Virtudes de Zilda Arns – beatificação
Era uma vez um anjo chamado Zilda Arns Neumann, nascida em 25 de agosto de 1934 no sul do estado de Santa Catarina. Descendente de uma numerosa família de imigrantes alemães, passou a infância na cidade de Forquilhinhas/SC, depois formou-se médica pediatra e sanitarista no Paraná.
Zilda Arns, uma mulher destemida e iluminada que mudou a minha vida e a de muitas pessoas. A missionária deixou-nos como legado o respeito, o amor ao próximo, a resiliência, a fé e a ciência, mostrou-nos que ambas podem caminhar juntas, pois, segundo suas palavras: “É a solidariedade e a fraternidade aquilo de que o mundo precisa mais para sobreviver e encontrar o caminho da paz”.
Irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Emérito de São Paulo, Dra. Zilda, carinhosamente chamada, foi Fundadora e Coordenadora Nacional e Internacional da Pastoral da Criança e Fundadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa.
Tudo começou em 1983, devido ao alto o índice de óbito infantil. Em uma reunião na Suíça sobre a paz mundial promovida pela ONU o diretor do UNICEF da época, James Grant, solicitou à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) que a igreja realizasse algo para diminuir a alta taxa de mortalidade infantil no Brasil.
Zilda Arns com larga experiência em saúde pública e atuação em hospitais, foi convidada para realizar um projeto-piloto com objetivo de salvar vidas. O município escolhido foi Florestópolis em Londrina, estado do Paraná, uma região precária de trabalhadores boias-frias, cortadores de cana-de-açúcar. O plano iniciou com apoio de voluntários da própria comunidade, capacitados através de cartilhas por ela elaboradas.
Fundamentado na mística cristã que une a fé à vida, o trabalho consistia em visitar e acompanhar as famílias nas ações básicas de saúde, nutrição e cidadania; promover o desenvolvimento integral das crianças desde a concepção aos seis anos de idade, ajudando a reduzir a desnutrição, a mortalidade infantil, e ainda promover a paz e a justiça social. O projeto foi um sucesso, marcou história pela considerada redução da mortalidade infantil naquela comunidade e recebeu o nome de Pastoral da Criança.
Com o êxito obtido Dra. Zilda expandiu-o para outras paróquias. Difundiu ações de caridade que reverbera em milhares de comunidades carentes pelo Brasil afora e em outras culturas, povos e nações da América Latina, Central, África e Ásia.
No Brasil, estima-se que aproximadamente dois milhões de crianças e gestantes sejam acompanhadas todos os meses por um batalhão de voluntários em comunidades de maior vulnerabilidade social. Dra. Zilda, ao encontrar-se com autoridades ensinava: “Estou convencida de que a solução da maioria dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais, com a eliminação da corrupção, a promoção da justiça social, o acesso à saúde e à educação de qualidade, ajuda mútua financeira e técnica entre as nações, para a preservação e restauração do meio ambiente…”
Zilda Arns e a Pastoral da Criança foram três vezes indicadas ao Prêmio Nobel da Paz. Exemplo de mulher empoderada, recebeu prêmios nacionais e internacionais, menções especiais e títulos de cidadã honorária dentro e fora do país. Deu sua vida em missão humanitária, vítimada no devastador terremoto em Porto Príncipe, Haiti, em 12 de janeiro de 2010, aos 74 anos de idade. Na ocasião proferia palestra na Conferência Nacional dos Religiosos do Caribe, numa igreja, para várias autoridades sobre a necessidade de cuidar das crianças. No parágrafo final de sua última palestra no Haiti ressaltou esse cuidado com a seguinte frase: “Como os pássaros que cuidam dos seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe dos predadores, das ameaças e dos perigos e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito aos seus direitos e protegê-los”.
O ‘Museu da Vida’ localizado em Curitiba guarda seu legado e recebe milhares de visitantes todos os anos principalmente das lideranças comunitárias da Pastoral da Criança e da Pessoa Idosa. No dia 10 de janeiro de 2015, cinco anos após sua morte, mais de 200 mil assinaturas foram entregues à Arquidiocese de Curitiba durante a “Celebração Dra. Zilda Vida plena para todas as crianças”. As assinaturas fazem parte da moção de apoio, solicitando o reconhecimento, pela Igreja, de sua vida e trabalho, e o pedido para abertura do processo de beatificação Zilda Arns Neumann.
Pelo trabalho social, força e coragem desse ‘anjo de devoção’ que por solidariedade deu sua vida, serei eternamente grata, pois também sou uma líder da Pastoral da Criança e orgulho-me de Zilda Arns Neumann ser minha patrona na cadeira 24 da Academia de Letras de Palhoça, minha cidade
Fonte:https://www.pastoraldacrianca.org.br
Livro: Tributo a Zilda Arns da autora, colunista e historiadora : Neusa Bernado Coelho
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Natural de Palhoça/ SC, Neusa Bernado Coelho é farmacêutica, poetisa e historiadora. Atua no Conselho dos Direitos da Mulher e na ONG Pastoral da Criança. Procuradora dos Idosos e tesoureira na Ação Social Paroquial Senhor Bom Jesus de Nazaré. Publicou em 2016 dois livros de Poesias: ‘Além da Imaginação – Família e Amigos’ e ‘Palhoça e Natureza’; em 2019 ‘Tributo a Zilda Arns’ e Organizadora do Livro Infantil ‘A Fadinha Maricela’ das netas Elisa e Sofia, escritoras mirins. Coautora de aproximadamente 60 Antologias. Membra de várias academias nacionais e internacionais: ALBSC de Águas Mornas; Secretária na ALP- Academia de Letras de Palhoça; membra da AJEB (Ass. de jornalistas e escritoras Brasil/SC); Literarte; Luminescense; Cultive Art Littérature Solidarité; N.A.L.A.P; FEBACLA, com o título nobiliárquico de Marquesa; Embaixadora Imortal da Paz pela OMDDH; cofundadora da ABARS. Colunista na Revista Mágico de Oz, Cultive e no Portal on-line cidade de Palhoça: https://portalpalhoca.com.br/coluna/historia-em-foco-com-neusa-coelho/hercilio-pedro-da-luz.