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Genealogia: Afrânio Mello fornce informações sobre a familia Dadalto

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Afrânio Mello – ATENDIMENTO NÚMERO 490

 

Caro Fernando, boa tarde.

Estou enviando para você o que encontrei do seu sobrenome DADALTO depois de muita pesquisa.

Muitos nomes para você pesquisar.

Sobrenome de grande incidência e impostância no Estado do ESPÍRITO SANTO.

Fiz diversas pesquisas no Google e anexo em arquivo de Word tudo oque encontrei.

 

Você tem em suas mãos uma grande quantidade de informações para ajudá-lo na sua pesquisa e

espero que encontre os seus no que envio.

 

Tive grande satisfação em pesquisar e poder atendê-lo.

 

QUERO VER SE CONSIGO ACHAR LOGO O OUTRO SOBRENOME : ALLEDI.

 

Fico na expectativa de que fique alegre.

 

Afrânio Franco de Oliveira Mello
IHGGI / ROL – Jornal On Line

 

 

 

 

DadaltoDadalto, Da Dalto, Da Dalt, Dalto, Dalti, sobrenomes de origem italiana de uma mesma origem. Do latim Aldo, que veio da latinização de Alto que vem do germânico Alt, que significa sábio, ancião, velho. Termo que serviu para formar muitos nomes germânicos.

 

 

Registra-se Benvenuto Dalto, nascido em 1854, Itália; filho de Antonia Danieli Dalto. Imigrou para o Espírito Santo, Brasil em 1880, vindo no vapor Baltimore junto com sua esposa Rosa Morgan, nascida em 1856; filha de Maria Camellin.

Registra-se Lindolfo Dadalto, nascido em 25.12.1931, Guaranta, São Paulo, Brasil e falecido em 16.06.1995; filho de Mário Da Daltoe Margarida Beu.

Registra-se Nerson Pachione Dadalto, nascido em 19.12.1915, Bocaína, São Paulo, Brasil e falecido em 1930.

Registra-se Ana Dadalto, nascida em 07.12.1913, Brotas, São Paulo, Brasil e falecida em 12.11.1977.

Registra-se José Antonio Dadalto, nascido em 16.10.1917, São Paulo, São Paulo, Brasil e falecido em 06.09.1970; filho de Mário Da Dalto e Margarida Beu.

Registra-se Antonio Dadalto, nascido em 1771, Treviso, Itália; casou-se com Cattarina da Ré em 1797.

Registra-se Francesco Da Dalto, nascido em 21.01.1798, Vazzora, Treviso, Itália; casou-se com Virginia Spinazze em 07.02.1821, Cimetta, Treviso, Itália; filho de Antonio Dadalto e Cattarina da Ré. Teve uma filha: Maria Da Dalto, nascida por volta de 1828 e falecida em 1909; ela casou-se com Sebastian Donalton em 1849 e tiveram duas filhas: Regina Donalton e Luigia Lasaffino.

Registra-se Margherita Da Dalto, nascida em 1803 Treviso, Itália e falecida em 07.03.1893; filha de Bortolo Dalt e Catterina Florian.

Registra-se Ida Dadalto, nascida em 30.08.1943, Iconha, Espírito Santo, Brasil.

Registra-se Luiza Dadalto, nascida em 28.02.1937, Iconha, Espírito Santo, Brasil.

Registra-se Narcizo Dadalto, nascido em 17.08.1902, Iconha, Espírito Santo, Brasil e falecido em 18.04.1996; filho de Antonio Dadalto que nasceu em 21.07.1881, Treviso, Itália e faleceu em 28.10.1969, Iconha, E. Santo, Brasil; casou-se com Veronica Rigo em 1901.

Registra-se Antonio Dadalto Filho, nascido em 08.04.1913, Jaú, São Paulo, Brasil e falecido em 26.12.1964, Bocaína, São Paulo, Brasil.

Registra-se Antonio Da Dalto, nascido em 1875, Ponte de Piave, Treviso, Itália e falecido em 22.06.1960, Bocaína, São Paulo, Brasil; filho de Giacinto Da Dalto e Luigia Zangrando; casou-se com Giacomina Buzzo em 03.02.1894, Brotas, São Paulo, Brasil. Teve os seguintes filhos: Duzullina Da Dalto, nascido por volta de 1896; Giocondo Da Dalto, nascido por volta de 1898; Jacyntho Da Dalto, nascido por volta de 1900; Laura Dadalto, nascida por volta de 1902 e Geraldo Ricardo Da Dalto, nascido por volta de 1904.

