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Do universo infantil ao universo adulto, 'A Corda', de Thais Morello

Conhecida por seus trabalhos para crianças, Thais agora apresenta componentes lúdicos para leitores mais crescidos. Crédito da foto: Jornal Cruzeiro do Sul. Divulgação

“Foi no dia primeiro de novembro de 2018 que o livro nasceu, ainda embrião, não sabia do seu destino de existir.”

A psicóloga e escritora sorocabana Thais Laham Morello iniciou sua seara literária em 2015, pelo universo infantil, com a publicação de ‘Atum, o gato grato’, pela Editora Carochinha. Posteriormente, lançou mais seis publicações infantis.

Em 2018, em um dia de novembro, enquanto esperava o próximo paciente, um bloquinho de folhas em branco se tornou o aporte para uma série de anotações de Thais, fluindo, segundo ela, numa forma de associação livre e numa verdadeira catarse. E, desse jorro de anotações diárias, nasceu ‘A Corda’, definido por ela como “um livro infantil para adultos”.

Numa verdadeira ‘aula’ de psicologia, Thais narra a gênese de sua nova obra: “Um dia, era novembro, peguei um caderno, esses bloquinhos de folhas em branco, e passei a escrever tudo que me vinha na cabeça. Isso aconteceu num desses momentos de espera, quando fica uma sensação de limbo: não se pode dormir e nem fazer muitas coisas, só esperar mesmo.

Então, sentei em minha mesa no consultório, escolhi a caneta azul mais gostosa e deixei todo tipo de pensamento se manifestar nas folhas vazias. O paciente chegou junto com a última palavra do final da última linha da página. Parecia até combinado e gostei bem da sincronicidade. Me fez pensar em Jung e seus acasos, e assim nasceu a ideia deste livro.

A vantagem de uma mente obsessiva é que vou escrevendo tudo que penso numa forma de associação livre, numa verdadeira catarse e é assim, sempre entre uma espera e outra, que pego meu caderno e escrevo nesse breve momento de tempo. Poderia ser apenas um instantezinho qualquer, só passagem, mas a cada pessoa que escuto me conecto comigo mesma e então me alimento daqueles que me confiam a alma. E é isso que me leva ao caderninho. Sentada atrás do meu divã, sinto o espanto da novidade, daquilo que o outro acorda em mim, que dormia em algum canto e eu mal sabia. Me assusto com a eterna novidade de me descobrir a cada contato. Toda pessoa que deita ali, no meu divã, contribui mais do que possa supor na minha construção e, por isso, essa urgência de escrever. Escrevo para aguentar a vida. Nos momentos de espera, dos pequenos ócios, da falta de sono. Foi assim que o livro foi se concretizando. Escrevo para viver: tiro da cabeça e coloco no papel e assim descanso um pouco de tanto sentimento.

Foi no dia primeiro de novembro de 2018 que o livro nasceu, ainda embrião, não sabia do seu destino de existir. Escrevi na primeira página e gostei da última frase, isso me inspirou para começar o novo texto, no próximo momento de espera. No dia seguinte, escrevi de novo e
assim foi: cada última palavra ou frase virava título da próxima reflexão. Com essa proposta, acabei
por escrever o mês inteiro. Virou diário, minha terapia preferida. Escrevo como libertação, não
como quem lapida sentimentos. Tendo à repetição, numa tentativa de autoconhecimento, de
elaboração. Assim como numa sessão de análise, “repetir, repetir – até ficar diferente” *.

Curioso notar, por exemplo, que a tão insistente palavra “latente” se mostrou bem aparente nesse livro/diário num paradoxo um tanto enigmático, um tanto revelador. Aliás, muito do que ali foi escrito, hoje já é diferente, já deixou de ser mistério. O “se” realizou-se, já virou um novo “se”.

Compartilhar o que sinto com um leitor imaginário sempre me fascinou. Isso de escrever sem pretensão, pra um alguém que não conheço, me acalma, embora também sinta um outro ser, como um duplo que me zomba, tira sarro de mim. Será minha própria sombra? Aquele gêmeo mau, o outro que habita em mim?

Ao longo dos escritos, cometi algumas gafes, eu sei, mas se o diário é meu analista, é só no ato-falho
que vou conseguindo ser mais verdadeira. Insisti na canção do Tim Maia que “só viver é que é
viver”, pois bem, acho que essa frase aparentemente simples e óbvia, na verdade revela o
angustiante e complexo fato de estar vivo. O outro que habita em mim é um juiz que vive a me
julgar, me matando aos poucos, mas o lançamento deste livro foi meu triunfo: venci quem mais me
desestimulou e então pude viver a alegria de publicar esses escritos. A vida é como se equilibrar por
uma corda. Cai de um lado, levanta, cai do outro, levanta mais uma vez. Escrever para adultos me
fez cair várias vezes. E foi cada tombo! E a cada vez que eu estava no chão, o juiz aparecia
insistentemente a me desassossegar: “Como escrever para adultos se você só sabe escrever para
crianças?” Pois então me levantei todas as vezes e decidi: vou escrever um livro infantil para
adultos. E assim, aqui estou, em pé com meu livro. Com palavras simples. Com desenho. Com a
espontaneidade tão profunda das crianças.”

* Frase de Manoel de Barros

A corda

‘A corda’, definido pela autora como um livro-diário, que carrega componentes lúdicos a fim de encantar os leitores mais crescidos, é uma obra publicada de maneira independente, tem design gráfico e ilustrações assinados pela sorocabana Eliete Della Viola, que,  para este trabalho, desenvolveu as ilustrações em monotipia usando corda de sisal.

Com formato sanfonado, que se esticado ultrapassa mais sete metros de cumprimento, o livro possui status de livro-objeto, na medida em que convida o leitor a interagir (ou brincar) com as suas páginas.

A obra percorre inquietações acerca de temas como morte, vida, amizade, escrita e liberdade.

Em virtude da pandemia, o livro ainda não ganhou eventos presenciais para promover o lançamento, mas pode ser adquirido diretamente com a autora pelos seguintes contatos:

e-meio: thaismorello@yahoo.com.br

instagram: @thaismorello

Facebook: Thais Laham Morello

Sergio Diniz da Costa
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