Matéria de autoria de Orlando Pinheiro – quinta-feira, 05 de agosto de 2010, 18:02
Fala-se tanto em turismo nos últimos tempos com aproveitamento de locais com capacidade de atrair pessoas interessadas na nossa uva, na paisagem paradisíaca entre parreirais, e para isso tem se elaborado estudos visando chegar num denominador comum pensando na exploração dessa fatia, até então encoberta pelo desinteresse de gerações de prefeitos e vereadores que fizeram a história do município até aqui.
Para muitos políticos naquele tempo, o investimento em turismo era prejuízo, pois não havia retorno em forma de voto. Assim, dessa maneira, bem mais de trinta anos se passaram e o município não tinha nem estradas suficientes para explorar um pedaço de chão que fosse. Era uma cidade distante de tudo e de todos.
Nestes tempos, quando muito se fala em turismo ecológico, buscando nos arquivos uma matéria escrita por nós há alguns anos no Diário de Sorocaba, sugeríamos às cabeças pensantes e aos administradores da época a utilização da velha casa da torre de repetição no alto da estrada da Santa Cruz que a época servia até de motel, pois outro imóvel maior havia sido construído para uma nova torre bem próximo do antigo local. Não há como negar que o alto da estrada de Santa Cruz é o lugar mais bonito da cidade, tanto de dia, quanto de noite. Do ponto onde ficava a velha torre de repetição de TV dá para enxergar os recantos da Serra da Paranapiacaba. À noite, as luzes da cidade são como um braseiro estendido no escuro. Entretanto, até agora ninguém pensou em fazer uso daquele lugar como um mirante, colocando para os turistas um quiosque ainda que simples, mas que servisse para o turista curtir uma cerveja, um violão e porque não o vinho da terra, tendo a cidade aos seus pés.
Poderia ser erguido naquele lugar nada que custasse muito aos cofres públicos. Alguma coisa semelhante àquilo que foi montado na Lagoa do Guapé, com cercas rústicas feito divisórias para observadores munidos de binóculos e máquinas fotográficas. A idéia não é nova. Nem tampouco aquele local que era visitado por namorados de todas as épocas, provavelmente desejosos em admirar a cidade lá do alto. No anseio de transformar a terra das uvas finas num centro turístico, porque ninguém ainda não se lembrou do aproveitamento daquele local para essa finalidade? Atualmente, envolvidos na onda dos vinhos artesanais, poderia até ser pensado em construir naquele local uma espécie de adega rústica em estilo italiano.
O alto da estrada de Santa Cruz dos Matos foi medido na época do prefeito Francisco Fogaça de Almeida, o Cirico, como o ponto mais alto para a colocar a antena de repetição do canal 13, a TV Bandeirantes. Era o único sinal captado por aqui. A TV Globo nem sequer existia. Mesmo quem não possuía um aparelho de televisão gostava de ver todas as noites aquela lâmpada, feita uma estrela vermelha pendurada no céu. O responsável pelos retransmissores era o técnico Ademar Marino, o qual cuidou da implantação dos demais canais até a gestão do Zaga quando a antena da estação retransmissora foi erguida no bairro do Brejauva, sob cuidado do técnico Ari Frutuoso.
Antena de retransmissão de TV ou não, é hora dos aficionados ao turismo principiarem a olhar para o alto daquele morro com outros olhos. Olhos de futuro. O saudoso vice prefeito Cassiano Vieira morreu acalentando a idéia de erguer ali a estátua de um Cristo Redentor. Tudo bem para a época. Mas como é preciso tirar a cidade do ostracismo, um recanto bucólico com muita música e comida boa poderá ser o aperitivo de outras atrações turísticas que ainda estão por vir. E o mais importante: por um baixo custo.
e-mail: orlando-leme@ig.com.br
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.