Pedro Israel Novaes de Almeida
Aquele antigo ditado de que os países são soberanos parece estar com os dias contados.
A soberania sempre foi maculada, por interesses econômicos, ideológicos e estratégicos, mas rumamos a um futuro em que, cedo ou tarde, a dignidade humana acabará justificando intervenções externas, bélicas ou solidárias.
A tragédia dos imigrantes, que fogem da miséria, fome e violência, está incomodando e preocupando todos os países do mundo. O direito à vida é brandido, como passaporte e visto de entrada em qualquer povoado humano, próximo ou distante.
O tema importa a todos, e é impossível desconsiderá-lo. A Itália, sozinha, não tem condições de absorver os milhares de imigrantes que chegam a seu território, vindo do norte da África.
A Europa tenta distribuir os esforços para salvar e acomodar os imigrantes. No Brasil, o Acre também não possui estrutura para receber os milhares de fugitivos que ali aportam, e começa a exportá-los a outros estados.
Enquanto tardam os entendimentos entre nossos governantes, cuidam as igrejas de garantir o mínimo de conforto dos necessitados estrangeiros.
A opinião pública, ainda à boca pequena, não vê com bons olhos a vinda de imigrantes. Teme a concorrência por empregos e serviços públicos, de que somos carentes. Alguns condenam as boas vindas por puro preconceito e falta de solidariedade.
A terra anda repleta de ditadores violentos e regimes espúrios. Hordas organizadas retomam barbáries como a degola de não militantes e destruição de livros, estátuas e edificações que lembram a história e preservam a cultura.
Quando a miséria não é oriunda da ação de governantes, é a natureza que cuida de distribuir terremotos, vulcões, tsunamis e outros eventos arrasadores.
Entre os europeus, cresce a ideia de que a melhor solução, talvez a mais barata e saneadora, seria a reconstrução dos países de origem dos imigrantes, o que, na maioria dos casos, envolve a derrubada de governos que geram misérias e sofrimentos. Na verdade, trata-se de interferência na soberania alheia, seja bandido ou mocinho.
A miséria e o sofrimento alheio já não ficam confinadas aos restritos limites geográficos, e a humanidade não será feliz enquanto houver um grupo humano subjugado, maltratado ou escravizado.
Talvez surja, da atual situação, uma nova ordem mundial, mais fiel às tão descumpridas declarações internacionais de direitos humanos. Se ainda não conseguimos sequer obrigar os países a não poluir o ambiente, sacrificando bilhões de pessoas, as esperanças de que obriguem o respeito à condição humana são mínimas.
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.