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Registra-se Giacinto Da Dalto, nascido em 1848, Ponte de Piave, Treviso, Itália e falecido por volta de 1911; filho de Antonio Da Dalt e Elisabetta Coan; casou-se com Luigia Zangrando. Teve os seguintes filhos: Giuseppe Da Dalto, nascido em 1871; Maria Da Dalto, nascida em 1873; Antonio Da Dalto, nascido em 1875; Elisabetta Da Dalto, nascida em 1877; Genoveffa Da Dalto, nascida em 1879;Americo Domenico Da Dalto, nascido em 1881; Dassolina Da Dalto, nascida em 1883; Augusta Da Dalto, nascida em 1885, Pierina Da Dalto, nascida em 1887; Romana Da Dalto, nascida em 1889 e Mario Dadalto, nascido em 1891.

 

 

 

 

 

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História da Família Dadalto

História da Família Dadalto

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Brasão da Família Dadalto

A linhagem Dadalto é uma transformação de DA ALTO, antiga família que se considera originada da estirpe feudal de Aquilano, que teve domínio primitivo em Aquilano, na região teramana. Além deste feudo, esta família possuiu numerosas terras naquelas região. Onofrio di Teodino, senhor de Aquilano, possuiu também o feudo de ALTO em 1279. Os seus descendentes, sem dúvida, foram chamados DA ALTO e posteiormente DADALTO. Esta estirpe se orgulha de pertencer à antiga nobreza feudal.

 

América, Brasil

 

‘Merica, ‘Merica, ‘Merica,
Cosa sarà questa ‘Merica.

 

Dias e dias, noite e noites seguidas, a América, o Brasil não saíam da cabeça daqueles jovens italianos, que trocavam idéias entre si e com os mais velhos sobre as vantagens e desvantagens de deixar sua pátria, suas terras, seus parentes, seus amigos, para vir tentar a  vida no Novo Mundo, uma terrível incógnita, uma perturbadora experiência, mas uma esperança.

Trabalhar na lavoura do Brasil seria mesmo uma solução, uma garantia de futuro para aquela gente simples, mas consciente, do meio rural italiano? A dúvida se instalara na cabeça da maioria e as discussões se alongavam em busca de um consenso e de uma decisão. As notícias espalhavam-se, rápidas, de sucesso e grandeza, de lucro e riqueza, de êxitos e conquistas, de alegria e progresso, de paz e tranquilidade, mas também de luta e tristeza, de epidemias e doenças, de desastres e mortes, de desânimo e fracasso. Os arautos dos agentes e financiadores da corrente migratória corriam sôfregos aldeias e burgos, feudos e herdades, para aliciar adesões à aventura que lhes proporcionava fabulosos lucros, deixando prospectos, dados, informações e estatísticas nem sempre confiáveis.

Os irmãos Dadalto – Giovanni, Andrea, Antonio e Pietro, muito jovens e com pequenas diferenças de idade – e suas esposas estavam vivendo  esta dúvida tão comum entre os habitantes da zona rural italiana, na segunda metade do século XIX. Mas prevaleceram a coragem, a audácia, o espírito de aventura e o desejo de liberdade, de independência e de realização na terra praticamente virgem e desconhecida de todos eles. A angústia da dúvida e da incerteza foi afinal vencida e a bela Ana Bortolotti, esposa de Pietro, teria tido influência decisiva no desfecho, com seu temperamento voluntarioso, com sua vocação para a conquista do desconhecido, com seu espírito de liderança, arrastando as demais mulheres cuja tendência era a passividade ou apenas a aceitação do inevitável, e levando o apoio, a solidariedade e confiança aos maridos, que já estavam decididos, mas não podiam dispensar aquela adesão.

foto

 

 

 

 

 

 

 

 

“Seu” Antonio e Dona Julia em fotografia de 1928

A partir daí, uma febril atividade tomou conta dos quatro casais e dos familiares, mais chegados nos preparativos para a viagem e para a aventura na América, como eles diziam, ou mais precisamente no Brasil, visto que, segundo informes verbais apenas e não encontrados em qualquer documento, seu propósito era o de se estabelecer em São Paulo, Estado sobre o qual as referências eram unanimemente melhores. A confecção de roupas, a troca e seleção de objetos de estimação, a busca de conselhos de religiosos, os acertos com patrões, as visitas de despedida, a obtenção de documentos e passaportes e a compra de passagens com os agentes de viagem não deixavam muito tempo para os jovens para refletirem a partir de então, sobre os riscos e incerteza da aventura, e quando uma dúvida qualquer, um laivo de tristeza e a antevisão da saudade subiam ao seu espírito ou a ameaça de um soluço incontido se engastava na garganta, eram por momentos apenas e logo substituídos e superados pela intensa atividade dos preparativos e pela canção que todos já haviam decorado.

