A canção dos apaixonados
Eu canto uma música indecente
Um solo onde seu corpo vibra.
Rufando tambores no peito,
arfando madrugadas adentro.
Plagio delírios inexprimíveis,
recrio frases desconexas
especialmente para a sua voz.
Gravo as notas, os acordes perfeitos,
toco tríades consonantes
destoando do primeiro compasso.
O ritmo muda devagar e compassadamente
num crescendo “pianíssimo”.
Seu corpo é o meu instrumento,
que prazer tocar, deliciar-me,
equalizar-me nas suas trilhas
numa frequência gravada no inconsciente.
Cante essa canção só para mim,
Seu canto é suave, sua voz plangente,
eu me encanto com você.
Faça um solo com as dissonantes encontradas pelo tempo,
e, a cada compasso, meu corpo estremece.
O som ao redor nos envolve, tudo é música de amar,
do rangido triunfal das molas do colchão
ao descompasso do ritmo da nossa respiração.
À cada batida meu corpo estremece
e na sequência da escala bem definida
executamos o “grand finale”
da melodia da vida, a canção dos apaixonados.
Paulo Siuves
paulosiuves@yahoo.com.br
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Natural de Contagem/MG, é escritor, poeta, músico e guarda municipal, atuando na Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte como Flautista. É graduado em Estudos Literários pela Faculdade de Letras (FALE) da UFMG. Publicou os livros ‘O Oráculo de Greg Hobsbawn’ (2011), pela editora CBJE, e ‘Soneto e Canções’ (2020), pela Ramos Editora. Além desses, publicou contos e poemas em mais de cinquenta antologias no Brasil e no exterior.