
Máscaras e cegueira botânica

Caros amigos leitores, estava eu hoje fazendo a minha caminhada vespertina quando, ao longo do trajeto, vi várias máscaras para isolamento respiratório descartadas no chão. Como se não bastassem todas as utilidades e, principalmente, as futilidades deste mundo consumista descartadas nas ruas, nos rios, enfim, nos lugares impróprios, agora temos que lidar com mais esse problema em nossas vidas. Vim a refletir “sendo a máscara um equipamento para nos proteger contra doenças respiratórias, como podem utilizá-la como meio de poluição? Quanta contrariedade!” E o que pude constatar é que o Homo sapiens tem muito ainda que aprender sobre sapiência.
Observei os transeuntes a correrem para suas casas após um dia exaustivo de labuta sem que ao menos percebessem ou retirassem aquelas máscaras do chão. Estas eram tratadas com indiferença, eram pisoteadas pelas mães a buscarem seus filhos na escola, pelo homem e seu cão a brincarem com uma bola na calçada, eram atropeladas pelas bicicletas dos jovens que não viam a hora de retornarem aos seus lares, eram invisíveis aos olhos humanos como se fossem organismos microscópicos e inofensivos.
Coletei uma dessas máscaras descartada numa área verde e sob ela estava uma flor, uma moreia branca. Logo percebi que o caminho poderia ser muito mais belo se não ocultassem a natureza debaixo dos descartes inadequados daquilo que se consome ou que oferece proteção. A flor parecia sufocada com o ato humano e, não fosse minha intervenção, poderia perecer ali, sem que a humanidade vislumbrasse a sua beleza. Mas uma fração da humanidade também está tão acostumada com a selva de concreto que desenvolveu a cegueira botânica, a incapacidade de perceber as plantas no ambiente e isso é preocupante!
Termino mais uma caminhada. O dia está se despedindo. Lá fora eu sei que uma flor se desenvolve sob o relento; já a temida máscara que a sufocava rumou para o seu destino correto: uma caçamba de lixo. E que a humanidade cega se lembre disso!
Márcio Castilho
e-mail: marciocastilho74@outlook.com
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola – NALA, e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre vários titulos: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos, Pesquisador em Artes e Literatura; Pela Academia de Letras de São Pedro da Aldeia, o Título Imortal Monumento Cultural e Título Honra Acadêmica, pela categoria Cultura Nacional e Belas Artes; Prêmio Cidadão de Ouro 2024, concedido por Laude Kämpos. Pelo Movimento Cultivista Brasileiro, o Prêmio Incentivador da Arte e da Cultura,