‘Merica, ‘Merica, ‘Merica,
Cosa sarà questa ‘Merica,
‘Merica, ‘Meerica, ‘Merica,
L´e un mazzetin di fior.

 

Os mais velhos, porém, raros dos quais podiam aderir e participar da aventura e teriam de ficar remoendo a separação e a saudade, não escondiam sua tristeza, seus suspiros, seus soluços, suas lamentações, suas preocupações, suas noites indormidas e sua revolta contra a Mãe Pátria italiana, que não dava solução ali mesmo aos seus filhos, naqueles dias de incerteza e de dificuldades.

A Viagem

Quase todos permaneceram por algum tempo no tombadilho, com o coração confrangido e um soluço preso na garganta, ainda Trabalhar na lavoura do Brasil seria mesmo uma solução, uma garantia de futuro para aquela gente simples, mas consciente, do meio rural italiano? A dúvida se instalara na cabeça da maioria e as discussões se alongavam em busca de um consenso e de uma decisão. As notícias espalhavam-se, rápidas, de sucesso e grandeza, de lucro e riqueza, de êxitos e conquistas, de alegria e progresso, de paz e tranquilidade, mas também de luta e tristeza, de epidemias e doenças, de desastres e mortes, de desânimo e fracasso. Os arautos dos agentes e financiadores da corrente migratória corriam sôfregos aldeias e burgos, feudos e herdades, para aliciar adesões à aventura que lhes proporcionava fabulosos lucros, deixando prospectos, dados, informações e estatísticas nem sempre confiáveis.

Os irmãos Dadalto – Giovanni, Andrea, Antonio e Pietro, muito jovens e com pequenas diferenças de idade – e suas esposas estavam vivendo  esta dúvida tão comum entre os habitantes da zona rural italiana, na segunda metade do século XIX. Mas prevaleceram a coragem, a audácia, o espírito de aventura e o desejo de liberdade, de independência e de realização na terra praticamente virgem e desconhecida de todos eles. A angústia da dúvida e da incerteza foi afinal vencida e a bela Ana Bortolotti, esposa de Pietro, teria tido influência decisiva no desfecho, com seu temperamento voluntarioso, com sua vocação para a conquista do desconhecido, com seu espírito de liderança, arrastando as demais mulheres cuja tendência era a passividade ou apenas a aceitação do inevitável, e levando o apoio, a solidariedade e confiança aos maridos, que já estavam decididos, mas não podiam dispensar aquela adesão.

“Seu” Antonio e Dona Julia em fotografia de 1928

A partir daí, uma febril atividade tomou conta dos quatro casais e dos familiares, mais chegados nos preparativos para a viagem e para a aventura na América, como eles diziam, ou mais precisamente no Brasil, visto que, segundo informes verbais apenas e não encontrados em qualquer documento, seu propósito era o de se estabelecer em São Paulo, Estado sobre o qual as referências eram unanimemente melhores. A confecção de roupas, a troca e seleção de objetos de estimação, a busca de conselhos de religiosos, os acertos com patrões, as visitas de despedida, a obtenção de documentos e passaportes e a compra de passagens com os agentes de viagem não deixavam muito tempo para os jovens para refletirem a partir de então, sobre os riscos e incerteza da aventura, e quando uma dúvida qualquer, um laivo de tristeza e a antevisão da saudade subiam ao seu espírito ou a ameaça de um soluço incontido se engastava na garganta, eram por momentos apenas e logo substituídos e superados pela intensa atividade dos preparativos e pela canção que todos já haviam decorado.

‘Merica, ‘Merica, ‘Merica,
Cosa sarà questa ‘Merica,
‘Merica, ‘Meerica, ‘Merica,
L´e un mazzetin di fior.

 

Os mais velhos, porém, raros dos quais podiam aderir e participar da aventura e teriam de ficar remoendo a separação e a saudade, não escondiam sua tristeza, seus suspiros, seus soluços, suas lamentações, suas preocupações, suas noites indormidas e sua revolta contra a Mãe Pátria italiana, que não dava solução ali mesmo aos seus filhos, naqueles dias de incerteza e de dificuldades.

A Viagem

Quase todos permaneceram por algum tempo no tombadilho, com o coração confrangido e um soluço preso na garganta, ainda acenando lenços aos conhecidos, cujas figuras iam diminuindo e desaparecendo ao longe. Mas quando o navio ganhou distância, enfrentando grandes ondas que o desequilibravam e provocavam enjôo nos passageiros e apenas se percebia a silhueta da costa, cada qual cuidou de procurar seu alojamento de 3ª classe. Eram compartimentos coletivos com 4, 6, 8 e até 10 leitos, apertados, sem qualquer conforto, recebendo pouco ar e pouco sol e servidos por raros sanitários, sendo o banho quase impossível.

foto1

 

 

 

 

 

 

 

 

Jovens descendentes dos imigrantes Dadalto em trajes de festa na década de 1920.

