novembro 22, 2024
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No Quadro de Colunistas do ROL, a flauta literária de Paulo Siuves!

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Paulo Siuves

Para Paulo Siuves, a tela é uma Pauta onde redige textos, feitos notas musicais!

Paulo Siuves, natural de Contagem/MG, é escritor, poeta, músico e guarda municipal, atuando na Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte como Flautista.

É graduado em Estudos Literários pela Faculdade de Letras (FALE) da UFMG e presidente da Academia Mineira de Belas Artes (AMBA).

Publicou os livros ‘O Oráculo de Greg Hobsbawn’ (2011), pela editora CBJE, e ‘Soneto e Canções’ (2020), pela Ramos Editora. Além desses, publicou contos e poemas em mais de cinquenta antologias no Brasil e no exterior.

Abaixo, sua primeira contribuição ROLiana, a crônica ‘As roupas que usamos’, por meio da qual  questiona se vale (ou não) a pena guardar roupas novas para ocasiões especiais:

AS ROUPAS QUE USAMOS

Estou triste! Enterrei minha prima. 84 anos, pegou COVID-19 e foi internada, fizeram um excelente trabalho contra o vírus, mas, ela foi infectada com outro problema e teve infecção hospitalar. Faleceu e, como é praxe nesse período pandêmico, foi enterrada com direito a somente dez espectadores. Havia quatro pessoas e eu, de luto, vestia preto. Fiquei pensando em quanto tempo as pessoas guardam roupas para ocasiões especiais. Minha camisa preta não estava guardada para ser usada em velórios. É uma camisa preta comum, com uma calça preta comum que uso no dia a dia.

Domingo, dez da noite. Minha esposa pergunta se eu li alguma coluna que fale sobre “roupas guardadas para ocasião”! Fiquei esperando-a explicar a pergunta pra saber se eu deveria ter lido e passei despercebido pela matéria sugerida e, que alívio, não é uma coluna que eu leio com certa frequência. Carpinejar escreve bem, mas, não é uma coluna que eu leio com frequência. Ela, minha esposa, disse que as roupas não devem ser guardadas para usar em especial situação, vai que a melhor situação é exatamente o nosso velório.

Eu costumo usar tudo o que ganho imediatamente. Ganhei um incensário charmoso, comprei incenso e botei pra queimar sob protestos da minha filha. Uso tudo o que ganho na primeira oportunidade. Aprendi com minha mãe e com minha prima que acabo de entregar ao pó. Vai que ganho uma camisa e a melhor oportunidade de uso seja no meu funeral, ladeado por quatro pessoas que farão orações e depositarão meu corpo na vala aberta pra me receber!?!

Paulo Siuves

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Sergio Diniz da Costa
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