Primeiro longa de Carolina Markowicz, protagonizado por Maeve Jinkings, aborda a hipocrisia e os absurdos do Brasil contemporâneo
Premiada curta-metragista Carolina Markowicz exibirá seu primeiro longa, CARVÃO, na principal mostra do Festival Internacional de Cinema Toronto, que acontece entre 8 e 18 de setembro. O filme terá sua première mundial num dos eventos cinematográficos mais importantes do mundo. Protagonizado por Maeve Jinkings, traz no elenco ainda Romulo Braga, Camila Márdila, Aline Marta e o argentino César Bordón (“Relatos Selvagens”), e será lançado nos cinemas pela Pandora Filmes, com previsão de estreia para o primeiro trimestre de 2023.
A exibição do filme na Competição Oficial – Platform marca a volta da cineasta ao Festival de Toronto, no qual já exibiu três curtas: “O órfão”(2018), “Namoro à distância” (2017) e “Edifício Tatuapé Mahal” (2014). Além disso, ela também participou do TIFF Filmmaker Lab, em 2015.
Carolina, que também assina o roteiro do longa, conta que o desejo de fazer o filme veio da angústia de ver o Brasil a cada dia mais imune aos absurdos. “Ouvimos nosso presidente dizer que preferiria ter um filho morto a um filho gay. Ouvimos o executivo da maior seguradora de saúde dizer que foram orientados por seus CEOs a deixar as pessoas morrerem durante a pandemia porque ‘morte é alta hospitalar’.”
No filme, Maeve interpreta Irene que, com seu marido, Jairo (Romulo Braga), tem uma pequena carvoaria no quintal de casa. Eles têm um filho pequeno, Jean (Jean Costa), e o pai dela não sai mais da cama, não fala, não ouve.
A família recebe uma proposta rentosa, mas também perigosa: hospedar um desconhecido em sua casa, numa pequena cidade no interior. Antes mesmo da chegada dele, no entanto, arranjos precisarão ser feitos, e a vida em família começa a se transformar – nem sempre para melhor.
O filme foi rodado em Joanópolis, interior de São Paulo, uma cidade próxima à qual a diretora cresceu, e ela confessa conhecer bem esse ambiente rural e retrógrado. “Lá, vivenciei tudo o que uma pequena cidade conservadora pode oferecer: pessoas cuidando da vida umas das outras, famílias unidas pelo fato de que “a família deve ficar unida”, casamentos onde os casais quase se odiavam (mas como é vergonhoso ser solteiro, vamos manter o status quo!). E claro: você pode ser um assassino, mas por favor não seja gay.”
Carolina passou, então, a prestar atenção nesse mundo ao seu redor, notando coisas que acabou trazendo para o filme. “Esse ambiente bucólico, mas ao mesmo tempo agitado, fez de mim uma observadora da natureza humana no seu melhor e no seu pior. E também uma admiradora de um senso de humor áspero, áspero e ácido, capaz de retratar todos os maiores desastres humanos e idiossincrasias de uma maneira bastante estranha.”
CARVÃO surge então da sua tentativa de “entender como a violência, religião e hipocrisia tomaram conta de nossas vidas e corpos de uma forma que nem percebemos mais.”
Sinopse
Numa pequena cidade do interior, uma família recebe uma proposta rentosa, mas também perigosa: hospedar um desconhecido em sua casa. Antes mesmo da chegada dele, no entanto, arranjos precisarão ser feitos, e a vida em família começa a se transformar. Porém, nenhum dos familiares, e muito menos o próprio hóspede, vê suas expectativas cumpridas.
“Carvão” é um retrato ácido de um Brasil onde impera a naturalização do absurdo.
Ficha Técnica
Diretora: Carolina Markowicz
Roteirista: Carolina Markowicz
Produtora: Zita Carvalhosa
Coprodutores: Karen Castanho, Alejandro Israel
Elenco: Maeve Jinkings, César Bordón, Jean Costa, Camila Márdila, Romulo Braga, Pedro Wagner, Aline Marta
Fotografia: Pepe Mendes
Edição: Lautaro Colace
Música: Filipe Derado e Alejandro Kauderer
Edição de Som: Diego Martinez/Filipe Derado
Direção de Arte: Marines Mencio/Natalia Krieger
Figurino: Gabi Pinesso
Sobre Carolina Markowicz
Carolina é roteirista e diretora radicada em São Paulo. Ela escreveu e dirigiu 6 curtas-metragens selecionados para cerca de 300 festivais como Cannes, Locarno, Toronto, SXSW, AFI e foi premiada mais de 70 vezes.