A viagem de cerca de 30 dias em navios superlotados, com apenas uma escala, às vezes na Ilha da Madeira, ou nas Canárias, ou, mais habitualmente, nas Ilhas de Cabo Verde, não era nada tranquila. Não havia refeitórios para os passageiros de 3ª classe e a alimentação era trazida em recipientes enormes de cobre ou estanho, sobre vagonetes e não primava pela qualidade. O passageiro em fila, com um prato fundo de folha de flandres, tratava de receber sua porção e sentar-se em bancos corridos nos corredores infectos, e comer, se possível, visto que muitos eram vitimados por um enjoo irresistível, que, às vezes, os prendia ao leito. No começo da viagem havia o desjejum com duras bolachas e um ralo café ou chá; o almoço era mais reforçado, e também a ceia, às vezes com um naco de queijo e um caneco de vinho ordinário, mas no final costumava escassear até a água.

Os primitivos Dadalto transmitiram aos seus descendentes muitas histórias de fatos ocorridos com eles ou com outros emigrantes nas viagens marítimas.

Ana Bortolotti, esposa de Pietro, sempre muito citada, menos abatida e mais corajosa que as demais mulheres e até alguns homens, foi a primeira a elevar a voz durante a viagem e logo apareceram concertinas, sanfonas, violinos e daí a pouco quase todos a acompanhavam e cantavam em coro belas canções italianas, que distraíam saudades e aliviavam sofrimentos:

 

“Noi siamo partiti dai nostri paesi
Noi siamo partiti com grande onore
Com trenta giorni di forza e vapori
Nell’America noi siamo arrivá.”

Além do canto e da música, para aliviar a monotonia da viagem os homens jogavam cartas e as mulheres tricoteavam, e ninguém dispensava a reza coletiva antes de recolher-se à noite, ou a missa dos domingos no tombadilho do navio e, quando o tempo era favorável, eles não perdiam oportunidade de subir ao convés à noite, para conhecer e apreciar um novo céu e novas estrelas que iam surgindo.

Ao lado disso, contam-se casos dolorosos nessas viagens, de epidemias a bordo, de escassez de alimentação e de água que, às vezes, era servida em bicos de lata adaptados ao vasilhame, de um a um, duas vezes ao dia, para controlar seu gasto. Havia também manifestações e arbitrariedades de comandantes e embarcadiços e dos agentes de viagem. Mas o pior era quando ocorriam mortes, sobretudo de crianças, e o cadáver tinha de ser jogado ao mar, para perplexidade, assombro e desespero daqueles emigrantes não habituados a isso e que, diante da triste realidade, só tinham uma frase:

“Tutti vanno a soffrire, molti a morir”.

 

Contam-se também muitos casos de nascimento a bordo e, fato curioso, os casais costumavam usar nos filhos aqui nascidos os mesmos nomes dos que, por infortúnio, tivessem perdido durante a viagem ou nos primeiros tempos de luta na nova terra, como para sepultar totalmente a dor do acontecimento e manter bem vivo um nome querido.

A chegada ao Brasil

A notícia correu célere nos alojamentos de 3ª classe, anunciando a chegada ao Brasil, e a primeira sensação foi de alívio por estarem concluindo uma viagem tão desconfortável, primeira etapa da grande aventura.

A alegria estampou-se no semblante daquela gente simples e sofrida, que se movimentou rapidamente e subiu ao convés para a primeira visão da terra que iam habitar. Alguns subiram com seus instrumentos musicais e logo um alegre coro explodiu em sua cantoria:

‘Merica, “Merica, “Merica,
Cosa sarà questa ‘Merica,
‘Merica, ‘Merica, ‘Merica,
L´e un mazzetin di fior.

 

A primeira visão foi animadora e reconfortante. Era uma manhã clara e bonita, de muito sol e um céu azul e limpo, diferente do que eles estavam habituados a ver nas regiões mais frias da Itália. O mar tranquilo e de ondas suaves favorecia o desempenho do navio que se aproximava da costa, já delineada em seus contornos graciosos, aparecendo à esquerda a Ilha dos Franceses, à direita a Ponta dos Castelhanos e a de Ubu, a enseada de Benevente e, em toda a extensão, as praias de areias brancas e brilhantes ao reflexo do sol. Ao fundo se divisava a cordilheira que seria o habitat daquela gente, com o Monte Urubu, o Monte Agá, a Serra das Graças, do Alto Pongal, do Alto Joeba, etc.

