amigos, parentes ou desconhecidos – também inventou-se a expressão: “amo de paixão”. O estranho é que fala-se assim referindo-se a uma pessoa do mesmo modo que se diz de uma sobremesa, de um gato, de um passeio ou da lanterna do celular quando a energia elétrica falha.
Não bastasse dizer amo, mesmo sem referência às pessoas, mas às coisas, decidiu-se que é preciso acrescentar a palavra “paixão”. Então, amo de paixão, assim como o tchau, tchau, querem enfatizar.
É só?
Não, não é!
Se fosse, então, teríamos na mesma vala, além delas, as expressões: “super bom”, “super pequeno” e “muito demais”, só como exemplos. Estas, que de tão absurdas, sequer são consideradas pela linguagem oficial.
Mas, vamos lá!
E o riso, cadê?
Ouvindo tais absurdos como brincadeiras culturais que passam, modas que sobreviverão por algum tempo e depois, cairão naquela vala dos “desaparecidos”, pensei em oferecer algumas modas. Estou criando, a partir desta publicação, as expressões:
Ouvindo tais absurdos como brincadeiras culturais que passam, modas que sobreviverão por algum tempo e depois, cairão naquela vala dos “desaparecidos”, pensei em oferecer algumas modas. Estou criando, a partir desta publicação, as expressões:
· 1 e meio: para economizar no tempo, já que tchau, tchau ficou longo e a correria é grande, começaremos a dizer: “tchau, tchá”. É um inteiro e mais metade, só metade de outro tchau.
· 3 inteiros: para quem está com bastante tempo disponível, pois, seus compromissos, todos urgentes, podem esperar, então: tchau, tchau, tchau. Viu só, estamos enfatizando o enfatizado, repetindo o repetido e abusando do espaço que ocuparemos naquela tal vala dos desaparecidos no Tempo.
· Ilimitado: só para quem tem tempo de sobra e nem pensa em correria. É para gente que pode andar, sem correr. Para estes, a moda é dizer tchau até que a outra pessoa não esteja mais em seu campo de visão. Veja só: tchau, tchau, tchau, tchau, tchau, tchau, tchau, tchau… Chega!
Para encerrar, quero dizer da expressão: legal.
Ela já foi dita sobre aquilo que tem relação às leis, à legislação, enfim, ao que a sociedade decide e determina como norma e regra obrigatórias.
Hoje, legal funciona como cola para qualquer coisa. Até para aqueles momentos que não se tem nada a dizer. Aí, a expressão vira muleta, algo que se usa para não se desabar diante do silêncio numa situação, que pode ser constrangedora se ninguém disser nada. É assim que alguém salva todo mundo dizendo: legal! A tal que tudo cola serve para gente, animais, objetos, situações, sentimentos, alimentos ou aquilo que ainda nem foi inventado. Desta, eu diria, fuja, porque é rasteira “por demais”! KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Élcio Mário Pinto – 08/12/2017 – elcioescritor@gmail.com
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024