O “Orfão” é o curta-metragem mais reconhecido de sua carreira. Estreou na Quinzena dos Realizadores – Cannes e foi o vencedor do Queer Palm, sendo o primeiro filme brasileiro a ganhar este prêmio. “Tatuapé Mahal” representou outro destaque em sua carreira. Estreou no TIFF – Toronto Intl’ Film Festival em 2014, onde Carolina foi considerada uma das “cinco cineastas a serem observadas” pelo curador Shane Smith. Após seu lançamento online, foi incluído entre os Melhores do Ano do Vimeo Staff Picks 2017.
Carolina foi uma das 10 cineastas emergentes convidadas a fazer parte do TIFF Talent Lab. Ela também foi selecionada para o Berlinale Talents e para a Locarno Filmmakers Academy, onde fez parte de uma seleção no Indiewire que apresentou “Alguns dos novos cineastas mais emocionantes do mundo”.
Em 2019, foi convidada a fazer parte da SEE Factory, na qual co-escreveu e co-dirigiu o curta-metragem “Spit”, exibido no dia de abertura da Quinzena dos Realizadores – Cannes 2019.
Carolina também é co-criadora da série Netflix “Nobody is Looking”, vencedora do Emmy Internacional 2020.
Em 2021, Carolina foi convidada para ser membro da AMPAS, a Academia responsável pelo Oscar.
Atualmente está na pós-produção de seus dois longas-metragens “Carvão”, e “Pedágio” em pós-produção.
Sobre a Pandora Filmes
A Pandora é uma distribuidora de filmes independentes que há 30 anos busca ampliar os horizontes da distribuição de filmes no Brasil revelando nomes outrora desconhecidos no país, como Krzysztof Kieślowski, Theo Angelopoulos e Wong Kar-Wai, e relançando clássicos memoráveis em cópias restauradas, de diretores como Federico Fellini, Ingmar Bergman e Billy Wilder. Sempre acompanhando as novas tendências do cinema mundial, os lançamentos recentes incluem “O Apartamento”, de Asghar Farhadi, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro; e os vencedores da Palma de Ouro de Cannes: “The Square – A Arte da Discórdia”, de Ruben Östlund e “Parasita”, de Bong Joon Ho.
Paralelamente aos filmes internacionais, a Pandora atua com o cinema brasileiro, lançando obras de diretores renomados e também de novos talentos, como Ruy Guerra, Edgard Navarro, Sérgio Bianchi, Beto Brant, Fernando Meirelles, Gustavo Galvão, Armando Praça, Helena Ignez, Tata Amaral, Anna Muylaert, Petra Costa, Pedro Serrano e Gabriela Amaral Almeida.
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Verônica Kelly Moreira Coelho, natural de Caratinga/ MG, é mais conhecida no meio cultural e acadêmico como Verônica Moreira. Autora dos livros ‘Jardim das Amoreiras’ e ‘Vekinha Em… O Mistério do Coco’. Baronesa da Augustissima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente. Acadêmica Internacional e Comendadora da FEBACLA – Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências Letras e Artes e Delegada Cultural. Acadêmica Correspondente da ACL- Academia Cruzeirense de Letras. Acadêmica da ACL- Academia Caxambuense de letras. Acadêmica Internacional da AILB. Acadêmica Efetiva da ACL- Academia Caratinguense de Letras. Acadêmica Fundadora da AICLAB e Diretora de Cultura. Embaixadora da paz pela OMDDH. Editora Setorial de Eventos e colunista do Jornal Cultural ROL e colunista da Revista Internacional The Bard. Coautora de várias antologias e coorganizadora das seguintes antologias: homenagem ao Bicentenário do romancista e filosofo russo Fiódor Dostoiévski, Tributo aos Grandes Nomes da Literatura Universal e Antologia ROLiana. Instagram: @baronesa.veronicamoreira