A cerca de mil metros da praia, o navio parou e arriou âncoras, e então se podia perceber facilmente o pequeno e pobre aglomerado de casas a beira mar, que pomposamente se denominava cidade de Benevente, na qual se destacava apenas a branca e modesta Igrejinha de Anchieta, numa pequena elevação. Uma onde de desconfiança alterou a fisionomia dos imigrantes:

– Dio mio. Qui c´é uno sbaglio. Non é San Paolo.

 

Mas o Comandante não se dignou aparecer para explicações e muito menos receber representantes dos imigrantes para parlamentar. Estava consumada mais uma extersão ou chantagem, com bons resultados financeiros para os empresários das viagens. Segundo informes verbais, alguns daqueles imigrantes haviam comprado passagem até São Paulo.

Enquanto isto, um escaler desceu ao mar, afastou-se em vigorosas remadas dos marinheiros e desapareceu no Rio Benevente, barra a dentro. Duas ou três horas após, voltou, seguido de mais algumas embarcações também a remo, das quais sub Ao lado disso, contam-se casos dolorosos nessas viagens, de epidemias a bordo, de escassez de alimentação e de água que, às vezes, era servida em bicos de lata adaptados ao vasilhame, de um a um, duas vezes ao dia, para controlar seu gasto. Havia também manifestações e arbitrariedades de comandantes e embarcadiços e dos agentes de viagem. Mas o pior era quando ocorriam mortes, sobretudo de crianças, e o cadáver tinha de ser jogado ao mar, para perplexidade, assombro e desespero daqueles emigrantes não habituados a isso e que, diante da triste realidade, só tinham uma frase:

“Tutti vanno a soffrire, molti a morir”.

 

Contam-se também muitos casos de nascimento a bordo e, fato curioso, os casais costumavam usar nos filhos aqui nascidos os mesmos nomes dos que, por infortúnio, tivessem perdido durante a viagem ou nos primeiros tempos de luta na nova terra, como para sepultar totalmente a dor do acontecimento e manter bem vivo um nome querido.

A chegada ao Brasil

A notícia correu célere nos alojamentos de 3ª classe, anunciando a chegada ao Brasil, e a primeira sensação foi de alívio por estarem concluindo uma viagem tão desconfortável, primeira etapa da grande aventura.

A alegria estampou-se no semblante daquela gente simples e sofrida, que se movimentou rapidamente e subiu ao convés para a primeira visão da terra que iam habitar. Alguns subiram com seus instrumentos musicais e logo um alegre coro explodiu em sua cantoria:

‘Merica, “Merica, “Merica,
Cosa sarà questa ‘Merica,
‘Merica, ‘Merica, ‘Merica,
L´e un mazzetin di fior.

 

A primeira visão foi animadora e reconfortante. Era uma manhã clara e bonita, de muito sol e um céu azul e limpo, diferente do que eles estavam habituados a ver nas regiões mais frias da Itália. O mar tranquilo e de ondas suaves favorecia o desempenho do navio que se aproximava da costa, já delineada em seus contornos graciosos, aparecendo à esquerda a Ilha dos Franceses, à direita a Ponta dos Castelhanos e a de Ubu, a enseada de Benevente e, em toda a extensão, as praias de areias brancas e brilhantes ao reflexo do sol. Ao fundo se divisava a cordilheira que seria o habitat daquela gente, com o Monte Urubu, o Monte Agá, a Serra das Graças, do Alto Pongal, do Alto Joeba, etc.

A cerca de mil metros da praia, o navio parou e arriou âncoras, e então se podia perceber facilmente o pequeno e pobre aglomerado de casas a beira mar, que pomposamente se denominava cidade de Benevente, na qual se destacava apenas a branca e modesta Igrejinha de Anchieta, numa pequena elevação. Uma onde de desconfiança alterou a fisionomia dos imigrantes:

– Dio mio. Qui c´é uno sbaglio. Non é San Paolo.

 

Mas o Comandante não se dignou aparecer para explicações e muito menos receber representantes dos imigrantes para parlamentar. Estava consumada mais uma extersão ou chantagem, com bons resultados financeiros para os empresários das viagens. Segundo informes verbais, alguns daqueles imigrantes haviam comprado passagem até São Paulo.

