INVERNO
(de Nilza Murakawa)
Flocos brancos ritmados
Arrebentando na panela
Bolinhos fritos açucarados
Com leve toque de canela
Café bem fresquinho
Em xícaras singelas
No pires, mais um carinho
Chocolates em pedacinho
Aroma de mexericas
Perfumam bocas adocicadas
Caldos quentes, fumegantes
Em pratos de poetas viajantes
Serpentes coloridas
Em forma de cachecol
Linhas e bordados na cesta
E o cão encolhido feito caracol
Meias tricotadas de lã
Mantas de flanela
Abraço no cobertor
Que ficou quente na janela
Pessoas recolhidas
Mais páginas lidas
Costas aquecidas
Naquele cantinho da cama
Com lascas de sol
Raios dourados
Que não queimam
Sonhos e cochilos embalados
Passeios no papel mais prolongados
À parte, controvérsias
Doces também são os dias frios
Vinhos e boas conversas
Pretextos menos afoitos
De peles querendo arrepios
Delicadeza, fala mais mansa
Busca de mais aconchego
Olhar que a mão alcança
Silêncio querendo chamego
Tempo de mais poesia
Menos correria
Mais olho no olho
Vida mais atenta
E em banho-maria
Nilza Murakawa
Este poema está no livro “PÁSSAROS NA GARGANTA”.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.