“O silêncio e a emoção perduravam no local, mas lá fora a alegria era inevitável. As brincadeiras e o sorriso contagiante das crianças acalantavam o coração de quem as observava.”
Para as crianças o sentimento de morte talvez não seja tão doloroso como para os adultos. Num desses momentos de grande dor, Adriana, Ângela e seus primos brincavam no quintal da casa de tia Neide , onde, na sala de estar, estava sendo velado o corpo de vó Ondina.
O silêncio e a emoção perduravam no local, mas lá fora a alegria era inevitável. As brincadeiras e o sorriso contagiante das crianças acalantavam o coração de quem as observava.
No quintal, a natureza encarregava-se de agraciar a todos com sua beleza: nos canteiros alface, couve, cebolinha, tomateiros. O verde das folhas contrastando com o vermelho vivo daqueles tomates suculentos. Mas o que mais chamava a atenção das crianças era uma mexeriqueira, com seu tamanho médio, folhas verdes vivas e grandes frutos, alguns alaranjados, outros ainda verdinhos, mas que aguçavam ainda mais aquela vontade delas de experimentar o fruto colhido do pé.
No entanto, quando as crianças decidiram finalmente colher os frutos, apareceu tia Neide, mulher baixinha, cabelos curtos e pretos, chinelo havaianas azul nos pés e aparentando ser de poucos amigos, e parou rapidamente em frente à tão sonhada árvore, proibindo as crianças de colherem os frutos e dizendo de maneira aterrorizante: “__ Não pode colher ainda, pois estão verdes. Vão brincar pra lá!”, evitando assim que eles saboreassem aquelas ponkans tão viçosas e encantadoras.
Tentaram, por várias vezes, tentando ludibriá-la, chegar até a desejada árvore, mas sempre a postos e observando-as, estava tia Neide, com seus olhos aterrorizantes, e vassoura nas mãos, não os deixava surrupiar nem um fruto para dividirem entre eles….Mulher cruel! Pobres crianças!!!
O dia foi bem doloroso para os filhos e parentes da Vó Ondina, que estavam reunidos em tristeza pela sua perda recente. Mas as crianças estavam ainda mais tristes por não conseguirem um gominho sequer daquela fruta tão desejada. De certa forma, para elas, a lembrança daquele dia não foi tão difícil, pois o que mais se recordam é da Tia Neide e das mexericas que nem o gosto tiveram o prazer de sentir.
Andreia Cristina de Souza – andreiacrys.s@gmail.com
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola – NALA, e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre vários titulos: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos, Pesquisador em Artes e Literatura; Pela Academia de Letras de São Pedro da Aldeia, o Título Imortal Monumento Cultural e Título Honra Acadêmica, pela categoria Cultura Nacional e Belas Artes; Prêmio Cidadão de Ouro 2024, concedido por Laude Kämpos. Pelo Movimento Cultivista Brasileiro, o Prêmio Incentivador da Arte e da Cultura,

