“Então não permita Deus que eu morra/ sem ver um fio de esperança brilhar,/ sem ver a derrubada da masmorra,/ sem ver o Sabiá e o povo,/ aqui de novo, cantar..”
Assim versejou Dias na Canção do Exílio:
“Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores….”
Será?
Hoje na minha terra a palmeira
ainda é verdejante
mas as aves em revoada,
entristecidas gorjeiam pra la.
O nosso céu ainda azul
impávido assiste esse colosso
deitar em catre, adoecido;
Nossas matas desmatadas,
nossos bosque sem flores,
nossa vida em teu seio, Mãe
chora as dores
de um povo maltratado e esquecido.
À noite fico cismando
qual é o meu prazer?
É ver diariamente um bando armado
distribuindo bala de aço sem lei
que rasga sem clemência a carne inocente?
Sim, minha terra tem palmeira
Onde já não canta o Sabiá,
Mas tem gente!
onde resmunga os sem eira nem beira,
mas ecoa o riso fácil do rei.
Minha terra de antigos primores
escancara à minha cara as vilanias,
os prazeres são dissabores
nas cidades e cercanias.
Então não permita Deus que eu morra
sem ver um fio de esperança brilhar,
sem ver a derrubada da masmorra,
sem ver o Sabiá e o povo, aqui de novo, cantar.
Andrade Jorge – andradejorge2@bol.com.br
22/03/2018
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024