O papel da Cruz Vermelha em conflitos armados
O ROL publica hoje um artigo de autoria da estudante de jornalismo Rebeca Saroba dos Santos, de Tatuí, que está cursando Comunicação Social com habilitação em Jornalismo na Universidade de Sorocaba (UNISO). Ela já escreveu para a -Revista do CIESP, trabalhou para as prefeituras de Iperó e Tatui e participa do projeto ‘Repórter do Futuro’. Sua matéria – ‘O papel da Cruz Vermelha em conflitos armados’ – tem a ver com a questão ‘Jornalismo em Situações de Conflitos Armados e Outras Situações de Violência’. Seja bem-vinda, Rebeca! (Helio Rubens – editor)
O papel da Cruz Vermelha em conflitos armados
Rebeca Saroba
Síria e Iraque ocupam há mais de três anos as principais manchetes no mundo internacional
Diversas agências de notícias, jornais e portais têm acompanhado há anos uma guerra que, parece, nunca acabar. O conflito religioso no Oriente Médio, já matou mais de 160 mil pessoas e cerca de 7 milhões de crianças sírias precisam de ajuda. O protagonista dessa guerra é o Estado Islâmico (EI), formado por muçulmanos sunitas, que consideram os islâmicos xiitas como infiéis e que merecem ser mortos. O EI quer criar um único estado sunita que envolva a Síria e o Iraque.
Segundo o Mestre em Comunicação e Cultura e coordenador do curso de Relações Públicas da Universidade de Sorocaba, Társis de Camargo Ramos, nesses dois países existem forças internacionais em combate para tentar reduzir os conflitos, mas o problema está ligado, principalmente, a sua origem. “Nesses países o conflito é muito forte no caráter étnico, e é uma região de eterna instabilidade em relação à segurança. É importante ressaltar que parte do problema realmente é de critério religioso, mas dentro desses países também há diferentes grupos há a divergência de posturas políticas e também étnicas dentro do islamismo”, esclarece.
A partir disso, a Cruz Vermelha, criada com a missão humanitária de proteger a vida e a dignidade de pesoas que são vítimas de conflitos armados ou situações de violência, busca prestar assitência médica e social aos civis e aos feridos de guerra. Por ser uma entidade neutra, a Cruz Vermelha instala seu pessoal em ambos os lados, para que o trabalho seja realizado com a maior eficiência possível, porém as ajudas humanitárias estão se esgotando. De acordo com o CICV na Síria, as pessoas estão sofrendo com a falta de alimentos, água e remédios pois as partes envolvidas no conflito impedem a passagem imediata da ajuda humanitária e do deslocamento de civis para áreas mais seguras.
“A questão de atacar monumentos, hospitais e civis, surgiu após a Segunda Guerra em convenções internacionais que determinam as limitações das ações militares. Atacar alvos assim caracteriza-se como crime, mas é uma maneira de enfraquecer os movimentos opositores”, afirma Ramos.
Além disso, o CICV também promove a integração do Direito Internacional Humanitário (DIH). O DIH é um conjunto de normas que, em situações de conflitos armados, protege a população cívil ou aqueles que deixaram de participar de tais hostilidades e proibe certos métodos e meios de combate.
Segundo o assessor jurídico do CICV, Gabriel Valladares, a organização é responsável por oferecer assessoria jurídica para que as autoridades nacionais aprovem os tratados internacionais de DIH e adotem as medidas administrativas ou legislativas necessárias para a sua aplicação. O CICV também trabalha para fornecer alimentos, água e abrigo às pessoas, buscar desaparecidos, visitar prisioneiros de guerra e também realiza palestras e cursos de orientação a jornalistas e estudantes. “O propósito é apresentar os conceitos jurídicos, as normas fundamentais, os princípios e os desafios do Direito Internacional Humanitário, informar sobre os direitos tanto dos correspondentes de guerra como dos profissionais que por conta própria também estão em situações perigosas e mostrar a melhor forma de usar o DIH para informar com maior pertinência dentro dos conceitos aceitáveis internacionalmente”, afirma.
O Comitê
O CICV foi fundado no dia 26 de outubro de 1863, em Genebra, na Suíça. A ideia foi criada por cinco membros (Gustave Moynier, Louis Appia, Theódor Maunoir, Guillaume-Henri Dufour e Henry Dunant) que buscavam implementar ideais de solidariedade aos feridos de batalhas de forma imparcial e neutra.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha aderiu como seus fundamentos, sete princípios ligado ao Movimento Internacional que ele fundou, são eles: Humanidade, Imparcialidade, Neutralidade, Voluntariado, Unidade, Independência e Universalidade. A instituição tem delegações em aproximadamente 90 países no mundo e trabalha em muitos mais, e, emprega cerca de doze mil pessoas, entre as atividades desenvolvidas estão: a proteção e assistência às vítimas de conflitos armados e agir de forma preventiva e cooperando com as Sociedades Nacionais para empreender a diplomacia humanitária.
O CICV também presta várias assistências sociais que dependem se o país está em uma situação de conflito ou pós-conflito. “Uma área que trabalhamos muito é com as viúvas de guerra, pois a sociedade e a cultura em que se encontram (em que, geralmente, a mulher fica em casa) se torna muito complicado quando perdem seus companheiros, então o CICV tem um sistema de microcréditos para que elas comprem o que seja necessário para sustentar as suas famílias, e, para que elas possam produzir alguma coisa e, assim, melhorar sua condição de vida. Também temos todo o apoio às famílias de desaparecidos e um larga experiência em apoiar a reabilitação de pessoas que passaram ou sofreram com minas antipessoas”, completa Valladares.
(Rebeca Saroba-
Projeto Repórter do Futuro)
- Como o jornalista Helio Rubens vê as coisas - 9 de janeiro de 2024
- Como o jornalista Helio Rubens vê o mundo - 27 de dezembro de 2023
- Como o jornalista Helio Rubens vê o mundo - 22 de dezembro de 2023