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Pedro Novaes: 'Fundo do Poço'

Pedro Israel Novaes de Almeida – ‘FUNDO DO POÇO’

Somos, diariamente, massacrados por notícias que angustiam.

O lado trágico de tais notícias reside no fato de não termos, pessoalmente, como interferir para dar um basta aos absurdos que acontecem, mundo afora e em nosso próprio quintal.

A Síria tem sido palco de um festival de horrores, e a barbárie segue, sem discriminar idades e fragilidades. Ali, as vítimas são meros e desprezados detalhes, no tabuleiro onde guerreiam poderosos.

Na Venezuela, o caos político continua gerando fome, desemprego e uma inflação de três dígitos, sob a batuta de um ditador que aparelhou todos os poderes do Estado. Sírios, e agora venezuelanos, tentam encontrar, em outros países, o respeito e calmaria que perderam.

Organizações de países seguem, tão impotentes quanto inoperantes, delegando, a um seleto grupo de poderosos, o poder de vetar soluções que não lhes interessam. De respeitadores da soberania dos povos, rumamos a mantenedores de ditaduras perversas, como se fossem implantadas por quereres da população.

O mundo anda repleto de governantes exóticos e extravagantes, que não raro chegam ao poder com discursos maravilhosos, e logo passam a imperar sob a batuta da desonestidade e desrespeito, impondo ao povo os mais estranhos e pérfidos ideários, que não raro contemplam o culto personalista do mandatário.

O Brasil, onde impera a visão popular de que ainda falta muito para chegarmos ao fundo do poço, a descrença cresce dia a dia, generalizada. Poderes e poderosos são continuamente desacreditados, pelo turbilhão de escândalos que são diariamente noticiados. No incestuoso relacionamento entre os poderes, as leis acabam entendidas e aplicadas sob o manto desavergonhado dos conchavos e conveniências.

O loteamento de cargos e estruturas, prostituído e imoral expediente para a constituição de bancadas parlamentares, corrói, há séculos, o regular funcionamento e credibilidade das instituições. É triste a situação de um povo que não se considera representado, pouco acredita em suas autoridades e míngua, nas portas dos hospitais, para morrer vítima de violência, em uma esquina qualquer.

Seríamos mais felizes se nossos infortúnios decorressem da ineficiência dos governos, ou da natural pobreza de nossos recursos naturais. Ocorre que o Brasil é naturalmente riquíssimo, e nosso maior algoz é a desonestidade humana, encastelada em quase todas as estruturas oficiais.

Estamos, aos poucos, perdendo a civilidade, e espetáculos diários de grosseria e desacato surgem, aqui e acolá. Temos sido crescentemente tolerantes com os desvios de comportamento e atitudes violentas, na escola, no trabalho e na própria casa.

Tradições e culturas encontram-se fragilizadas, e todo conceito parece relativo, quando não politicamente incorreto. Somos, diariamente, atingidos por chavões simplistas e diagnósticos apressados.

Somos um povo à deriva, vítima fácil de qualquer aventureiro que saiba explorar a miséria cidadã em que fomos metidos.

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

Helio Rubens
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