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Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo: 'A força da prudência na vida-boa'

Diamantino Lourenço R. de Bártolo

A força da prudência na vida-boa

Aristóteles

Idealizar um projeto de vida perfeito, é um exercício que não está acessível ao ser humano, desde logo porque a incógnita quanto ao futuro mantém-se angustiantemente em cada indivíduo, por muitas capacidades, competências e tecnologias que possua, além de que, a ciência, a este respeito, também não tem condições objetivas para se pronunciar.

Esta limitação, aparentemente inultrapassável, não constitui obstáculo invencível, sob o ponto de vista das perspectivas que cada pessoa aguarda da vida, atentas as condicionantes existentes, as incertezas e a finitude esperada para cada percurso, apostando-se na esperança de vida, e nas variáveis que, de alguma forma, se podem alterar, por iniciativa do próprio ser humano.

A pessoa humana, enquanto tal, entre outros aspetos, distingue-se do resto da natureza animal, precisamente por ter horizontes de vida, que lhe permitem projetar-se no futuro, e elaborar os respetivos planos, projetos, estratégias e esperar os resultados, igualmente calculados, para um máximo de êxito e um mínimo de insucesso. Planificar o futuro, exige muita prudência, sob pena de ter que se enfrentar situações indesejáveis e, eventualmente, dramáticas.

É fundamental saber organizar a vida com bom senso, o que implica muita preparação, tendo em conta as diversas dificuldades de implementação, e desenvolvimento do projeto de vida que se deseja, considerando que outras pessoas terão projetos idênticos, logo, concorrenciais.

É essencial ter bem presente que, em nenhuma circunstância, a vida será sempre agradável, fácil e, permanentemente em ascendência, aliás, a regularidade, sincronia e monotonia poderiam ser prejudiciais ao próprio aperfeiçoamento da personalidade humana.

A organização é uma arma poderosíssima para se ultrapassar situações difíceis e/ou imprevisíveis. A capacidade para organizar, e implementar um novo projeto poderá ser a diferença entre o sucesso e o fracasso porque: «O que torna a vida agradável é a diversidade do conhecimento. Para uma vida bela gaste a primeira etapa conversando com os mortos: nascemos para saber e conhecer a nós mesmos. (…). Passe a segunda etapa com os vivos: veja e registre tudo o que há de bom no mundo. (…) A terceira etapa da vida pertence inteiramente a você: filosofar é o prazer mais elevado de todos.» (GRACÍAN, 2006:113).

Com efeito, prudência e bom-senso implicam reflexão, tranquilidade, conhecimento, experiência, boas-práticas, tolerância e muita paciência, com uma grande dose de boa-vontade, e força para prosseguir pelos caminhos: da retidão, da nobreza e da compreensão, pela posição do seu semelhante.

Algumas regras passam por organizar a vida com prudência e bom-senso, incluir no respetivo projeto a dimensão religiosa do homem, princípios e valores em geral e, também, espirituais que: por um lado, satisfaçam as necessidades mais profundas e universais, como manter uma consciência tranquila, simples e alegre; por outro lado, contribuir para o sucesso global da pessoa, cujo aspecto principal configura uma realização sublime, ao nível da superior condição do homem, concebido à imagem e semelhança do seu Deus Criador.

O êxito construído a partir dos valores espirituais é duradouro, consolidado e único. Aparentemente, muitas pessoas se consideram de sucesso na vida profissional, com elevado estatuto sócio-financeiro, porém, é possível que não se sintam totalmente realizadas, porque lhes falta alcançar o triunfo espiritual e, na verdade: «Achamos que sucesso é o mesmo que dinheiro, segurança e prestígio. Não compreendemos que o verdadeiro sucesso está na satisfação das nossas necessidades espirituais. Poucas pessoas atingem o verdadeiro sucesso porque estão perdidas, a correr de um lado para o outro, no aeroporto do sucesso material.» (BUCKINGHAM, 1995:20).

A prudência individual, apesar de necessária para uma vida boa, pode, ainda assim, não ser suficiente, se os demais indivíduos não tiverem idêntica preocupação. Um pouco à semelhança de muitas outras situações, em que não basta o contributo de uma única pessoa, também na obtenção do sucesso é importante, se não mesmo essencial, e decisiva, a participação da família, do grupo, da comunidade e da sociedade internacional.

Em todas as dimensões da vida humana, acentuando mais, naturalmente, as vertentes específicas para cada percurso, em conformidade com os projetos e objetivos que se pretendem alcançar, algumas grandezas devem estar presentes e sempre ativas, concretamente: religiosa, social, cultural, educativa, laboral, política, económica, comunicacional, comunitária, cooperação universal, entre outras possíveis.

A pessoa humana não consegue sobreviver com dignidade e conforto, isolada dos seus semelhantes. A prudência para uma vida boa aconselha abertura a Deus, aos homens e ao mundo e, na medida do possível, com a máxima compreensão, tolerância e entrega ao outro, seu semelhante.

 

Bibliografia

BUCKINGHAM, Jamie, (1995). Força para Viver, 2ª. Ed., Espanha (S.P), Resina de Almeida

GRACIÁN, Baltasar. (2006). A Arte da Prudência. Tradução, Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret

 

Diamantino Lourenço R. de Bártolo 

Venade/Caminha – Portugal, 2020

diamantino.bartolo@gmail.com

 

 

 

 

 

 

Sergio Diniz da Costa
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