RODEIOS
Aos poucos, os povos vão perdendo hábitos e costumes que envolvem violência e brutalidade.
A humanidade já praticou o canibalismo, e inventou deuses que adoravam sacrifícios, de aves e animais, inclusive de seres humanos. Até há bem pouco tempo, praticava a escravidão humana.
Nas guerras, os vitoriosos tornavam-se senhores supremos da vida e pertences dos vencidos. As sentenças de morte e execuções eram simples ações de obediência aos quereres e caprichos de um ou outro mandatário.
O espetáculo de cristãos sendo comidos por leões era aplaudido por multidões. Gladiadores, bem nutridos, alimentados e treinados, lutavam entre si, até a morte do oponente, para delírio e diversão da multidão assistente.
Aos poucos, os ensinamentos pertinentes aos direitos de animais e aves, e as amargas lições dos desequilíbrios ambientais, foram modificando o comportamento humano, gerando um crescente respeito a todas as formas de vida e ao equilíbrio ambiental.
O progresso, contudo, ainda esbarra em hábitos e mentalidades grotescas e rudes, que seguem praticando ações já tipificadas como crimes, como rinha, cruel embate entre galos. Espécies ameaçadas de extinção ainda são caçadas e mortas, como se a atividade constituísse inofensiva modalidade esportiva ou cultural.
No Brasil, o aplauso e incentivo aos rodeios ainda congrega grande número de pessoas. Tal número, contudo, é decrescente, e já minoritário.
Os argumentos favoráveis à manutenção dos rodeios são risíveis e descabidos, acabando por constituírem um amontoado de chavões, destinados a emprestar aparente racionalidade à barbárie e ao desrespeito.
Dizem que os rodeios geram empregos e renda. A ser válido tal argumento, dever-se-ia legalizar a produção e o tráfico de drogas.
Dizem que os animais são bem alimentados e nutridos, recebendo bons e esmerados cuidados, fora do espetáculo. A ser aceito tal argumento, teríamos o retorno dos gladiadores, campeões de saúde.
Dizem que os animais nada sofrem, como se os pulos e as desesperadas tentativas de fuga constituíssem meras frescuras animais. A ciência já provou e comprovou que os animais sentem dor, desespero e stress.
Aos cultores de rodeios, as mortes e mutilações que ocorrem país afora são meros pontos fora da curva, exceções que justificam a regra. Argumento próprio de quem valoriza a diversão, desconsiderando a dor e morte alheias.
Já é tempo, faz tempo, de colocarmos um fim na barbárie e insanidade dos rodeios. As legislações já operam em tal sentido.
pedroinovaes@uol.com.br
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.