O patinho rouco
E assim eu cresci…Me chamavam de pato rouco, diziam que minha dicção era péssima, me botavam o apelido carinhoso de Rod Stewart etc., etc., etc. E realmente, talvez por tudo isso, e também pela extrema timidez, eu sempre tive dificuldade de me expressar em público, e não gostava muito da minha voz. E tudo recai sobre ela, é incrível! Em situações complicadas, estressantes, ou naquelas que me sinto ansiosa, minha voz some. Quem me conhece a fundo já sabe, e não tem nem como disfarçar. Acabei criando esse complexo de “patinho rouco”.
Eu era a menina que ninguém queria no time. Eu não sabia jogar volley, basquete, handball, era uma negação. Todo mundo ia sendo escolhida, e eu lá. Meu boletim, sempre bom, mas a Educação Física…Sem comentários…
A menina cresceu, e sempre gostou muito de inventar estórias. A mulher as vezes ainda vive no mundo da lua. Ela nem parece ser desse mundo
Um dia, resolvi gravar um vídeo lendo um dos meus textos, e arrisquei publicar na rede. Normalmente, falo rápido, mas tentei controlar isso, e continuo tentando. Nossa! Alguém havia gostado da minha leitura! Nem acreditei!
E isso me incentivou a continuar gravando.
O pato rouco lê e todo o Brasil, exterior, quem estiver ao alcance da minha voz, ouve a minha voz semeando poesia. O patinho rouco lê obras de outros autores. Não sabia que minha voz tinha alguma beleza, até que alguém disse. Talvez não seja beleza, e sim, como na estória do Patinho Feio, seja somente diferente.
A menina que aguardava ser escolhida, hoje corre o mundo levando as estórias que cria. E sem ter que sair do lugar. A menina extremamente tímida hoje ajuda e incentiva outros a produzir arte.
Moisés usou seu pequeno cajado para abrir o mar vermelho. Davi, uma pequena pedra para matar Golias. Deus usa as pequenas coisas para confundir as grandes. Não subestime nada que há em você. Tudo é valoroso, até mesmo suas fragilidades. Ainda que sua voz se cale, você tem o papel e a caneta.
Claudia Lundgren
tiaclaudia05@hotmail.com
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Claudia Lundgren, natural de Teresópolis (RJ), é poetisa, escritora e Educadora Infantil. É Acadêmica da ACILBRAS, da AIL e da FEBACLA; é Acadêmica Correspondente da Academia Caxambuense de Letras e da Academia de Letras de Teófilo Otoni, e Membro Efetivo da Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas (SBPA). Também pertence à ALB e a ABC, ambas virtuais. Recebeu Menção Honrosa no I Concurso de Poesia Junina e obteve o 9º lugar no XXXIV Concurso de Poesia Brasil dos Reis, (Ateneu Angrense de Letras e Artes). Foi homenageada com a Comenda Acadêmica Láurea Qualidade Ouro, a mais alta comenda da FEBACLA – Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes e com o Prêmio Cidade São Pedro de Aldeia de Literatura. Participou de dezenas de Antologias Poéticas. No início de 2019 lançou seu primeiro livro solo, ‘Alma de Poeta’ (Editora Areia Dourada), que recebeu o Troféu Monteiro Lobato como o melhor livro de poesia, no evento ‘Melhores do ano 2019’ (LITERARTE), e recentemente, lançou seu segundo , ‘Simplesmente Poemas’, com o selo AIL.