Pulsar e renascer
Não pude me reencontrar nesta cama! Isolada, triste, perdida na imensidão de sensações! O imaginário me fez menina, e como criança eu chorava por não me pertencer. O que será de mim, agora? A realidade é um amontoado de fatos sórdidos. Nem sempre chove, mas a sensação molha o meu coração de lata. A lata é amassada por mim, somente por mim e por mais ninguém. Eu saboto minha essência, e quero me desprender das algemas do pulsar. Pulso firme, diz a mente. Cama quente, clama tal lata. Oras, mas essa lata é um tiroteio do sentimento!
Mais uma tarde, e eu não levanto. E outra, outra e mais lágrimas crescem na raiz do pulsar! O que será que o renascer me diria no fim do dia? Diria, então, que é a hora da leveza nascer. A lata é o lixo do passado, o agora é a dádiva do presente. Sou o reencontro da luta, e me encaro no espelho da existência. A mulher apaixonada pela vida, nem sempre na euforia dos dizeres, mas dona das palavras vivas. O normal me é dispensável, porque é inexistente.
Finalmente, se existe o céu lá fora, meu peito descansa aqui dentro! Estou, e o que é estar? As sensações se dissipam, e meu sorriso se transforma no retrato mais belo do sopro, sopro de alegria! Felicidade pode ser um momento, e eu sou o ato. A cama? Existe. O meu olhar? É vívido. Meu gesto de plenitude volta, e o ser disse adeus ao lamentar. O pulsar ainda existe, e me resta aceitar. Não sou tinta, não sou lata, tampouco objeto! Sou a humana à flor da pele, sou choro e riso, sou verso livre.
Letícia Mariana
leticiamariana2017@gmail.com
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Letícia Mariana é escritora com 5 livros publicados, palestrante, criadora de conteúdo, estudante e jornalista em formação. Diagnosticada com autismo nível 1 de suporte e ativista na causa autista. Já debateu em rádios cariocas e participou de encontros virtuais internacionais.