
Henry James – A volta do parafuso nas páginas da sétima arte
“𝚆𝚎 𝚕𝚊𝚢 𝚖𝚢 𝚕𝚘𝚟𝚎 𝚊𝚗𝚍 𝙸, 𝚋𝚎𝚗𝚎𝚊𝚝𝚑 𝚝𝚑𝚎 𝚠𝚎𝚎𝚙𝚒𝚗𝚐 𝚠𝚒𝚕𝚕𝚘𝚠…” 𝚃𝚑𝚎 𝙺𝚒𝚗𝚐𝚜𝚝𝚘𝚗 𝚃𝚛𝚒𝚘.
Com o notável sucesso do seriado A Maldição da Mansão Bly, no ano passado, adaptação do romance A Volta do Parafuso, de Henry James (1843 -1916), publicado pela primeira vez em 1898, houve uma redescoberta da clássica história dos irmãos órfãos, tutoriados por seu tio, e a nova governanta enviada para cuidar de sua educação em uma propriedade no interior da Inglaterra. A série, livremente adaptada vem despertando opiniões diversas, alguns espectadores suando frio de medo; outros, transmudando a salinidade da sudorese para as lágrimas de emoção, atestando não se tratar de uma história de horror, mas de amor, ao revés do rotulada concepção original da novela de fantasmagórica do autor americano naturalizado britânico.
Na trama, a governanta se depara com as gentis crianças Miles e Flora, que no desenrolar da trama, supostamente são assombrados pelos antigos empregados, Peter Quint e Miss Jessel, num clima de tensão constante, não raro, contrastante a realidade com um tom onírico, que traz uma aura especial a qualquer conto de casas mal assombradas. A temática em série já havia revestindo-se de considerável sucesso com a temporada baseada no livro de Shirley Jackson, A Maldição da Casa da Colina, que deu origem à Maldição da Residência Hill, a qual contou com um elenco de peso como Timothy Hutton e Carla Gugino, que também estrela e brilha em Bly.
A celebrada história de Henry James – também dramaturgo, contista e articulista – já havia saído das páginas para a tela na produção britânica “Os Inocentes” (The innocents), de 1961, com uma interpretação intensa de Deborah Kerr, e roteirizado por ninguém menos do que Truman Capote, autor do clássico romance reportagem À Sangue Frio. Existe uma “versão dos eventos” poucos mencionada mas extremamente peculiar, com o filme Os que Chegam com a Noite (The Nightcomers), lançado em 1971, também de origem britânica, tratando-se de um prequel à Volta do Parafuso, retratando a intensa e doentia relação entre Quint (Marlon Brando) e Jessel (Stephanie Beacham), quando ainda errantes pelo mundo, em carne e osso.
Entre uma adaptação e outra, inclusive para a televisão como The Turn of the Screw de 1974 para a BBC, algumas não tão dignas de nota como A Outra Volta do Parafuso (1999), Lugares Escuros, (2006) e Os Órfãos, (2020). Houve até mesmo uma versão brasileira intitulada Através da Sombra, (2015), com Virgínia Cavendish. A versão de 2015 foi em exibida na Mostra “Macabro”, em uma parceria Darkflix e CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil, com produções do terror nacional, em homenagem ao recentemente falecido José Mojica Marins, o eterno Zé do Caixão, ou Coffin Joe, como era conhecido e devidamente valorizado nas terras de Shakespeare.
De toda forma, a história imortal de Henry James será para sempre uma referência, seja para o horror metafísico ou psicológico; à obviedade, imperioso indagar: ambos são dissociáveis? Confira, revisite, reinvente essa obra prima da literatura em suas diversas facetas em movimento.
Marcus Hemerly
marcushemerly@gmail.com
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Nasceu em Cachoeiro de Itapemirim/ES, em 1989. Formado em Direito, é servidor do Poder Judiciário do Estado do Espírito Santo. Autor da obra “Verso e Prosa: Excertos de Acertos”, originalmente publicada em formato físico, coautor em antologias poéticas e de contos. Membro de Academias Literárias, recebeu prêmios e comendas, tais como: “Prêmio Monteiro Lobato”, “Prêmio Cidade de São Pedro da Aldeia de Literatura”, “Grande Prêmio Internacional de Literatura Machado de Assis”, “Medalha Patrono das Letras e das Ciências, Dom Pedro II”, “Medalha Notório Saber Cultura” e foi um dos vencedores do concurso internacional de poesias “Covid Times Poetry” promovido pela ONG “WHD – World Humanitarian Drive”. Foi agraciado com o Título de Doutor Honoris Causa em Literatura, pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Históricos e Filosóficos, com a Comenda Olavo Bilac Príncipe dos Poetas, pela Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes (FEBACLA), o título de Cavaleiro Comendador da Ordem de Gotland, pela Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente, dentre outras honrarias. É colunista de cinema e literatura, contribuindo para sites e jornais eletrônicos






