Rafael Alves França, o Mestre Cobrinha Verde, viveu entre 1917 e 1983 e foi um dos mais temidos e respeitados capoeiristas de sua época
Na série de matérias sobre a Capoeira, a 1ª parte abordou a origem da Capoeira (http://www.jornalrol.com.br/luta-danca-ginga-toque-e-floreios-as-varias-faces-da-capoeira-1a-parte-origem-da-capoeira/).
A 2ª, sobre a luta, música, canções, toques, ginga e floreio (http://www.jornalrol.com.br/as-varias-faces-da-capoeira-2a-parte-luta-musica-cancoes-toques-ginga-e-floreios/)
A 3ª iniciou a série Os Grandes Mestres da Capoeira, sendo que a primeira matéria discorreu sobre o Mestre Besouro Mangangá (http://www.jornalrol.com.br/as-varias-faces-da-capoeira-3a-parte-os-grandes-mestres-da-capoeira-mestre-besouro-manganga/
Continuando, o Mestre Cobrinha Verde (Rafael Alves França):
Rafael Alves França, o Mestre Cobrinha Verde, viveu entre 1917 e 1983 e foi um dos mais temidos e respeitados capoeiristas de sua época.
Nascido na cidade de Santo Amaro da Purificação, berço da capoeira baiana, afirmava ser um parente legítimo do lendário capoeirista Besouro Mangangá, mais precisamente seu primo.
Foi com ele que, aos quatro anos de idade, se iniciou na arte da capoeiragem. Além de seu primo, também teve a oportunidade de aprender com os mais famosos capoeiristas daquela época, como Siri de Mangue, Canário Pardo e Doze Homens.
O apelido ‘cobrinha-verde’ foi dado pelo próprio Besouro Mangangá, devido à sua agilidade e destreza com as pernas. Foi um dos poucos conhecedores do jogo de ‘Santa Maria’.* Toque onde os capoeiras jogavam com navalhas entre os dedos dos pés e chegou a ser o mais antigo capoeirista em atividade.
Alcançou o posto de 3° Sargento no antigo Quartel do CR em Campo Grande e chegou a participar da revolução de 32. Após dar baixa no exército, começou a dar aulas de capoeira na Fazenda Garcia.
Também ensinou no Centro Esportivo de Capoeira Angola Dois de Julho, localizado no nordeste de Amaralina. Chegou a dividir os trabalhos com Mestre Pastinha, onde passou seus conhecimentos para seus alunos que incluíam os futuros mestres, João Grande e João Pequeno.
Cobrinha Verde sempre ensinou a capoeira de graça. Conforme foi contado por ele próprio, seu primo Besouro o fez prometer que jamais cobraria dinheiro para ensinar a arte da capoeira. E essa promessa foi mantida até o final de sua vida.
Em determinada época de sua vida Mestre Cobrinha Verde sai do recôncavo baiano e viaja grande parte do nordeste se metendo em várias aventuras, entre elas, acompanhar o bando de cangaceiros de Horácio de Matos.
Em uma dessas aventuras contou que em certa ocasião, armado com um facão de 18 polegadas, enfrentou oito policiais que abriram fogo contra ele e com o dito facão conseguiu desviar todas as balas. Alguma semelhança com seu primo Besouro?
Esta e muitas outras façanhas eram atribuídas não só à sua agilidade e destreza, mas também a algumas mandingas que só os baianos do recôncavo conhecem.
Contava o mestre que essas mandingas foram ensinadas por um africano de nome Pascoal que era vizinho de sua avó. Dizia o mestre que possuía um patuá com poderes mágicos, que poderiam livrá-lo de inimigos e de algumas situações críticas, quando se metia em alguma confusão.
Dizia também que esse patuá era vivo e que ficava pulando, quando era deixado num prato virgem. Mas um dia o patuá foi embora por causa de um erro que o mestre havia cometido.
Depois de muitas aventuras e ‘causos’ para contar, Cobrinha Verde volta à Bahia, onde vive até o final de sua vida.
Em 1963, foi convidado pelo ator de cinema Roberto Batalin, para gravar um disco de capoeira, junto com os mestres Traíra e Gato. Este disco recebeu o nome de ‘Traíra Capoeira da Bahia’.
Foi um dos primeiros do gênero e é considerada uma obra prima da capoeira. Em 1983, Mestre Cobrinha Verde se despede deste mundo, deixando um legado digno dos antigos mestres da capoeira da Bahia.
(Fonte de pesquisa:
Fundação Arte e Vida Capoeira. http://danielpenteado.com.br/Mestrecobrinhaverde.html>. Acesso em: 04 abr. 2018)
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024