Enquanto isto, um escaler desceu ao mar, afastou-se em vigorosas remadas dos marinheiros e desapareceu no Rio Benevente, barra a dentro. Duas ou três horas após, voltou, seguido de mais algumas embarcações também a remo, das quais subiram ao navio um cidadão que se dizia representante da Colônia de Rio Novo e mais uns acompanhantes. Um deles era italiano, que, exaustivamente, em seu dialeto, procurava acalmar e convencer o agitado grupo de imigrantes. Várias razões foram apresentadas: problemas de doença no sul, proibições das autoridades; aquilo ali não era São Paulo, mas ficava muito perto, e a terra e o clima eram excelentes. Muito tempo depois, os descendentes faziam referencia a esse contratempo, que aparece confirmar-se pelo fato de o nome Dadalto não figurar nenhuma das listas oficiais de imigrantes existentes no Arquivo Público e pelo extravio de quase toda a bagagem de Andrea Dadalto, que nunca mais foi encontrada.

Afinal, iniciou-se o desembarque de mais de 100 imigrantes que se prolongou por quase todo o dia, visto que as embarcações não comportavam mais do que 10 pessoas de cada vez. O mar estava calmo e os homens desciam sozinhos e galgavam o bote, enquanto as mulheres necessitavam de auxílio. Mas Ana Bortolotti, sempre disposta, saltou sozinha e quase caiu ao mar. Diziam os antigos que foi duro deixar o navio, aquele último pedaço flutuante da Itália, em cuja popa balançava a bandeira tricolor. Poucos se contiveram e o soluço e o choro dominaram a maioria.

Em terra firme eles receberam um almoço bem razoável, num barracão próximo ao porto, e, enquanto aguardavam os preparativos para início da viagem até Alfredo Chaves, anunciada para aquela noite, quase todos foram andar para conhecer Benevente, outrora conhecida por Reriritiba.

Na parte baixa, próximo à foz do rio, ficava o porto rústico e modesto, para pequenas embarcações e botes de pesca, com o Trapiche em destaque. A seguir, ruelas de casas razoáveis, algumas assobradadas com comércio no andar térreo. No alto do morro, de frente para o mar, a Igrejinha que servia de Matriz, branca e bonita, de três pequenas naves, e a Casa Paroquial ao lado, a Casa da Câmara, o Convento no qual ficava também a cadeia pública e, nos fundos, a cela de Anchieta, cujo significado o intérprete e patrício ia explicando com grande curiosidade dos habitualmente piedosos italianos. Mais para cima do morro, ou beirando o mar, algumas casinhas de palha, a vegetação, os coqueiros, as castanheiras, as conchas na areia branca da praia, tudo era motivo de interesse. Em um botequim, eles conheceram várias novidades: pé de moleque, cocada, quindim, coco, banana, cana, arroz doce, bolo de aipim, farinha de mandioca e peixe frito (calunga e peroá), que experimentavam e aprovavam ou não, inclusive a cachaça, que iria constituir, mais tarde, elemento indispensável em sua mesa, substituindo o vinho do norte da Itália. Viram também alguns índios mansos, vagabundeando pelas ruas, e negros escravos dando duro em suas tarefas. Mas foram as negras, de seios nus, lavando roupa na beira do rio, que constituiu o maior espanto, especialmente para as mulheres italianas com seu senso próprio de recato.

No início da noite, mortos de cansaço, acomodaram-se como possível no barracão ao lado do trapiche, para dormir um pouco e aguardar o embarque na madrugada do dia seguinte, em canoas e pranchões, com destino a Alfredo Chaves. E, ao concluírem suas obrigatórias orações noturnas, quase todos murmuraram:

– Tutti vanno a soffrire, moti a morir.

 

A Caminho de Alfredo Chaves

O dia estava nascendo com promessas de ser tão bonito e ensolarado quanto o anterior, quando os imigrantes iniciaram o embarque com destino a Alfredo Chaves, a cerca de 30 Km da costa. Mais de 40 pessoas procuravam se acomodar como podiam em 4 grandes canoas carregadas também de várias mercadorias como querosene, sal, carne seca, peixe salgado, sabão, etc., enquanto um grupo de italianos seguia por terra para aproveitar montarias e tropas, e para conhecer a região.

Próximo à sua foz, onde há o pequeno porto, o Rio Benevente se abre numa bacia mais larga, de águas tranquilas que descem lentamente para o mar; essa bacia tem ao centro uma encantadora ilhota de pedra e é emoldurada pela vegetação dos mangues, baixa, compacta e muito verde. é um quadro bonito, embora um pouco triste, que mexeu com os italianos, ali se despedindo da visão do mar, sua última ligação com a pátria distante.

Um apito produzido pelo búzio de chifre de boi, soprado pelo mestre de canoa capitânia, anunciou o início da viagem. O toque firme, de uma nota só, longo, uniforme, profundo, como uma espécie de mugido, chamou a atenção dos italianos, que logo sentiram as canoas movimentarem-se lentamente para a subida do Rio Benevente, impulsionadas por negros fortes com grandes varas, uma extremidade no fundo do rio e a outra apoiada no peito nu e reluzente. Outra particularidade também observada em cada canoa era o grande caldeirão de ferro em que se preparava, ainda em terra, antes das viagens, a refeição dos canoeiros, da qual, às vezes, participavam os passageiros.

