Hoje publicamos um artigo de um novo colaborador do ROL, o leitor Alexandre Mendes, de Capão Bonito
Alexandre Mendes é Pedagogo pela Universidade de Santo Amaro/SP, licenciado em Artes Visuais pela Faculdade Mozarteum/SP, ator pelo Conservatório Musical e Dramático ‘Dr. Carlos de Campos’, Tatuí, graduando em Psicopedagogia Clínica pela Faculdade da Aldeia de Carapicuíba/SP e Presidente do Conselho Municipal de Cultura de Capão Bonito-COMCULT.
Formação na área artístico-cultural da nossa região
Nossa região é berço e celeiro de grandes músicos, bailarinas clássicas, dançarinos de Hip Hop, atores, escultores, pintores, grafiteiros e tantos outros artistas e fazedores de cultura, e com uma demanda extensa, tem enfrentado um dilema na área cultural: formação técnica ou universitária.
Tendo o município crescimento a cada ano e uma estimativa de vida prolongada do capão bonitense, segundo pesquisas recentes, esse resultados do desenvolvimento, focamos então no jovem, uma demanda da sociedade a cada ano expressiva, que finaliza a escola regular e está há um passo da profissionalização. Muitos desses jovens, politizados, “antenados com o mundo”, críticos, construtores de sua própria história e proprietários de sonhos profissionais, que vão contra os ofícios tradicionais como: advocacia, pedreiro, lavrador, professor, doméstica e entre outros, os quais tantas vezes são impostos por seus familiares, como meio seguro de sobrevivência e retorno financeiro.
Esses jovens oriundos do novo estilo de escolas democráticas iniciado no século XX, onde existem tentativas de introdução de aulas, programas e subsídios de Arte e Cultura, como mecanismo de desenvolvimento social, humano e cultural, trazem vivências amadoras nas diversas áreas de Arte e Cultura, restritas aos portões, refeitórios e pátios em datas comemorativas nas escolas, festas religiosas e eventos municipais.
Muitos alimentam, sonham e almejam (ás vezes em vão), criar grupos e fomentos de culturais em suas comunidades e por vezes saturam o comércio em busca de patrocínios, outros pesquisam e estudam pela internet, e existem ainda, aqueles que com poucos ou quase nenhum recursos financeiros, se arriscam em participar de cursos e workshops em cidades distantes, estas vivências, em grande parte duvidosa, produzem relatos sobre jovens que pousaram em praças e arredores dos locais dos eventos de formação em dança, teatro, música entre outros, em busca de conhecimento, movidos por acreditarem na profissionalização. A FORMAÇÃO PROFISSIONAL OU TÉCNICA, não encontrada, destrói e frustra toda uma geração de futuros profissionais da área de arte, cultura e entretenimento.
As escolas e academias locais não oferecem a DRT (Registro em Carteira autorizado pelos seus respectivos sindicatos) e nem o diploma reconhecido pelo MEC, muitas vezes seus conteúdos são insuficientes para o mercado de trabalho. Os locais próximos de nosso município, para o estudo, da está a quilômetros de distância em cidades como Sorocaba, Tatuí, Itapetininga e Bauru, grande parte dos jovens não tem incentivo financeiro e seus familiares quando apoiam, quase sempre não tem condições de custear os estudos, moradia e demais gastos oriundos.
Os artistas em nossa cidade não se restringem ao centro, e alcançam os bairros campesinos. Havendo registros de manifestações culturais oriundas dos tempos dos tropeiros.
Sem seu resgate cultural e valorização da memória, estão a mercê de desaparecerem junto com seus últimos guardiões.
É necessária a presença de cursos técnicos e de formação cultural e artística que fomentem os sonhos, a memória, produção cultural e realidades de toda uma nova geração voltada para o futuro, o conhecimento, o diálogo cultural e desenvolvimento integral do ser humano.
Os textos que a cidade apenas tem demanda humana para cursos: empresariais, tecnológicos e administrativos estão equivocados e ultrapassados, não representam a total realidade das comunidades e população em geral.
Estive visitando alguns grupos e pesquisando sobre o interesse dos jovens, caso houvesse cursos técnicos culturais na cidade e me surpreendi ao ver: uma jovem chorar na possibilidade de isso ocorrer. Demonstrando com esse gesto um desespero velado enquanto: necessidade de formação.
Talvez reunir essa geração que já está a alguns anos lutando por melhorias educacionais e ouvi-los possa trazer luz aos anseios de nossos passados, presentes e futuros artistas.
Vemos uma geração chamada de “Y”, que pretendem e já estão em busca de sua verdadeira profissão, em outros municípios e capitais, pois o jovem “Y” não quer mais aquela área, que “tem” ou “querem” que ele faça, mas sim uma que se identifique, onde haja significado em sua vida e que possa ser feliz atuando. E é esse jovem que guardará as lembranças, memórias e histórias do hoje de nossa cidade, para que a cultura de nosso povo não se perda no tempo e espaço. Um povo sem cultura é como um povo que nunca existiu.
Por Alexandre Mendes
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.