A viagem transcorreu tranquila e os italianos iam vagarosamente adentrando na terra que os acolhia. Tudo era novidade: a cor da água, o peixe que pulava até dentro da canoa, a tarrafa de um pescador matinal, as margens pobres de habitações e as lavouras de mandioca e de cana nas fazendas e lugares denominados Chapada do A, Emboacica, Monteiro, Sarampo, Jabaquara e Segundo Território.

Até nove ou dez horas, um ventinho gostoso, o terral, vindo do interior e das serras, havia amenizado o rigor do sol tropical, cujos efeitos os italianos desconheciam e só foram sentir, intensamente, à tarde, quando chegaram a Alfredo Chaves de rostos excessivamente vermelhos. Mas, assim mesmo, todos alegres e falantes, visto que muitos patrícios, alguns até conhecidos, os receberam festivamente. E a paisagem das cercanias, de transição entre os baixios e as serras, realmente muito linda, também contribuía para deixá-los bem predispostos.

No final do século passado, ou , mais precisamente, em 1888, quando os quatro Dadalto aqui chegaram, Alfredo Chaves era um lugarejo pequeno, de poucas casas, dois ou três estabelecimentos comerciais, dois barracões para imigrantes, outro para tropeiros e o porto, uma simples rampa de terra batida que ia até o rio, onde se amarravam as canoas e pranchas. Mas era muito importante naquela época, pois tratava-se de ponto obrigatório de parada e de conexão de meios de transporte diferentes, tanto para os que vinham do litoral, em canoas, para se aventurarem na serra, quanto para os que desciam trazendo sua produção em lombos de burro, para venderem e exportarem pelo porto de Benevente.

Ali teria de se desenrolar uma das etapas mais significativas no destino daqueles imigrantes recém-chegados: os entendimentos finais para sua localização no Espírito Santo, como colonos meeiros de alguns fazendeiros ou como proprietários de terras doadas ou vendidas pelo Estado no alto das serras, nem sempre férteis ou favoráveis a cultura do café, produção que mais interessava. Mas este seria assunto para mais tarde ou para o dia seguinte, visto que ali, naquela hora, estavam chegando os que tinham viajado por terra e todos se reuniram alegremente e foram para o barracão, onde um farto almoço os aguardava, com carne de porco, galinha, paca, queijo, macarrão, polenta e muita verdura, uma fartura surpreendente para os recém-chegados, regada por algum vinho e muita cachaça, que se encarregaram de multiplicar a animação, de sorte que, quando a noite chegou, pouco se tinha falado de localização de imigrantes, mas a cantoria acompanhada de instrumentos nativos ou importados era animada, enquanto alguns dormiam de cansados e mulheres e crianças eram levadas para dormir em casas de conhecidos e amigos.

Eram mais de 10 horas da noite, quando foram diminuindo e morrendo aos poucos o som dos instrumentos e a voz dos italianos em canções como esta:

“Col fischio del vapore
La partenza del mio amore
Addio oh belo! Addio oh caro!
Fin che adesso te hó lasciá.”

Ou esta:

“La strada ferrata l’é longa, l’é larga
In mezza giornata. Venezia si vá

In Venezia son stato a vedere l’amante
E sotto le piante l’amore si fá.

L´amore l´o fatto, l´amore faria
Oh! anima mia consola s´to cuoro”.

 

Realidade e decisão

No dia seguinte a dura realidade se apresentou muito clara para os imigrantes. Os alegres patrícios que os receberam tão festivamente, na mesma noite foram para suas propriedades e colônias, a fim de enfrentar o trabalho com mulher e filhos. No pequeno lugarejo apenas uns poucos comerciantes e os representantes de alguns fazendeiros e os do Governo que não garantia alimentação por muitos dias.

Vários imigrantes que optaram em aceitar colônias a meia já se movimentavam para a última etapa da longa viagem, agora se separando, cada qual indo para seu canto, carregando sua bagagem, sua tristeza, sua saudade e sua apreensão.

Mas os quatro irmãos Dadalto, com alguns outros do mesmo grupo, numa demonstração de seu espírito de aventura, sua coragem e sua vocação para independência e a livre iniciativa, preferiram aceitar do Estado, em doação, terras em matas nas imediações de Matilde, para iniciar exploração agrícola por conta própria. Receberam os títulos provisórios das terras doadas, enxadas, pás, picaretas, machados, panelões, alguns pratos e talheres, e uma quota de mercadorias compreendendo feijão, toucinho, carne seca, sal, açúcar, fubá, sabão e querosene e trataram de organizar a viagem. Como o grupo era numeroso, eles tiveram também uma tropa de 10 muares, para transporte de volumosa bagagem, alguns animais com arreios próprios a mulheres e um guia oficial para conduzí-los.

Dois dias após a chegada em Alfredo Chaves, madrugadinha fresca e gostosa, eles iniciaram a viagem em busca de seu destino final. As crianças menores iam encarapitadas, duas e três, em caixotes ou balaios no lombo de muares lerdos e pacientes, enquanto as maiores e as mulheres se revezavam na utilização dos poucos animais da sela.

O grupo seguiu por precárias estradas ou simples picadas, margeando o Rio Benevente, depois seu afluente Batatal, Córrego Piripitanga e outros mais, passando pelas fazendas e localidades de Cachoeirinha, Barra do Batatal, São Sebastião, São Marcos, Matilde, Carolina, onde ficaram os dois Dadalto mais velhos, Giovanni e Andrea, com esposas e vários filhos, enquanto os dois casais mais jovens, sem filhos, Pedro e Ana e Antonio e Maria, seguiram até Redentor, a mais de 1000 metros de altitude, onde se estabeleceram.

A viagem não foi fácil, pois a maioria ia a pé, e exigiu duas etapas. De início, a italianada de temperamento extrovertido ia relativamente alegre, comendo, cantando, conversando e admirando os rios, as cachoeiras, os animais, as matas e sobretudo a paisagem realmente muito bonita. Mas o cair da tarde e o início da noite os apanhou em plena mata, o que os deixou apreensivos. Ali dentro, parecia que todo o poder da natureza iria sufocá-los. As árvores eram enormes e muito juntas, o chão da picada cheio de cipós e madeiras cortadas e o ar pesado e úmido. Nuvens negras deixavam entrever poucas estrelas e anunciavam as pesadas pancadas de chuva da serra, das quais já tinham sido vítimas à tarde. Em virtude da apreensão, havia um silêncio quase total, só rompido pelo estalido dos gravetos sob as pisadas e pela voz ou bater de asas de animais retardatários em busca de seus ninho.s O que mais chamava a atenção, porém, era a surpreendente quantidade de vagalumes, que se sucediam numerosos e intermináveis em toda a mata, do chão à copa das árvores, acendendo e apagando suas luzes, num espetáculo inédito e deslumbrante para os imigrantes.

Afinal, eles ultrapassaram a mata em pouco tempo, que guias e animais eram experientes e conseguiram pousada logo a seguir, embora um tanto precária, e no dia seguinte completaram a caminhada até seu destino.

Os primeiros anos no Brasil

Não foram encontrados nenhum registro, nenhum documento, nenhuma exposição escrita a respeito da viagem dos Dadalto para o Brasil, nem tampouco sobre seus primeiros anos estabelecidos como agricultores na região serrana do Espírito Santo. Entretanto, segundo informações verbais que se transmitiram a filhos e netos e colhidas através de Antonio Dadalto, filho de Pietro e Ana, de sua mulher, Maria Julia Venturin Dadalto e de Francisco Dadalto, neto de Andrea, foi possível reunir vários fatos que dão uma ideia nítida das dificuldades encontradas e da bravura com que enfrentaram os problemas e lhes deram solução para vencerem em definitivo, o que, aliás, também ocorreu com a maioria de seus patrícios.

Fontes:

Livro Da Itália ao Brasil – História de uma família.
Biblioteca Nacional de Roma e Instituto Geneológico Italiano.

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Dadalto

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O Grupo Dadalto é um grupo empresarial brasileiro, que foi criado no ano de 1937 pelo empresário Antônio Dadalto, em Conceição do Castelo,Espírito Santo.[1] [2] [3] [4] [5]

O grupo empresarial atualmente – início da década de 2010 – mais de 4 mil colaboradores,[2] estando entre as empresas-membro:

  • Dadalto Lojas de Departamento[2]
  • Dacasa Financeira[2]
  • D&D Home Center da Construção[2]
  • Promov[2]
  • FEAD – Fundação Educacional Antonio Dadalto[2]

Índice

[esconder]

  • 1 Uma História de Sucesso!
  • 2Empresas do grupo
    • 2.1 Dadalto Lojas de Departamento
    • 2.2 D&D Home Center
    • 2.3 Dacasa Financeira
    • 2.4 Promov
    • 2.5 FEAD – Fundação Educacional Antônio Dadalto
  • 3 Referências
  • 4 Ligações externas

Uma História de Sucesso![editar | editar código-fonte

Helio Rubens
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